14 Janeiro 2022
Libération explica que 2020 e 2021 foram marcados por uma alta de suicídios e tentativas de suicídio de jovens que muitos especialistas atribuem aos efeitos dos lockdowns e da crise sanitária, em geral. No entanto, a amplificação deste fenômeno entre garotas com menos de 15 anos é classificado como "nova" e "preocupante".
A reportagem é publicada por RFI, 11-01-2022.
No hospital psiquiátrico Le Vinatier de Lyon, centro-leste da França, as hospitalizações por tentativa de suicídio deram um salto tão grande nos últimos tempos que a direção do estabelecimento precisou revisar seus dispositivos de acolhimento de emergência. O chefe do serviço de pedopsiquiatria do local, Nicolas Georgieff, afirma em entrevista ao Libération que jamais o setor havia sido tão solicitado.
A prática também vem se tornando mais violenta entre as meninas, com um aumento de gestos de agressão física contra si mesmas, dizem os especialistas entrevistados pelo jornal. Como o fenômeno ainda é novo, os médicos são cautelosos ao apontar os motivos destas práticas.
Meninas são mais abaladas pela pandemia
Angela Consoli, especialista de Psiquiatria da Criança e do Adolescente do Hospital Pitié-Salpetrière, em Paris, afirma ao diário que talvez as garotas tenham sido mais afetadas pelo estresse social da crise sanitária, pela sensação de insegurança e pela diminuição de relações familiares e sociais. No entanto, ela salienta que isso não significa que os meninos tenham sofrido menos durante o período, "mas talvez o estresse deles se manifeste de outra maneira", diz.
Segundo a especialista, além do aumento de suicídios, uma alta massiva de depressões e problemas de ansiedade vêm sendo registrados entre os adolescentes franceses, independentemente do sexo.
Em um editorial intitulado de "pedido de socorro", Libération afirma que parte do fenômeno pode ser explicado pela resistência na França em reconhecer a relevância da saúde mental das crianças e adolescentes. O texto salienta que a quantidade de profissionais especializados na questão é insuficiente, o que explica a superlotação dos serviços de pedopsiquiatria hoje no país.
Diante dos números preocupantes recolhidos e apresentados pela reportagem, "é urgente a necessidade de reforço destes setores e do estabelecimento de um serviço dedicado à saúde mental nas escolas", diz o jornal.
Leia mais
- Renúncia suprema. O suicídio em debate. Revista IHU On-Line Nº. 515
- A depressão é uma questão ética? Entrevista especial com Martine Lerude, Revista IHU On-Line, Nº. 303
- Jovens negros são maioria em casos de suicídio no Brasil
- “É um trauma que permanecerá conosco por muito tempo. Na fase 2 aumenta o risco de depressão”. Entrevista com Stefano Bolognini, psicanalista
- Depressão: como enfrentar o fracasso da Psiquiatria
- Suicídio deve ser tratado como questão de saúde pública, alertam pesquisadores
- Os jovens sofrem com a depressão, diz OMS
- Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo
- Mortes por depressão crescem 705%
- Suicídios de jovens crescem 30% e órgãos defendem que sinais sejam tratados como emergência
- OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo
- Setembro amarelo e a relevância em falar sobre o suicídio
- Preconceito pode afetar saúde mental de adolescente homossexual, aponta tese
- Ciberbullying: Adolescentes falam do suicídio das meninas que tiveram imagens íntimas expostas na internet
- Suicídio de estudantes causa comoção nas redes sociais e reflexões em escolas
- Suicídios adolescentes
- Suicídio: uma falsa "epidemia silenciosa"
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
França registra forte aumento de suicídio de meninas durante a pandemia de Covid-19 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU