Breves do Facebook

Foto: PxHere

11 Janeiro 2022

 

Faustino Teixeira

 

Minas e os Profetas ameaçados pelas represas da morte...

 

 

Wesley Anastácio

 

A Curupira Turismo vem por aqui dia 05/01/2019 informar que as nossas atividades na região de Capitolio estão paralisadas! O motivo é por conta do turismo extremamente predatório que tem acontecido na região. Os atrativos turísticos estão sofrendo um impacto ambiental muito grande e isso não tem sido divulgado pela mídia. A ganância e o capital vem aos poucos destruindo esse lugar maravilhoso! Não existe um estudo de capacidade de carga nos atrativos e se existe nunca foi praticado. Uma cachoeira que suporta até 500 pessoas por dia...tem recebido mais de 5mil pessoas por dia, as trilhas estão mais largas e fundas, começando o processo de erosão, o número de embarcações estão cada vez maior, consequentemente poluindo o lago de furnas tanto pelos combustíveis quanto por alguns turistas que lançam objetos no lago. Constatamos latas e garrafas de cerveja, garrafas pet, isopor, plástico e até fraldas descartáveis tanto no fundo do lago ao redor do Canyon onde localiza o cartão postal da região como na parte alta na cachoeira da diquadinha e da Filó. Tambem vimos muito lixo próximo ao "estacionamento" na margem da rodovia, sempre após as chuvas todo esse lixo é levado pela enxurrada caindo no lago. Não estou generalizando pois conheço e recomendo vários amigos que trabalham seriamente na região, mas infelizmente parte das pessoas só querem lucro e esquecem que o turismo deve ser responsável e sustentável. Tambem existe um risco eminente de queda de pessoas do mirante dos canyons.

Sendo assim, só retornaremos após uma posição concreta da prefeitura municipal e dos donos dos atrativos citados, pois muito se arrecada e o retorno não é visto. Nós não concordamos com esse tipo de turismo, queremos que daqui alguns anos assim como nós utilizamos...outras pessoas possam usufruir dos atrativos com alegria, responsabilidade e segurança.

Já se foram alguns anos que fiz esse texto acima! E isso é possível ver nas edições. E hoje venho aqui colocar esse link abaixo porque estou cansado de ler tantas pessoas falando o que não sabem, o que não viram e o que nunca estudaram. É só acontecer uma tragédia no Brasil que chove de "especialistas" de todos os cantos, sem nenhum tipo de embasamento!

Leiam o que escrevi nesse link abaixo pra terem um pouco mais de consciência na forma que falam e reproduzem o que chega de informações até vocês!

 

 

 

Wesley Anastácio

 

Desde o dia do acidente existem muitas postagens, desinformação, buscadores de likes e exposição sem necessidade das vítimas desse acidente.

Uma postagem minha de 2 anos atrás voltou a circular nas redes sociais logo após o acidente e aí apareceram milhares de "especialistas" como sempre acontece no Brasil quando rola algum tipo de tragédia. Sem estudos, sem pesquisa, sem conhecer a fundo a situação.

Pessoal! A percepção de quem está olhando aqui é uma. De quem tá lá é outra.

 

1° ponto: as embarcações estavam lá pq foram autorizadas pela Marinha.

2° ponto: a hora do desprendimento da rocha não é o mesmo momento da cabeça d'água que as pessoas têm postado.

3° ponto: a visão de quem está debaixo do paredão não é a mesma de quem está de longe. De perto vc n consegue perceber a movimentação da rocha e muito menos as pedras caindo.

4° ponto: ali dentro o barulho da cachoeira e do vento é muito forte. Vc está dentro de um Canyon, não dá pro ouvir ninguém gritando, assobiando. Principalmente pq tds embarcações botam som pros turistas.

5° ponto: a foto da Rocha com uma rachadura enorme que tem sido divulgada não é a mesma que se desprendeu, são pontos diferentes! Pontos diferentes!!!

6° ponto: a Defesa Civil emitiu um alerta sobre os grandes volumes de chuva. Mas nunca deu uma advertência ou observação de qualquer movimentação de Rocha na região de Capitolio.

7° ponto: nunca na história do Mar de Minas (Lago de Furnas), houve qualquer tipo de situação parecida. Nunca houve nenhum tipo de estudo sobre essa situação. Não há e nunca teve investimentos em pesquisas sobre essas Fraturas. A Geologia sempre foi deixada de lado no Brasil.

8° ponto: Nenhum ser humano em Sã consciência...quer ficar debaixo de uma Rocha de várias toneladas sabendo que ela pode desmoronar!

 

Não é legal julgarem sem saber de fato o que aconteceu, isso é falta de respeito com aquelas pessoas. Nós tds estamos assustados com o que aconteceu, msm n estando lá! Frequentamos ali há mais de 11 anos, desde quando não existia turismo na região. Desde quando a gente nadava pelado lá nos canyons sem nenhum barco!

Nunca imaginaríamos que uma Rocha daquela proporção pudesse se desprender. Os pilotos são vítimas, como todas as outras pessoas que estavam lá. Se estava tendo passeios é porque houve autorização do órgão competente e nesse caso a Marinha autorizou. Infelizmente foi uma tragédia e vários fatores contribuíram pra pedra se desprender. O tempo, a infiltração de água nas fraturas, o uso de forma irregular da parte superior, o movimento do lago. Mas não é possível afirmarmos nada! Até porque não somos especialistas! Do início ao fim do canion as rochas dos paredões são todas fraturadas, da mesma forma na cascatinha, no buraco dos tucanos, nos canyons do xingo lá no nordeste.

Nesse momento onde existem muitas informações chegando é importante a gente ter respeito e muito cuidado como julgamos e como reproduzimos as coisas, principalmente de quem não estava lá presente. No post que fiz em 2019 não tem nenhuma observação minha sobre deslocamento ou desprendimento de Rocha, até porque não sou geólogo! Sou Turismólogo com bastante orgulho. Essa publicação de 2019 teve grande repercussão na época e muita coisa mudou pra melhor na região. Como a formalização dos profissionais de turismo, com a criação do posto avançado da Marinha em S. J. Da Barra, com o fortalecimento das associações do trade turístico, com a criação de programas ambientais, regularização das embarcações e cuidados com meio ambiente, com a organização das embarcações dentro dos canyons. Antigamente centenas de pessoas nadavam lá dentro. Se fosse naquela época o número de óbitos seria muito, muito maior. Enfim...deixem de julgar e culpar. Deixem isso pra perícia técnica. E respeitem todos aqueles envolvidos nesse triste acidente. Infelizmente no Brasil muitas vezes só depois de acidentes como esse acontecerem, pra que as autoridades se organizem. É importante que tenhamos mais seriedade em tudo que fazemos na vida, seja no hospital, na escola, no turismo, na sua casa. E tomarmos muito cuidado com qualquer tipo de julgamento que fazemos com aquilo que desconhecemos. Perdoem meu português!

Aqui deixo o meu lamento a todas as famílias e vítimas desse acidente.

 

 

 

Apolo Heringer Lisboa

 

Cidade gargalo!

SITUAÇÃO CRÍTICA EM RAPOSOS

Fechada a ponte central da cidade sobre o rio das Velhas.

Raposos é uma cidade com histórico de mineração e garimpo que cresceu muito próxima das margens do Velhas, estreitando o espaço das águas num local muito encaixado entre montanhas íngremes que lembram um discreto cânion. Assim, a longa história de ocupação das margens do Velhas e seus afuentes desde Ouro Preto, mais o grande assoreamento da mineração e as grandes erosões na região de Cachoeira do Campo com suas características de solo geradores de voçorocas por usos indevidos, formam uma bomba hidráulica rio abaixo nos maiores gargalos urbanos em Rio Acima, Honório Bicalho, ETA Bela Fama (no leito em Nova Lima), Raposos e Sabará. E ainda tem mais: os gargalos abaixo de Raposos e os afluentes que chegam como o ribeirão Prata dentro da cidade pela margem direita vindo da região da serra da Gandarela, o rio Caeté entrando forte em Sabará e as entradas portentosas do Arrudas em General Carneiro, do Onça em Santa Luzia, os aterramentos e invasões das margens dentro de Santa Luzia comprimindo o rio barram o escoamento e espraiamento pelas antigas e amplas várzeas de inundação invadidas lá provocando pressão de refluxo rio acima contra Raposos. Então a questão é tanto a montante quanto a jusante.

Ninguém do governo estadual e das prefeituras ao longo da bacia faz nada de sério para encarar em conjunto a gestão desta bacia hidrográfica. Um colapso da gestão por bacia numa área infestada por mineração irresponsável e apoiada pelos governos municipais, estadual e federal, por causa da arrecadação da atividade mineral. E o comitê do Velhas é governo, é SEMAD além de ser dominado pela Agência Peixe Vivo, uma entidade empresarial com forte presença das grandes mineradoras.

Este é o quadro que tende a piorar e poderá ter seu climax apocalíptico com rompimentos de barragens de mineração a montante bem como da barragem hídrica do rio de Pedras entre Ouro Preto e Itabirito, aliás, como já aconteceu. Não é para desanimar. É hora de crescer na luta em defesa da bacia hidrográfica do rio das Velhas e da vida em todas as suas formas. E longe de culpar as chuvas. Elas são bem vindas. E são apenas a gota d'água que mostram a nossa cara.

Transbordamento do Rio das Velhas deixa ponte submersa e moradores ilhados em Raposos, na Grande BH. Disponível aqui.

 

Apolo Heringer Lisboa

 

A culpa é das chuvas! rsrsrs

Êta hipocrisia. A chuva é apenas a gota d'água. As administrações de Santa Luzia sempre fizeram pouco caso em cuidar dos córregos e do rio das Velhas. Lançam esgotos, canalizam, ocupam margens com ruas e edificações. Os antigos moravam no alto a cidade chamada histórica. Atualmente ocuparam as baixadas ribeirinhas com aterramentos e galpões para empresas. Até faculdades beira-rio!

Insanidades assim são generalizadas. O córrego Poderoso mutilado não tem esse nome a toa. Nem para desconfiar. Podem esperar que a água sempre irá buscar seus direitos!

 

Apolo Heringer Lisboa

 

SOBRE A TRAGÉDIA DE CAPITÓLIO

 

Com a Geologia as pessoas podem se divertir, mas sem perder o respeito.

Os desmoronamentos e tombamentos de rochas, em pequenos ou grandes blocos, são comuns nos cânions de todo o mundo. É o processo natural de evolução desses paredões rochosos. Só por esse fato já teria sido indicado a delimitação de uma faixa de risco que impedisse a aproximação de pessoas das bases desses paredões.

Mas no caso de Capitólio há fatos agravantes:

 

1 – a rocha tem acamamentos e fraturamentos naturais que facilitam esses desmoronamentos;

2 – com a formação do lago de Furnas a parte baixa dos paredões rochosos que fica em contato com a água passou a sofrer os efeitos da saturação pela água e do constante embate de ondas, fatores que potencializam a possibilidade de desmoronamentos.

Os dois fatores sugerem que a gestão das atividades de turismo da região deveria já de há muito ter adotado preventivamente a delimitação de uma faixa de risco, definida a partir do pé do paredão em contato com a água, além da qual os barcos e eventuais nadadores não deveriam ultrapassar. E também definir os canais estreitos dos cânions que não pudessem ser navegados, dado o fato de que nesses canais as embarcações ficam muito próximas dos paredões.

Que a dura e trágica lição obrigue agora essa providência.

Abs

Álvaro

Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos

ARS Geologia Ltda.

Geologia, Geotecnia, Meio Ambiente

11 – 3722 1455

11 – 99752 6768

ARS Geologia

 

Apolo Heringer Lisboa

 

AINDA CRIMES AMBIENTAIS

Como a grande maioria dos entes federados em unem em apoio aos licenciamentos da mineração, por vezes questionados ou flagrantemente irregulares, fechando os ouvidos à voz da população, técnicos e cientistas, fico muito desconfiado se essa série de tragédias não estariam trazendo benefícios aos seus cofres. É muito grave se for verdade.

Estão esperando mais o quê acontecer para virarmos definitivamente este momento da história de Minas Gerais?

Como pode haver indenização para quem participa dos licenciamentos, delega fiscalização aos empreendedores! e lucra com impostos e mais ainda com indenizações pelas tragédias?

 

 

 

Samuel Braun

 

Nos últimos dias pressionaram o PT a apontar os erros de condução macroeconomica no final do governo Dilma.

Hoje Gleisi Hoffmann fez um movimento nesse sentido ao dizer que Joaquim Levy foi o responsável pela adoção de uma política econômica liberal que culminou na recessão de 2015-2016, e que Dilma foi induzida por ele.

De fato até a reeleição Dilma mantinha Guido Mantega no comando da economia, e ele zelava por gasto público e uma política de controle dos preços administrados. Assim que reeleita, Dilma trocou Guido por Joaquim e este último passou a tesoura geral nos gastos públicos e repassou de uma só tacada os preços de energia. Queda abrupta na demanda, seguido consequentemente dos investimentos, logo dos empregos.

Vejam que o movimento de Gleisi é uma ruptura com a estratégia vigente até o texto de Guido Mantega na semana passada. Até ele se mantinha o hiato discursivo entre a política econômica que marcou 12 anos do PT no poder, até a reeleição de Dilma, e a política econômica de austeridade que reinou após o golpe. O período de novembro de 2014 a abril de 2016 era suprimido pra ressaltar as diferenças de antes e depois. Gleisi agora fala desse período e admite que houve erros nele.

Embora a presidente do PT admita o erro que desandou a economia ainda sob o governo de Dilma, coloca a ex-presidente como polo passivo do acontecimento, deixando toda a responsabilidade com o ministro Levy. E ao observarmos o que os economistas Dilma e Levy falaram antes e depois desde período, é coerente que o proponente e defensor das medidas ortodoxas seja ele e não ela.

Mas não é possível omitir que Dilma, até por ser economista, sabia das propostas de Levy e permitiu que ele as implementasse. E por conta disso, e da obviedade de que a responsabilidade política sobre o que todo ministro faz é de quem o nomeia - e mantém -, as críticas pulularam ao longo do dia, inclusive na mídia.

Essa nova rodada de críticas vem de dois grupos opostos: da parcela da esquerda que já apontava que a virada liberal começou com Dilma-Levy, e da grande imprensa que quer uma boia de salvação pra culpar o PT pela crise econômica. Ocorre que daqui pra frente só vejo ganhos pro grupo à esquerda em pressionar o PT e sua presidente, e explico o porquê.

Se o PT for cercado diariamente com cobranças sobre a crise ter sido gerada durante a gestão de Joaquim Levy, será inevitável ao partido encontrar o ponto de corte em que uns são responsáveis, por tais e tais razões, e outros não são, a fim de se apresentar eleitoralmente como um partido que extirpou os responsáveis e manteve os que estavam certos. Acho inclusive que esse movimento já foi startado quando Gleisi rompe a estratégia que vigia desde 2016.

E na busca por separar o joio do trigo o único caminho factível é remontar as causas técnicas da crise. O que efetivamente foi feito em Dilma 2 (com Levy) de diferente de Dilma 1 (com Mantega) que fez tudo desandar. Ora, a resposta já está pronta em quilos de artigos científicos produzidos, do qual destaco o de Summa e Serrano (UFRJ) que aponta o fim da "breve era de ouro" e sua "revolução indesejada" com as políticas de austeridade fiscal, redução do Estado e cortes de direitos sociais dos trabalhadores.

Essas razões técnicas, que levaram ao que citei no início ("queda abrupta na demanda, seguido consequentemente dos investimentos, logo dos empregos"), são o comportamento 'irresponsável' que ruiu nossa economia. Disso, duas consequências:

(1) o PT precisará mostrar ao público que não endossará novamente esse comportamento e

(2) terá a imperiosa necessidade política de mostrar esse comportamento em seus concorrentes.

Numa só tacada, então, restará ao PT se afastar por sobrevivência política do discurso fiscalista e associá-lo aos liberais e seus braços de mídia (que, aliás, foram quem pressionou por anos, especialmente na eleição de 2014, pela adoção das políticas destrutivas que Levy levou ao governo Dilma).

Quanto mais pressionarem o PT por assumir "culpa" de Dilma na crise, maior será a pressão para que o partido salve parte da imagem dela detalhando os reais grandes culpados, e que eles estão no atual governo e nas opções de "terceira via" tão propaladas pela imprensa.

 

Cesar Benjamin

 

A ALTA RENTABILIDADE DO BANCO DO BRASIL

Quando vocês lerem nos jornais que o Banco do Brasil vem apresentando alta rentabilidade, saibam que ela é construída sobre a ruína dos seus parceiros da economia real.

Pela terceira vez, o Banco cria regras próprias, ilegais, que envolvem as nossas contas. Estamos passando por uma situação dificílima. A carta abaixo é autoexplicativa.

* * *

Senhores.

O Banco do Brasil está realizando um bloqueio de recursos da Contraponto Editora, sob a alegação de que quer ter a garantia de pagamento das obrigações que assumimos no âmbito do contrato XXX, com término previsto em 8 de dezembro de 2023.

Como estamos em dia com todas as nossas obrigações e mantemos conta bancária regular no Banco, tal bloqueio é imotivado, desnecessário, imoral e ilegal, com o agravante de que essa possibilidade nunca foi citada pela nossa gerente na época da contratação do empréstimo. Tampouco fomos avisados com antecedência.

Na verdade, não sabemos bem quando o bloqueio começou nem quando terminará, quantos recursos já foram desviados e onde estão esses recursos. O Banco do Brasil age em silêncio e nada nos informa.

Só nos demos conta de que algo estava errado porque percebemos que nossa conta de recebíveis diminui diariamente, sem que os recursos fiquem disponíveis para a Editora. Eles, simplesmente, desaparecem.

Com isso, o Banco do Brasil recebe em dobro: as prestações normais, com juros, que estão sendo pagas em dia, e o dinheiro confiscado das vendas da Editora. Com a promessa vaga, dada por telefone, de que esse dinheiro a mais, fruto de rapina, será devolvido no final de 2023, sem juros.

Assim, o Banco do Brasil simula um empréstimo à Editora Contraponto, mas é a Editora que é levada a emprestar ao Banco. Configura-se um estelionato.

Não tenho palavras para descrever esse comportamento do Banco, especialmente num momento em que já são naturalmente muito grandes as dificuldades de sobrevivência de pequenas empresas, fortemente afetadas pela longa pandemia.

Aguardo uma posição imediata de vocês. Não peço favor. Exijo direito.

Atenciosamente,

Cesar Benjamin

 

Renato Janine Ribeiro

 

Hoje, Dia do Fico, se o governo quisesse, o Brasil estaria começando as comemorações dos 200 anos da Independência. EUA, em 1976, e a França, em 1989, promoveram ações (festividades, inaugurações, colóquios) comemorando os bicentenários de suas revoluções no ano todo.

Na falta do governo, cabe a nós lembrar e discutir tanto a história da independência quanto a questão se ela existe. Se é uma lembrança ou uma tarefa. Se está no passado ou tem de ser construída no presente e no futuro.

Por isso, a SBPC começa a discutir a independência! Seria hoje nossa primeira mesa do ano, mas como é um domingo, marcamos para amanhã, 2a feira. Às 18h discutiremos, a partir do Dia do Fico, se nossos jovens cientistas têm ou não condições de ficar no Brasil. A pergunta: por que cabeças formadas com esforço, dedicação e investimento público não têm espaço, hoje, para ajudar o País, um País que precisa tanto delas?

 

Alonso Gonçalves

 

Igreja versus Empresa

Certa vez conversando com um diácono sobre como a igreja poderia melhorar na sua condução, ele disse: "Na empresa que eu trabalho tem um programa de gestão muito eficiente. As coisas funcionam de uma maneira bem estratégica. Por que a igreja não faz algo desse jeito também?".

Disse a ele: "A lógica da empresa é mundana, da igreja é espiritual; a lógica da empresa é mercadológica (consumo/vender), da igreja é a graça; a lógica da empresa é a eficiência em detrimento de pessoas (funcionário que não produz, é demitido), da igreja é a ineficiência das pessoas".

Essa conversa já tem alguns anos e tenho que admitir, o diácono estava certo: igrejas iriam se transformar cada vez mais em empresas. E não são poucas que fazem o tal "planejamento estratégico" como se o Espírito Santo fosse um CEO (Chief Executive Officer).

 

Mih Stevan

Via Leandro Kunze-Bortolon

 

 

 

Adriana Cibele Mesquita Dantas

Na UCS tá cheio de carrões roupas de marca.. na PUC tb.. não sei onde estão os pobres, tem muitos trabalhadores sim.. Nas públicas tem RU a 3,50 acho que os ricos não gostam de comer em bandejão.. minha filha assim como eu comeu no RU. As públicas tem HU gratuito tive meus filhos fiz tratamentos e e levei meus filhos em pediatras anos!! é bom rever melhor esse conceito ..ou não estudaram em públicas pois tem estudar muito pra passar no vestibular ( eu estudei de 8 a 12 horas por dia) ou não estudaram nas particulares.. era isso.. tenho experiência a 26 anos de universidades públicas, queria contribuir com essa visão.

 

Uma dose de Charlie Brown Jr.

Vídeo disponível aqui

 

 

Luiz Fernando Emediato

Via Domingos Roberto Todero

 

UM HEROI SEM ODIO E RESSENTIMENTO

Só hoje, ao ver essa velha entrevista do músico Geraldo Azevedo ao , fiquei sabendo do sofrimento dele na tortura - ainda no governo Geisel, quando eu fugia da polícia em Belo Horizonte, sem noção do perigo. Foi quando escrevi “Não passarás o Jordão”, com a jovem Dilma e Vladimir Herzog como personagens. Incrível como Geraldo Azevedo superou o trauma.

O impressionante, na entrevista, é como ele narra as barbaridades das quais foi vítima, o ódio que o envolveu depois e, enfim, a paz e o entendimento de que seus algozes não mereciam mais a atenção dele. Que seguissem os caminhos deles.

Como comentou minha amiga Dorrit Harrazin ao assistir esse video: “ Me sinto um fiapo depois deste relato tão desarmado e desarmante. Quanta humanidade e lucidez em Geraldo Azevedo, meudeus!”.

Assistam. Não podemos permitir que o Brasil volte a viver essas histórias.

 

Juremir Machado da Silva

 

Uma vida sob censura: eu não podia escrever Santo Agostinho ou Santo Tomás de Aquino. Para evitar problemas tinha de escrever Agostinho ou Tomás de Aquino. A palavra santo não era adequada ao imaginário da empresa. Vez ou outra passava-se um contrabando por esquecimento ou risco. Oxalá, nem pensar.

 

Samuel Braun

 

1. As forças políticas de direita implementaram uma política de redução de gastos públicos e corte de direitos sociais.

2. O resultado está sendo uma recessão econômica, inflação, desemprego, queda de investimentos, sensação generalizada de desesperança.

3. A força política que mobiliza o campo da esquerda propõe reverter a política econômica em voga e sinaliza com um passado de emprego, aumento de renda e poder de compra.

4. Com essa sinalização, a citada força política mais que dobrou suas intenções de votos e hoje ganharia em primeiro turno, com mais da metade dos votos nacionais.

5. As forças políticas de direita querem que a força política que mobiliza a esquerda passe a defender a política recessiva, contra a vontade expressa da maioria da população e contra aquilo que é mais vantajoso para a força política de esquerda.

6. Mesmo sendo IRRACIONAL que a esquerda se comporte conforme querem as forças de direita, estas últimas abundam os jornais e redes sociais praticamente exigindo que assim se dê.

7. No cúmulo do absurdo, esse campo, que os números mostram minoritário (>50% nas pesquisas), tenta chantagear dizendo que a esquerda irá perder se não fizer o que eles exigem.

8. NÃO FAZ SENTIDO! Primeiro porque a esquerda já não tem o voto deles, então não tem como perdê-lo se não agradá-los. E segundo porque é justamente a promessa de reversão da política econômica recessiva que tem oferecido os índices majoritários de votos.

9. Os militantes liberais que nas redes sociais repetem essa bobagem terraplanista geralmente o fazem por ignorância, são incapazes de segmentar e raciocinar logicamente as ações e efeitos políticos.

10. Os formuladores (banqueiros, representantes do mercado financeiro, inclusive principais jornalistas) por sua vez sabem da insanidade do proposto, mas pouco tem a perder com tanta gente limitada a papagaiar ideologia liberal - dos militantes de redes sociais até alguns políticos de partidos de esquerda.

 

Renato Janine Ribeiro

 

Falando de cinema (1). Quando terminei de ver “Não olhe para cima” e tirei da Netflix, entrou automaticamente um programa da Claro Tv em que uma moça, Lara Werneck, falava de um filme que trata do episódio da Chorona – um massacre na América Central, anos 1980. Ela expôs muito bem a gravidade do evento, e aí seu parceiro de programa pediu que fizesse alguma coisa, tipo uma encenação, sobre o filme. E me veio de pronto à mente a questão do Não olhe para cima: como uma coisa séria, grave, assustadora até, é convertida em entretenimento pseudo humorístico.

Penso que o mais importante do filme Não olhe para cima é isso: ele te provoca, te desafia a olhar com mais seriedade e responsabilidade os perigos do mundo, os perigos feitos pelo homem e que o homem pode desfazer.

 

Livraria Leonardo da Vinci

 

Com grande tristeza, comunicamos o falecimento no último domingo de dona Vanna Pirracini, fundadora da Livraria Leonardo da Vinci. Dona Vanna parte aos 96 anos deixando um imenso legado para a cultura do Rio de Janeiro e do Brasil. Seu papel como livreira da Da Vinci durante décadas, responsável pela formação de gerações de brasileiros na melhor tradição literária e científica produzida mundialmente, foi mais do que notável em um período carente de traduções e de forte repressão política.

Fundada em 1952 pelos livreiros Vanna Piraccini e Andrei Duchiade, a Leonardo da Vinci foi considerada por décadas como a melhor livraria da cidade em uma época de grandes livrarias. Essa fama veio sobretudo em razão de Vanna Piraccini ou, melhor dizendo, dona Vanna.

Dona Vanna foi uma livreira à moda clássica. Conhecendo pessoalmente seus clientes, formou uma geração de intelectuais. O nome escolhido por dona Vanna traduziu o que ela esperava que a livraria representasse: uma proposta de renascimento do homem e do saber.

Que o espírito e a história maiúscula de dona Vanna nos inspirem e confortem sua família e amigos nessa hora. Obrigado por sua vida, dona Vanna.

 

 

 

Maurício Caleiro

 

Hoje o Rio de Janeiro - e o Brasil - amanheceu mais burro. E com menos cultura, menos gentileza, menos fina ironia.

Quantas gerações de leitores essa senhora terá formado?

Difícil responder, pois, ao contrário do que ocorre nas livrarias automatizadas, em que os donos são investidores e os funcionários não entendem de livros, Dona Vanna exerceu, durante décadas, na Da Vinci, um papel que nem o mais avançado dos computadores seria capaz.

Com uma memória e uma intuição prodigiosas, dava dicas preciosas, guardava de memória o gosto dos fregueses, era capaz de correlacionar livros (em vários idiomas) por tema, autor, editora, estilo, data de publicação, fosse qual fosse a área de conhecimento (a mim sempre impressionou o seu domínio de teoria e história do cinema, embora alegasse "não entender nada" destes temas).

Deixei de frequentar a Da Vinci quando me mudei do Rio, em 2005. Não sei até quando dona Vanna se manteve ativa. Mas, nos anos em que descer a rampa em caracol e ir à livraria (e ao sebo Berinjela) era programa semanal, ela sempre me assombrou pela agudez da inteligência, pelo faro pra indicações e, sobretudo, pela personalidade com que emitia opiniões controversas, na contramão do senso comum.

R.I.P. e obrigado!

 

Miriam Marroni

Via Pedro Luiz S. Osório

 

 

 

 

Clarice Lispector - um mistério

 

"Para onde vamos? Onde estamos, humanos? Hoje em dia é necessário ter consciência de que pertencemos à espécie humana, que tem um destino comum frente a tantos perigos terríveis. Não existe essa consciência, mas o oposto dela. A crise, a angústia fazem com que as pessoas se fecham em suas próprias identidades, etnias, religiões, nações. A Educação precisa ensinar essa consciência de pertencimento à Humanidade." - Edgar Morin

 

Faustino Teixeira

 

"Ela faria 80 anos neste 19 de janeiro e o Globoplay está exibindo desde o fim de semana ´O canto livre de Nara`, documentário de Renato Terra sobre uma vida que se mistura com a história do Brasil, da cultura popular e da resistência feminina no enfrentamento do troglodismo macho.

Ela fez o que quis. Carlos Drummond de Andrade entendeu essa liberdade e deu um toque no general: ´Nara é pássaro, sabia?/ E nem adianta prisão/ Para a voz que pelos ares/ Espalha sua canção`.

Nara morreu de câncer aos 47 anos, em 1989, e está sentada à mão direita de Leila Diniz e Nise da Silveira, ao lado esquerdo de Zuzu Angel e a escrava Anastácia. Avançou, sem discurso e com muito charme, as lutas da mulher.

Enfrentou o general, a gravadora e a caretice de quem lhe parecesse assim. Em 1959, quando o padreco proibiu Norma Bengel, a vedete de voz pequena e coxas monumentais, de cantar num show de bossa nova na PUC, Nara rezou pela primeira vez a oração do ´mexeu-com-uma-mexeu-com todas` – e em protesto levou o show para a UFRJ.

Nara há muitas. A todas elas as mulheres de 2022 deviam acender velas pela receita, com açúcar e com afeto, de uma vida em que cada uma possa fazer em liberdade o seu doce predileto. Ora foi um carcará mordendo o cangote dos déspotas, ora um dragão mágico lançando fogo pelo nariz, quando em seguida a um disco de protesto fazia outro de canções para embalar crianças.

Sem tabu, aproximou as contradições nacionais. Edu Lobo quase rompeu relações quando a amiga – que tinha apresentado o jazz à turma, menina culta de francês perfeito, musa da bossa nova Zona Sul – gravou as baladas de motel do suburbano Roberto Carlos.

´O canto livre de Nara` é um documentário primoroso sobre um país que estava aqui ainda pouco, a cultura no centro das transformações, um Rio de Janeiro de cair o queixo – e eis que essas imagens emocionantes de uma civilização sofisticada e divertida surgem quando tudo em volta é só morte e destruição. É o jeito de Nara, sempre na contramão. E lá vem ela, o sussurro charmoso, botando a banda para passar a delicadeza da gente sofrida em meio à gritaria dos idiotas."

Joaquim Ferreira dos Santos

O Globo, 10/01/2022

 

 

 

Faustino Teixeira

 

A filha perdida

Tive nesses dias a experiência de assistir dois filmes interpretados por Olivia Colman. O primeiro, Meu Pai, e o segundo A filha perdida. Fiquei impressionado com a qualidade de interpretação da artista. Talvez seja uma das intérpretes mais consistentes do cinema atual. No caso de A filha perdida, temos um filme sombrio e impactante, sob a cuidadosa direção de Maggie Gyllenhaal. Partilho aqui um trecho da crítica ao filme, publicado no Plano Crítico, de autoria de Ritter Fan:

"O que espanta no filme é, primeiro, a naturalidade com que Maggie Gyllenhaal vai aos poucos desatando os nós que podem, no início, fazer seu longa parecer mais hermético do que ele realmente é. A diretora de primeira viagem não só conseguiu escrever um roteiro que passa longe do didatismo, como é tremendamente eficiente em criar imagens visuais indiretas sobre o drama de Leda nos dois momentos temporais que testemunhamos. A maternidade jovem de Nina desencadeia emoções – e ações! – por parte da protagonista que não são automaticamente racionalizáveis ou, temos que ser sinceros, relacionáveis. A segunda característica principal do trabalho da atriz transformada em diretora é manter suas observações visuais muito próximas de Colman, o que acrescenta uma camada extra de incômodo ao espectador, que não tem a escolha de ver nada que não seja exatamente aquilo que Gyllenhaal quer que vejamos.

E o melhor é que o texto até pode partir de convenções que aninham o espectador em algum lugar confortável nos minutos iniciais, mas ele para por aí nessa pegada, logo partindo para o que torna o longa realmente difícil (não no sentido de complexo, mas difícil mesmo de assistir), que é a visão de Leda sobre sua vida de mãe, algo que deixou para trás há muito tempo. Além disso, as lentes da diretora, apesar de inclementes no que deseja mostrar – sempre sem fazer o uso fácil das belezas naturais gregas, pois até a praia em que grande parte do longa que passa é simplesmente ´normal` -, não julgam. E isso é mais valioso e mais difícil de fazer do que muitos podem imaginar. Toda a distribuição espacial dos cenários (com filmagens 100% em locação) precisa ser milimetricamente pensada de maneira que a mensagem visual não seja paternalista, não parta de cima para baixo, não diga que é assim ou assado que os personagens devem se sentir e, mais importante que isso, que nós, espectadores, devemos nos sentir.

Muito ao contrário, o filme nos deixa livres para pensar no problema posto: a maternidade sem as idealizações da maternidade de anúncios de TV, sempre colorida, fácil e bonita; ou da maternidade de conversas entre amigos que, não demora, se transforma em uma espécie de competição sobre quem dá mais duro ou quem tem o filho mais maravilhoso. E é isso. Não interessa a Gyllenhaal oferecer respostas ou mastigar soluções. Na verdade, ela não quer sequer saber de fazer as perguntas. Suas câmeras apenas mostram. Mostram vagarosa, mas constantemente, os dilemas ´das Ledas` que se refletem na vida da jovem Nina e da ainda mais jovem Elena, dilemas esses que se mantêm subconscientes e apenas pouco a pouco vão emergindo.

Não sei se a essa altura da crítica eu preciso falar da atuação de Olivia Colman. A atriz que aborda cada um de seus papeis de cinema e televisão sempre como se fosse o trabalho mais denso de sua carreira, está de novo brilhante. O filme não ficaria de pé sem que sua Leda fosse convincente em suas ações e reações desde os primeiros segundos de projeção quando nós a vemos chegar no apartamento alugado na paradisíaca (em tese, pelo menos) ilha grega. Não é toda atriz (ou ator) que consegue aguentar os close-ups que Gyllenhaal faz questão de usar constantemente. Esse tipo de escrutínio visual é para poucos e Colman parece estar sendo observada como Leda o tempo todo, jamais deixando ´Colman` aparecer. Jessie Buckley, apesar de muito bem também, consegue apenas segurar as pontas em comparação com sua colega de filme, sendo uma bênção para ela que as duas jamais, por razões óbvias, precisem contracenar, mas merecendo comendas por conseguir evitar soluções de continuidade visual apesar das diferenças físicas entre as atrizes. A única coisa que realmente me incomoda é a escolha da diretora e roteirista em fazer de Leda uma personagem americana. Não que ela precisasse ser italiana como no romance que deu origem ao longa, mas contratar duas atrizes britânicas (ok, Buckley é tecnicamente irlandesa) para viver uma personagem americana me pareceu um malabarismo desnecessário e que elas nem sempre convencem em razão da permanência de nesgas de sotaque aqui e ali.

A Filha Perdida parece um filme de diretor e roteirista de larga experiência e é simplesmente impressionante que Maggie Gyllenhaal consiga fazer o que faz logo na largada e com um material fonte tão desafiador em razão de sua matéria árida e que constantemente vai em direção oposta ao que é esperado especialmente quando o assunto maternidade é o centro de discussões. Com maternidade não se brinca e a diretora/roteirista não brinca mesmo e expõe o que muitas mães devem sentir em diversos momentos da vida como mãe sem se valer de saídas fáceis ou de soluções prontas hollywoodianas. Trata-se de um longa que precisa ser digerido lentamente – e o gosto é amargo, não tenham dúvida – e com um olhar sincero e honesto para dentro de cada um de nós, mesmo que essa sinceridade e honestidade sejam ´feias e desagradáveis` aos olhos externos que julgam sem conhecer, com base em convenções inamovíveis, e sem um pingo de empatia."

A Filha Perdida (The Lost Daughter – EUA/Grécia, 31 de dezembro de 2021).