13 Janeiro 2022
"Os verdadeiros objetos do egoísmo dos seres humanos não podem, portanto, ser reconduzidos aos nossos amigos animais, aqueles que São Francisco chamava de "irmãos" e "irmãs" e que são certamente um dom precioso para cada um de nós; a ausência de filhos que caracteriza o nosso tempo, talvez seja mais atribuível a decisões político-sociais e condições econômicas que não permitem mais o crescimento de uma família numerosa como no passado", escreve Alessandro Manfridi, em artigo publicado por Vino Nuovo, 11-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Por que podemos afirmar que os animais são um dom e um bem precioso para cada um de nós?
“Os animais são melhores que os homens”. Em que sentido?
Entre os animais, ninguém tem as capacidades do homem: através da razão, todo ser humano é capaz de observar e estudar os peixes do mar, construir navios para navegá-lo e submarinos para alcançar os fundos marinhos mais profundas.
Observando os pássaros do céu, consegue construir aviões e helicópteros, até foguetes para chegar ao espaço.
Não existe ser vivo que tenha as capacidades do homem.
De acordo com a Bíblia, ele foi criado por Deus "à sua imagem e semelhança" e Deus confiou a ele tudo o que criou para que o administrasse.
No entanto, se o homem usar mal suas capacidades, pode acabar destruindo a vida na Terra.
O homem é o único ser vivo que mata por ganância e não por necessidade.
Os animais domésticos amam o ser humano e são cuidados por ele, enquanto os animais silvestres pela lei da natureza matam outros animais, mas apenas para se alimentar.
Então, os animais podem nos ensinar alguma coisa? Talvez sim, às vezes mais do que o homem possa fazer quando utiliza seu intelecto com egoísmo destrutivo.
Muitos ficaram confusos com a afirmação do Papa Francisco em sua última audiência geral quando, já pela segunda vez, expressou sua desaprovação às famílias que não têm filhos, mas têm animais de estimação.
A afirmação de que a presença de animais de estimação seria de alguma forma "antagonista" àquela de crianças corre o risco de não fazer justiça nem a uns nem aos outros.
Se uma família não chega a acolher um filho, isso não acontece necessariamente por egoísmo.
É necessário apelar às políticas sociais e ao mundo do trabalho porque, para muitas famílias, acolher uma criança torna-se impossível onde falta trabalho e políticas sociais dedicadas ao apoio e promoção da família.
Os verdadeiros objetos do egoísmo dos seres humanos não podem, portanto, ser reconduzidos aos nossos amigos animais, aqueles que São Francisco chamava de "irmãos" e "irmãs" e que são certamente um dom precioso para cada um de nós; a ausência de filhos que caracteriza o nosso tempo, talvez seja mais atribuível a decisões político-sociais e condições econômicas que não permitem mais o crescimento de uma família numerosa como no passado.
No que diz respeito aos animais, são seres vivos e portadores de benefícios afetivos, psicológicos e espirituais para todos os seres humanos que com eles se relacionam, sejam crianças ou idosos, sadios ou com deficiência, solteiros ou casais.
A vida de tantos santos é um exemplo disso, de Antônio Abade a Francisco de Assis, de Antônio de Pádua a Rocco de Montpellier e João Bosco. Sem esquecer os animais da Bíblia.
Já há tempo a atenção ao mundo animal foi reconhecida também em nível acadêmico, não mais apenas nas faculdades de Medicina Veterinária, mas nos próprios estudos teológicos, com estudos de bioética animal.
O Papa Francisco também transmitiu em seu magistério uma importante encíclica atenta à nossa "casa comum", a "LAUDATO SI'".
“Até que tenhas amado um animal, uma parte da tua alma estará adormecida.” (Anatole France)
Quem viveu pessoalmente essa experiência poderá confirmá-lo.
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Animais? Sim por favor! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU