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“Temos que demonstrar mais respeito e cuidar de todas as espécies que convivem conosco”. Entrevista com Dave Goulson

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29 Agosto 2022

 

Dave Goulson (Shropshire, Inglaterra, 1965) pede perdão, caso a entrevista tenha sido muito pessimista, mas diz isso com um enorme sorriso no rosto. “Hoje, faz um sol esplêndido, ao menos para os padrões britânicos”, disse, de sua casa em Sussex. Isto o alegra, mas também o preocupa. O aumento das temperaturas é uma das principais ameaças às mamangavas, o inseto ao qual este cientista e divulgador dedicou sua carreira.

 

Seu principal objetivo é reintroduzir as mamangavas na ilha, após terem desaparecido por culpa de Hitler, conforme afirma Goulson. Conta o motivo em Una historia con aguijón (Capitán Swing, 2022), um divertido livro para aprender tudo sobre as mamangavas e sua importância para a saúde do planeta.

 

A entrevista é de Sandra Vicente, publicada por El Diario, 25-08-2022. A tradução é do Cepat.

 

Eis a entrevista.

 

O que Hitler tem a ver com as mamangavas?

 

Em consequência da guerra, o Reino Unido sofreu um tremendo isolamento e teve que industrializar muito rápido sua agricultura para alimentar a população. Passando da importação de alimentos da União Europeia à autossuficiência porque pagou subsídios às empresas para que explorassem cada centímetro de terra. E esta produção em grande escala de alimentos não teria sido possível sem o uso, também em grande escala, de agrotóxicos e fertilizantes.

 

A Segunda Guerra Mundial foi determinante para esses produtos químicos. Os nazistas descobriram substâncias que usaram para controlar a malária na Ásia e como veneno para matar inimigos. Quando o conflito terminou, perceberam que também eram usados para matar insetos, então começaram a comercializá-los.

 

Hitler está estreitamente ligado ao nascimento da agricultura industrial, que supõe eliminar campos de flores e usar inseticidas em grande escala. As duas coisas são terríveis para as abelhas. Então, sim, podemos dizer que Hitler foi o principal culpado de não existir mamangavas em certas regiões do Reino Unido.

 

Muitos cientistas nos alertam que o desaparecimento das abelhas e mamangavas seria fatal para o planeta. Por que são tão importantes?

 

Porque há muitos seres vivos que dependem delas. São polinizadoras e responsáveis pela reprodução de muitas plantas, como os tomates. Mas, apesar de sua importância climática e econômica, estamos eliminando o habitat em que se sentem acomodadas. Por causa do desenvolvimento da agricultura industrial, não restam flores e as que existem, muito possivelmente, estão contaminadas com agrotóxicos.

 

É preciso adicionar a tudo isso o aumento das temperaturas. As abelhas gostam do frio. De fato, no sul da Espanha restam muito poucas. A maioria mudou para as montanhas do norte.

 

Agora, a agricultura enfrenta um grande desafio devido à crise de grãos proveniente da guerra na Ucrânia. Quais são as opções para as abelhas?

 

Há um lobby muito poderoso que se beneficia do atual modelo de indústria agrícola que se encarrega, entre outras coisas, de transmitir uma mensagem errônea sobre a dificuldade de alimentar o mundo. Fizeram acreditarmos que há escassez de alimentos, mas não é verdade. Não há fome porque falta alimentos, mas porque existe quem não possa pagar por eles.

 

De fato, globalmente, produzimos o triplo do que precisamos. Um terço é desperdiçado e o outro terço é usado para alimentar o rebanho que alimentará os humanos. Assim, parte da crise dos grãos está baseada na necessidade de alimentar a pecuária. Se fôssemos mais eficientes, não dependeríamos do grão, nem usaríamos tantos pesticidas e fertilizantes.

 

Você é muito favorável à agricultura orgânica. Ela seria capaz de alimentar o mundo todo?

 

Sim, desde que enfrentemos o debate sobre o porquê queremos produzir alimentos. Se priorizarmos as frutas e verduras, em vez dos grãos, a permacultura, a agricultura orgânica, biodinâmica ou agroflorestal são opções sensacionais [modalidades que dispensam o uso de agrotóxicos e fertilizantes].

 

Costuma-se dizer que o mundo não pode ser alimentado com essas técnicas, mas a verdade é que elas poderiam produzir de 80% a 90% do que é gerado pela agricultura industrial. Se parássemos de jogar comida fora, seria mais do que o suficiente. E tudo isso com apenas 2% dos investimentos recebidos pela agricultura tradicional. Imagine o que conseguiríamos, caso investíssemos nela.

 

A agricultura orgânica é mais barata do que a industrial. Avalia que existe um nicho de oportunidade, com a inflação atual?

 

A verdade é que sim. A guerra na Ucrânia provocou, assim como a Segunda Guerra Mundial, um apelo à produção em grande escala para compensar a perda de grãos. Mas, por outro lado, vemos que os preços crescentes do petróleo e do gás afetam muito a indústria agrícola, que está tentando desesperadamente reduzir gastos.

 

E isso pode fazer com que algumas empresas dispensem fertilizantes e pesticidas. É muito possível que, de alguma forma, essa guerra de Putin acabe ajudando o meio ambiente, ainda que, no momento, esteja levando a agricultura para a direção errada.

 

Nós nos distanciamos muito das mamangavas...

 

Na verdade, não nos distanciamos tanto, tudo está muito conectado.

 

De onde vem o interesse por esses insetos?

 

De quando eu era jovem. Algumas crianças adoram trens ou dinossauros. Eu gostava de insetos. Inicialmente, queria trabalhar com borboletas, mas mudei de ideia quando vi as mamangavas voando ao redor de um canteiro de flores. Observei que evitavam algumas e fiquei curioso. Acabei passando cinco anos estudando-as para resolver aquele pequeno mistério e nunca mais parei. Percebi que as mamangavas são mais interessantes, inteligentes e complexas do que as borboletas, que são muito bonitas, mas muito estúpidas.

 

No livro, não trata as mamangavas como objetos de estudo, mas quase como personagens de um romance. Por que essa mudança de abordagem em relação aos estudos científicos?

 

Porque nós humanos tendemos a pensar que somos especiais e nos colocamos em um pedestal. Muitas pessoas veem a vida na terra como algo a nosso serviço e só valorizamos as abelhas porque nos dão mel. Contudo, qualquer criatura é maravilhosa e merece viver, mesmo que não faça nada de útil. Todas têm seus mundos pequeninos nos quais se emocionam, sentem dor, se relacionam, aprendem e evoluem.

 

Quando falamos de direitos dos animais, pensamos em cães, gatos, golfinhos, lobos..., mas não em insetos. Somos “racistas” com os animais?

 

Sim, somos! Existem tipos de animais. A maioria das pessoas não se importa em matar animais selvagens ou insetos. E isso é muito triste e é parte da razão pela qual estamos nesta crise climática.

 

Não podemos pensar que nós, seres humanos, somos os únicos que têm o direito de viver neste planeta, porque a maioria das espécies está aqui há mais tempo do que nós. Embora seja um exemplo um pouco bobo, mas ocorre o mesmo que no filme Independence Day.

 

Nós, humanos, somos os alienígenas?

 

Sim. Mas no filme ninguém tem a necessidade de explicar que os alienígenas são ruins. Chegam com suas naves e destroem tudo, ficam com tudo. Isso parece loucura para nós, mas há certas regiões do mundo onde as pessoas veem chegar escavadeiras para destruir suas casas, seu ambiente.

 

A humanidade é exatamente igual a esses alienígenas, mas não reconhecemos o que fazemos como algo nocivo. Temos que demonstrar mais respeito e cuidar de todas as espécies que convivem conosco. Só porque somos mais poderosos, não temos o direito de destruí-las.

 

Nos últimos 50 anos, a população de insetos diminuiu 70%. Você tenta reintroduzir as mamangavas no Reino Unido. Como está indo?

 

Mal [risos]. Falhamos redondamente. Conseguimos fazer com que algumas mamangavas ficassem, mas no final do livro, e lamento pelo spoiler, descrevo como saem voando no horizonte. Tentamos diversas vezes e em todas falhamos. O projeto é um completo fracasso, independente de quantas flores preciosas tenhamos plantado em benefício das abelhas. Agora, essas flores estão sendo desfrutadas por outras espécies.

 

Por causa da mudança do clima, pode acontecer que a espécie que era nativa do Reino Unido não se sinta mais cômoda lá?

 

Pode ser, embora esta espécie em particular deveria se encaixar no sul do Reino Unido. Mas a pergunta que você faz me leva a outra questão interessante: Deveríamos ajudar as criaturas a se mover com o clima? As abelhas espanholas que agora estão nas montanhas não têm onde viver. Deveríamos levá-las ativamente para o norte?

 

Esta é uma questão muito controversa porque alguns conservadores odeiam a ideia de intervir na natureza. Mas eu acredito que não faz sentido não ir por aí. Pensemos nas árvores, que se deslocam muito mais lentamente e levam décadas para crescer e se reproduzir. Se podemos mover árvores que não vão sobreviver, por que não deveríamos fazer isto? O aquecimento será de 2 graus e muitas espécies não o suportarão, então, talvez deveríamos estar enchendo o Reino Unido com árvores espanholas.

 

De fato, você passou do discurso à ação, com a criação do Fundo de Conservação da Mamangava. Considera que a academia deveria ir além da teoria e tomar partido?

 

Sim. O mundo mudou muito e antes muito poucos acadêmicos se envolviam com o ativismo. Era considerado uma coisa negativa porque a maioria via seu trabalho como o de pesquisar e publicar relatórios chatos, que apenas outros cientistas leem. Penso que isso é frustrante porque não ajuda o mundo.

 

Por isso, quando vi que as abelhas estavam desaparecendo, quis intervir. Alguém precisava agir. Se você é um cientista que trabalha no campo da conservação, seu dever é tentar ter um impacto no mundo real. Dizemos que os políticos precisam ouvir os cientistas, mas não ouvirão, se não sairmos do escritório e gritarmos.

 

Considera-se um ativista?

 

Acredito que sim. Por muitos anos, não gostei que me descrevessem dessa forma, mas agora estou orgulhoso, porque significa que estou tentando mudar o mundo. Embora seja difícil saber onde está o limite para um cientista.

 

Há grupos ambientalistas como a Extinction Rebellion que me pediram para fazer parte de seus protestos e participar de atos, digamos, disruptivos. Mas penso que isso é ir longe demais, ao menos para mim. Entendo que as pessoas se tornam mais extremas se veem a inação das administrações, mas não acredito que esse seja o lugar dos cientistas.

 

Além de se manifestar, o que uma pessoa comum pode fazer para ajudar as mamangavas?

 

Se você tiver uma sacada, plante ervas e flores e as abelhas as encontrarão. Mesmo no meio de Madrid, no décimo andar. Isso é muito bom, mas é verdade que não fará muita diferença. O melhor é pensar sobre o que compramos. Devemos parar de comprar o que não precisamos e não permitir que os alimentos estraguem.

 

Apoie a agricultura orgânica sempre que puder para que não haja pesticidas. Coma sazonalmente e vote em políticos que levem em conta o perigo da mudança climática, porque vivemos em uma democracia e nossos votos deveriam ser capazes de mudar as coisas.

 

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