Um ano depois da invasão do Capitólio pelos doidos varridos, a lista de acusados chega a 700 pessoas, mas somente 71 foram condenados. Pior: 70% dos republicanos acreditam que houve fraude nas eleições que deram a vitória à Biden. Trump continua vivo. Ao contrário da tal democracia dos EUA.
Maria desabrigada com seu bebê recebe a visita dos Magos. Padre Julio Renato Lancellotti
Hoje, o povo simples celebra a festa dos santos reis. No Brasil, a CNBB decidiu deslocar a festa da Epifania para o domingo mais próximo, o que, ao meu ver, no lugar de possibilitar mais a celebração da festa (seria esse o objetivo), ao contrário, colaborou para esvaziar. O domingo parece um domingo qualquer já que o povo não seguiu neste raciocínio e a própria Igreja latina na sua liturgia tirou da celebração da Epifania o caráter de solenidade que ela tinha antes da reforma litúrgica.
Neste ano, ainda temos o agravante da pandemia e da gripe que impedem as folias de saírem e algo dessa festa se perde.
De todo modo, que, através da memória do conto simbólico dos magos que viajam seguindo a estrela, possamos reavivar nossa busca na noite da fé, possamos vislumbrar as estrelas que Deus nos dá para nos orientar na busca e nos alegrar por estarmos juntos nesse caminho macro-ecumênico.
Que possamos valorizar as epifanias – manifestações da humanidade de Deus – no dia a dia da nossa vida e hoje oferecer ao menino Jesus, nas pessoas que encontramos aquilo que o ouro, incenso e mirra simbolizam hoje: o reconhecimento da dignidade de todo ser humano, o cuidado que toda pessoa merece e a alegria porque Deus se manifesta com o rosto de cada um/uma que encontramos. Aleluia.
VIVA O DIA DOS REIS MAGOS !
Manjedoura recebe visitas ao menino que nasceu, símbolo da renovação da esperança.
Nesta foto tem 650 soldados que sobreviveram à Primeira Guerra Mundial prestam homenagem aos cavalos que morreram em batalha. Milhões de cavalos e outros animais também serviram durante a guerra, e uma foto especial mostra o quanto suas contrapartes humanas apreciavam os cavalos de guerra e seu sacrifício.
Acredita-se que esta foto comovente em preto e branco tenha sido tirada por oficiais do Departamento Auxiliar de Remontagem No.326 em Camp Cody, Novo México, em 1919.
Zombou de pessoas que morriam asfixiadas pela covid, imitando a falta de ar e dizendo "Chega de mimimi...".
Agora, telefonou chorando para o médico: "Doutor, eu vou morrer..."
Mandou um avião da FAB às Bahamas buscar o doutor.
Era só um camarão mal digerido.
Patético, escroto, pulha, covarde, canalha, filho da puta, vergonha do Brasil.
Peraí, não foi esse cara que disse que "devíamos deixar de ser um país de maricas" e que zombou de quem estava com falta de ar?
O machismo é, quase sempre, um disfarce para a covardia. O machão bate em pessoas mais fracas, fala grosso com uma arma na mão, mas sai de fininho quando aparece alguém mais forte... E vai chorar no colo de um Aristides da vida.
Não tem problema nenhum de chorar no colo do Aristides, mas quem tem coragem e não é covarde, não esconde isto de ninguém.
E, sobretudo, não zomba da doença ou da fraqueza alheia. Só os fortes e corajosos são solidários. A covardia é a virtude dos fracos.
Via Tiago Luz
"As piadas com o presidencial intestino são todas muito engraçadas, mas no fundo não passam de um mecanismo pra contornar o trauma psicológico que seria lidar com o fato de que temos na presidência da república um sujeito que não sabe nem que tem que mastigar a comida, o conhecimento mais básico de mamíferos há milhões de anos. Eu me admiro que esse débil mental não consiga esquecer de respirar."
Moro muito tempo num condomínio de Juiz de Fora, Tiguera, que sempre foi caracterizado pela arborização e pelo verde. De uns tempos para cá foi tomado por alguns moradores que têm um verdadeiro horror ao verde, sempre reagindo ou reclamando sobre os problemas que a mata significa para eles: a sujeira dos jardins de concreto, o risco de algum galho cair sobre um dos carros e tantas outras questões. Tenho sempre me aborrecido com isto...
Decidi manter os meus lotes com o verde, apesar das contínuas reclamações de outros. Isso faz parte de uma filosofia minha, que vai ganhando raízes cada vez mais firmes: a defesa do mundo vegetal, assim como a defesa do mundo animal.
Lendo aqui o preciso livro do filósofo italiano, Emanelle Cocia, sobre a vida das plantas, sinto uma grande identidade com ele. Ele esteve presente na FLIP 2021, dedicada ao mundo vegetal.
Como ele diz, nós falamos pouco delas, das plantas, "e mal sabemos seus nomes. A filosofia as negligenciou desde sempre, com despreza mais do que por distração".
Elas são, na verdade, "a ferida sempre aberta do esnobismo metafísico que define nossa cultura".
Na visão de Coccia, mesmo na biologia atual, quase não se leva em conta as plantas. De fato "parece que ninguém jamais quis contestar a superioridade da vida animal sobre a vida vegetal e o direito de vida e de morte sobre a segunda: vida sem personalidade e sem dignidade".
Elas, as plantas, porém, "não se deixam abalar por essa prolongada negligência: demonstram uma indiferença soberana pelo mundo humano, pela cultura dos povos, pelas alternâncias dos reinos e das épocas".
E longe de estarem trancadas em si, aderem de forma esplêndida ao mundo circundante, num diálogo e entrelaçamento promissor.
Trata-se de um grave equívoco entendê-las como privadas de movimento: "Sua ausência de movimento é apenas o reverso de sua adesão integral ao que lhes acontece e a seu ambiente".
Segundo Coccia, "interrogar as plantas é compreender o que significa estar-no-mundo. A planta encarna o laço mais íntimo e mais elementar que a vida pode estabelecer com o mundo"
A poeta Ana Martins Marques dedicou um livro inteiro de poesia ao mundo dos jardins. Como Coccia, ela lembra num poema, que o florescimento das plantas ocorre "indiferente aos acontecimentos". É pura gratuidade!
As plantas são como o silêncio de Nossa Senhora.
Os esbirros de Bolsonaro
RUY CASTRO
— Às vezes falo aqui nos esbirros de Jair Bolsonaro. Já foi uma palavra comum na imprensa, mas ficou fora de moda, daí leitores me perguntarem o significado. Houve quem a confundisse com espirro, sem saber que, achando repulsivos os espirros de Bolsonaro, eu jamais macularia esse espaço com eles. Para outros, talvez eu quisesse escrever esporro, o que faria sentido — nunca houve presidente tão estúpido e dado a governar por esporros. E ainda outros arriscaram esparro e esbarro. De fato, as duas palavras têm a ver: esparro é aquele que dá um esbarro na vítima para o punguista bater-lhe a carteira. Bolsonaro fica bem nos dois papéis, de esparro e punguista.
Esbirro, tecnicamente, é um agente da polícia, um guarda, um guarda-costas. Mas é ainda sinônimo de beleguim, que, nos dicionários, remete a tira, capanga, jagunço, quadrilheiro, alguém entre a lei e fora dela. Os esbirros a que os velhos jornais se referiam eram a guarda pessoal de Getulio Vargas no Catete, comandada por Gregorio Fortunato, e os de Carlos Lacerda na Guanabara, em torno de Cecil Borer. Muita gente foi para o Caju ou para o Pronto-Socorro depois de passar por eles.
Bolsonaro ampliou o conceito de esbirro. Não se limita mais àqueles rapazes carecas e sarados, incrustados no Bope, na PM e até na Câmara dos Deputados, que ele e seus filhos gostam de condecorar. São agora qualquer um a quem ele delega o trabalho sujo, como o de executar certas medidas cruéis e violentas — Marcelo Queiroga, Augusto Heleno, Braga Neto, Luiz Eduardo Ramos, Fábio Faria, Mario Frias, Sérgio Camargo.
Esbirros que ficarão na história foram também Eduardo Pazuello, Abraham Weintraub, Fabio Wajngarten, Ernesto Araújo, Ricardo Salles, Sergio Moro, muitos mais. Não importa que alguns se tenham voltado contra o chefe. Um dia, ladraram e morderam em seu nome.
Os esbirros de Bolsonaro se julgam finos. Mas não são, não. Esbirro é esbirro.
Ruy Castro
Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.
FSP 5.01.2022
Filho indígena carrega pai para tomar vacina: tribo livre de Covid - Amazônia Sem Fronteira
Ainda sobre a questão da relação entre esquerda, universalismo e identitarismo, três pontos que faltou dizer no fio de uns dias atrás (e que eu desenvolvi num texto que saiu na Revista serrote no longínquo ano de 2020:
1) É verdade que há correntes nas lutas das chamadas "minorias" que são avessas à crítica ao capitalismo e ao questionamento de um sistema produtivo e distributivo que gera cada vez mais desigualdade. Mas quando elas se firmaram? Justamente, após a revolução neoliberal dos 70/80.
2) E quem se aliou a elas a partir dos anos 90, elegendo-as como interlocutoras privilegiadas? Muitos dos antigos partidos operários, que a essa altura já tinham se rendido ao consenso neoliberal.
Foi aquilo que Nancy Fraser batizou de "neoliberalismo progressista".
Notem a ironia: respondendo reativamente às demandas minoritárias pq que elas seriam alheias à "classe operária" (branca, masculina, cis-hetero...), esses partidos forçavam uma falsa opção: ou bem se fala de desigualdade e exploração, ou bem se fala de opressões –– os dois, não. Com isso, eles ajudaram a fortalecer quem dizia que não havia espaço dentro da esquerda para discutir opressões específicas e que estas transcendiam ou se opunham à questão de classe (ao invés de ser relativamente autônoma, mas necessariamente conectada a ela).
Décadas depois, porém, foram com essas forças que os antigos partidos operários se juntaram. Por quê? Porque àquela altura eles já tinham tirado de pauta a questão da transformação do sistema produtivo; e porque eles precisavam de uma nova base social, pois a antiga –– o operariado fabril –– havia sido destroçada pela desindustrialização nos países capitalistas centrais.
Esta história se tem um arco temporal e acentos diferentes em economias periféricas com movimentos organizados como a brasileira, mas há muito de análogo entre os casos.
3) Naquele texto do Serrote, eu sugeria que a política hoje se caracteriza cada vez mais por um "identitarismo" muito mais amplo que aquele que se costuma criticar nos movimentos de mulheres, negros, LGBTQ etc. Se vocês me perdoam a vergonha da autorreferência, cito uma passagem:
"Cada vez mais é a 'esquerda' como um todo, para além das diferenças internas irrelevantes para quem é de fora, que funciona como identidade. No sentido em que estou empregando o termo, o identitarismo é uma prática em que a performance individual de um repertório fechado de ideias, shibboleths, palavras de ordem, referências, preferências estéticas, figuras de admiração e repulsa etc. diante de um público de pares é mais importante para definir um perfil militante que a atuação em espaços coletivos. (...) Por essa lógica, o problema não é que nós não consigamos mover os outros, mas que os outros não sejam sempre já como nós.”
A causa original para esse fenômeno, eu propunha, estava justamente aquela virada iniciada nos anos 90:
"esse deslocamento para o terreno da cultura e dos valores atende, a partir dos anos 1990, à necessidade de dar coesão à ideia de esquerda na ausência de uma visão de longo prazo efetivamente distinta da economia de mercado e da globalização neoliberal. 'Esquerda' passa a ser, então, a identidade de quem reconhece os direitos de minorias, acredita na separação entre religião e Estado, e entende sua missão como consistindo em controlar os excessos do mercado e dos conservadores. Ao contrário da história que a 'esquerda anti-identitária' costuma contar, não foi porque passou a se preocupar com o ‘particular’ (negros, mulheres, indígenas, gays…) que a esquerda abriu mão do ‘universal’ (um projeto alternativo de sociedade); foi quando deixou de articular uma ideia própria do todo que ela preencheu o vazio com bandeiras particulares.”
Mas se agora estão nos prometendo que vamos encarar o “problema central” de frente e de maneira estrutural, quem sabe isso não muda, não é mesmo? (Contém ironia, mas sempre também um restinho de esperança.)
Enfim: muito obrigado por todos os comentários ao texto de uns dias atrás, que virou um artigo que deve sair este fim de semana na Folha Ilustríssima; e caso vocês tenham preguiça de ler o texto que acabei de citar (o que eu entendo perfeitamente bem), eu o discuto numa entrevista do ano retrasado.
Reza a lenda que um ministro chinês, em visita ao Brasil nos anos 2000, ao ser perguntado sobre o "segredo da China" para crescer, respondeu que a China estava fazendo o que o Brasil fazia nos anos 1970, e que não sabia por que o Brasil tinha parado de fazer. E não é que ele sabia mais do que a gente sobre o nosso próprio país? O caso da Telebrás (que Deus a tenha, porque a atual Telebrás é um fiapo do que era) é bem elucidativo:
"Desde a sua criação [em 1972], a Telebrás promoveu atividades de pesquisa e desenvolvimento com o objetivo de criar as condições para a geração autóctone de tecnologia em produtos de telecomunicação. Constituiu um departamento próprio com essa finalidade, firmando contratos com universidades e indústrias para a formação de pessoal especializado. Em 1976, a empresa fundou o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Padre Roberto Landell de Moura (CPqD), definitivamente instalado em Campinas (SP) em 1980. O principal objetivo do centro era permitir que novos produtos ali concebidos, desenvolvidos e projetados fossem industrializados em padrões competitivos de qualidade e preço, reduzindo a dependência da tecnologia estrangeira.
As próprias indústrias nacionais investiram bastante em pesquisa e desenvolvimento, estimuladas pela política industrial do Ministério das Comunicações durante o governo Geisel. As compras de equipamentos foram centralizadas pela Telebrás que procurou impor a nacionalização de componentes e o desenvolvimento de tecnologia local. A política de compras se pautou por uma divisão regional do mercado, pela qual os fabricantes puderam participar com quotas preestabelecidas e assim planejar suas linhas de produção. Algumas multinacionais concordaram em transferir e criar tecnologia no país em associação com empresas de capital brasileiro. A alemã Siemens e o grupo Hering formaram a Equitel; a sueca Ericsson e os grupos Monteiro Aranha e Atlântica-Boavista (mais tarde Bradesco) fundaram a Matel. A americana Standard Elétrica (ligada ao grupo ITT) desistiu de desenvolver tecnologia no país, sendo comprada pelo grupo Brasilinvest que se associou à japonesa NEC.
Entre os programas de alta tecnologia desenvolvidos pelo CPqD, merece destaque o de comutação eletrônica, responsável pela criação das centrais telefônicas digitais Trópico, comercializadas a partir de 1984. O centro também conseguiu o domínio da transmissão por fibras ópticas, repassando a partir de 1982 essa tecnologia de ponta para indústrias brasileiras. Produzida a partir do cristal de quartzo (cujas reservas mundiais são brasileiras em sua quase totalidade), a fibra óptica representou um avanço extraordinário para as telecomunicações em todo o mundo."
Fonte: FGV
Gênios do Brasil. Dercy e a psicanálise.
“A sua inteligência te abre.”
"Una cosa, tuttavia, è certa: si deve contribuire ad aumentare la scorta di amore su questa terra. Ogni briciola di odio che si aggiunge all'odio esorbitante che già esiste, rende questo mondo più inospitale e invivibile. E di amore ne ho tanto, tantissimo, così tanto che davvero può fare la differenza, non occorre andare a cercarlo"
′′No entanto, uma coisa é certa: você deve ajudar a aumentar a escolta de amor nesta terra. Cada migalha de ódio que se adiciona ao ódio exorbitante que já existe, torna este mundo mais inóspito e inviável. E de amor eu tenho tanto, tanto, tanto que realmente pode fazer a diferença, não preciso ir procurá-lo′′
Sem ação imediata, EUA correm risco de conflito civil e de perder democracia
JIMMY CARTER
Há um ano, uma turba violenta, conduzida por políticos inescrupulosos, invadiu o Capitólio, em Washington, e quase conseguiu impedir a transmissão democrática de poder.
Os quatro presidentes anteriores, incluindo eu, condenamos esses atos e confirmamos a legitimidade da eleição de 2020. Seguiu-se uma breve esperança de que a insurreição chocaria o país, levando-o a discutir a tóxica polarização que ameaça nossa democracia.
No entanto, um ano depois, os promotores da mentira de que a eleição foi roubada dominaram um partido político e instigaram a desconfiança em nossos sistemas eleitorais. Essas forças exercem poder e influência por meio da desinformação incansável, que continua jogando americanos contra americanos.
Segundo o Centro de Pesquisa sobre a Vida Americana, 36% dos americanos —quase 100 milhões de adultos em todo o espectro político— concordam que "o modo de vida tradicional americano está desaparecendo tão depressa que poderemos ter de usar a força para salvá-lo".
O jornal The Washington Post relatou recentemente que cerca de 40% dos eleitores republicanos afirmam acreditar que a ação violenta contra o governo às vezes se justifica.
Políticos do meu estado natal, a Geórgia, e também de outros, como Texas e Flórida, usaram a desconfiança que eles mesmos geraram para aprovar leis que dão poder a legislaturas partidárias para intervir em processos eleitorais. Eles tentam vencer por quaisquer meios, e muitos americanos estão sendo persuadidos a pensar e a agir desse modo, ameaçando ruir as fundações de nossa segurança e democracia com uma velocidade assustadora.
Hoje eu temo que o que lutamos tanto para alcançar globalmente — o direito a eleições livres e justas, sem a interferência de políticos autoritários que apenas buscam aumentar seu próprio poder — se tornou perigosamente frágil em nosso país.
Encontrei pessoalmente essa ameaça em meu próprio ambiente em 1962, quando um líder municipal tentou roubar minha eleição para o Senado estadual da Geórgia. Isso foi na primária, e contestei a fraude na Justiça. Ao fim, um juiz invalidou os resultados e eu ganhei a eleição geral. Depois disso, a proteção e o avanço da democracia tornaram-se uma prioridade para mim. Como presidente, um objetivo principal foi instituir a regra da maioria no sul da África e em outros lugares.
Depois que deixei a Casa Branca e fundei o Centro Carter, trabalhamos para promover eleições justas, livres e ordenadas em todo o mundo. Liderei dezenas de missões de observação eleitoral na África, na América Latina e na Ásia, começando pelo Panamá, em 1989, onde fiz uma simples pergunta aos administradores: "Vocês são autoridades honestas ou ladrões?".
Em cada eleição, minha mulher, Rosalynn, e eu ficamos comovidos com a coragem e a dedicação de milhares de cidadãos que caminhavam quilômetros e esperavam na fila do anoitecer até a madrugada para dar seus primeiros votos em eleições livres, renovando a esperança para si mesmos e seus países e dando seus primeiros passos para a autogovernança.
Mas também vi como novos sistemas democráticos — e às vezes alguns já estabelecidos— podem cair sob juntas militares ou déspotas famintos por poder. Sudão e Mianmar são dois exemplos recentes.
Para que a democracia americana perdure, devemos exigir que nossos líderes e candidatos mantenham os ideais de liberdade e respeitem padrões de conduta elevados.
Primeiro, enquanto os cidadãos podem discordar sobre políticas públicas, as pessoas de todas as cores políticas devem concordar sobre princípios constitucionais fundamentais e normas de justiça, civilidade e respeito ao estado de direito. Os cidadãos devem poder participar com tranquilidade de processos eleitorais transparentes e seguros.
Denúncias de irregularidades eleitorais devem ser apresentadas em boa-fé para a análise dos tribunais, com todos os participantes concordando em aceitar suas conclusões. E o processo eleitoral deve ser conduzido pacificamente, sem intimidação e violência.
Segundo, devemos pressionar por reformas que garantam a segurança e a acessibilidade de nossas eleições e deem à população confiança na exatidão dos resultados. Alegações falsas de votação ilegal e inúmeras auditorias inúteis só nos afastam dos ideais democráticos.
Terceiro, devemos resistir à polarização que está remodelando nossas identidades em torno da política. Devemos enfocar algumas verdades centrais: que somos todos humanos, somos todos americanos e temos esperanças comuns de que nossas comunidades e nosso país prosperem.
Devemos encontrar caminhos para nos reaproximarmos diante da divisão, de maneira respeitosa e construtiva, mantendo discussões civilizadas com a família, os amigos e os colegas de trabalho e resistindo coletivamente às forças que nos dividem.
Quarto, a violência não tem lugar em nossa política, e devemos agir com urgência para aprovar ou reforçar leis que possam reverter as tendências de assassinato de personalidades, intimidação e presença de milícias armadas em eventos.
Devemos proteger nossas autoridades eleitorais —que são amigos confiáveis e vizinhos de muitos de nós — de ameaças à sua segurança. Os órgãos policiais devem ter o poder de abordar essas questões e se envolver num esforço nacional para chegar a termos com o passado e o presente da injustiça racial.
Por fim, a disseminação de desinformação, especialmente nas redes sociais, deve ser enfrentada. Devemos reformar essas plataformas e adotar o hábito de buscar informação acurada. A América corporativa e as comunidades religiosas devem incentivar o respeito às normas democráticas, a participação em eleições e os esforços para conter a desinformação.
Nossa grande nação hoje vacila à beira de um abismo que se aprofunda. Sem uma ação imediata, corremos um verdadeiro risco de conflito civil e de perder nossa preciosa democracia. Os americanos devem pôr de lado as diferenças e trabalhar juntos, antes que seja tarde demais.
Jimmy Carter
39º presidente dos Estados Unidos
NYT/FSP 6.01.2022
A ''lacrosfera'' tuitera é uma gracinha. Critica o Papa por ter dito o óbvio: boa parte da crise demográfica ocidental advém de um individualismo extremo, que vê filhos como custo, enquanto os substituem por 'pets'.
Evidente que tratar cães e gatos como filhos se trata de uma minoração psicológica e existencial das pessoas. Faz parte da crise civilizatória do liberalismo, que destrói todos os laços comunitários, dissolvendo-os no ''consumismo perpétuo''.
Ao mesmo tempo, o tuitero acha um barato desenhos como 'O Poderoso Chefinho', que faz o mesmo tipo de crítica. Mas os donos de Hollywood podem, não é?
Cada sociedade tem suas próprias autoridades morais...
Via Domingos Roberto Todero
Via Roberto Dutra
Só há um alívio para quem ler o artigo que Pastore escreveu por Moro na Folha: é saber que os brasileiros, que já sofrem as agruras do Posto Ipiranga de Bolsonaro, não vão colocar um velho Posto Texaco ou Atlantic em seu lugar.
O Brasil já aprendeu que um país não funciona com um presidente que não entende nada de economia e tem que comer na mão de professores submetidos a interesses da velha escola de banqueiros sanguessugas.
Não adianta, também, como faz Pastore, vir com uma panela cheia de “boas intenções”, mas que oferece a mesma receita – com um ou outro tempero diferente – do mesmo modelo que faliu o Brasil.
Uma coisa que nunca vou perdoar é o fato de organizações da Igreja Católica terem dado apoio semi-institucional ao Bolsonaro.
O jornal, na sua modéstia, não expressa o que a matéria diz: O RS é líder do tráfico internacional, no país. O estado, modelo de toda a terra, conservador e pudico nos costumes e na política gosta de cheirar e vender cocaína. Estamos no topo apesar, ou não, dos governadores e secretários de segurança comprometidos com a controvertida “guerra ao tráfico”. Estamos no topo em cocaína apreendida, imaginemos a consumida.
Via Domingos Roberto Todero
A PRIMEIRA VINDA DOS IMIGRANTES ITALIANOS - 03.01.1874
A primeira viagem de imigrantes italianos para o Brasil começou no dia 3 de janeiro de 1874 no Porto de Gênova, no Vapor “Sofia” (foto colorizada) e desembarcaram no dia 21 de fevereiro de 1874 no Porto de Santos com a primeira leva de imigrantes italianos, composta por 380 famílias.
Em homenagem a esta data, desde 2008, o Brasil celebra o “Dia Nacional do Imigrante Italiano”, no país todo no dia 21 de fevereiro.
Das 2,5 milhões de pessoas que passaram pela antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás entre 1887 a 1978, mais de 700 mil eram provenientes da Itália, país que originou o maior movimento migratório internacional da história do Brasil.
Em homenagem a este povo tão influente na nossa história, deixo aqui minha singela homenagem à memória de todos italianos que deixaram sua Pátria.
A "Directional Theory of Issue Voting" entende a política como simbólica, direcional e de intensidade. E explica a disparada de Lula no último ano, galvanizando quase todo o eleitorado à esquerda, por simbolizar uma reversão na política econômica, com geração de empregos, abertura de concursos, acesso à faculdade, controle da inflação, aumento dos salários, conquista de renda e poder de compra.
Cada vez que Lula falou contra o teto e as demais reformas, cada vez que mudou o vocabulário austericida, falando em investimentos públicos, ele cresceu nas pesquisas.
Por parte do irrelevante Rodrigo Maia e seus associados é puro desespero alertar que Lula "perderá apoio do Centro", mesmo porque foi em detrimento e sob ações golpistas desse segmento que Lula ganhou o atual patamar eleitoral. Já por parte da ala à direita do PT, ansiosa por Alckmin, "responsabilidade" fiscal e quetais, é pura ignorância mesmo.
Via Faustino Teixeira
“Muito elogio é como botar água demais na flor. Ela apodrece”.
Clarice Lispector
Série mostra como Nara Leão foi mais que musa da bossa nova, da política ao samba
LUCAS BRÊDA
"A bossa nova me dá sono", diz Nara Leão numa entrevista exibida em "O Canto Livre de Nara Leão", série documental que acompanha a trajetória de uma das cantoras mais importantes da música brasileira. Ainda adolescente, a artista testemunhou — e fez parte — da gênese da bossa nova, nos encontros que reuniam os maiores ícones do gênero em seu apartamento, mas rompeu com o movimento antes mesmo de lançar seu primeiro disco.
De certa forma, Nara Leão estava sempre um passo à frente do seu tempo. "Sempre tive uma inquietação de achar que ela não tem o reconhecimento na cultura brasileira que ela merecia", diz Renato Terra, colunista desta Folha e diretor da série, cujos cinco capítulos chegam ao Globoplay nesta sexta (7). "Hoje a gente reconhece grandes artistas do século 20 —como Maria Bethânia, Elis Regina, Elza Soares, Carmen Miranda —, mas acho que a Nara merecia estar junto com essas artistas."
Em "O Canto Livre de Nara Leão", essa tese é desenvolvida com uma vasta pesquisa de imagens de arquivo, entrevistas e documentos que levam o espectador para os anos 1960 ou 1970, quando ela viveu seu auge. A série tenta explorar a artista em toda sua complexidade — da inquietação artística à coragem política, passando pela quebra de paradigmas no comportamento.
"Pela intuição e pela coragem, ela abria caminhos para a música brasileira — e não individualmente para ela. Todo mundo na cultura brasileira reconhece e tem uma certa gratidão por isso. Mas sua personalidade não a permitia se vangloriar por isso."
A série mostra como ela nunca batalhou pelo título de "musa da bossa nova", que ganhou muito graças às famosas cenas, então incomuns, do joelho à mostra quando tocava violão. Os encontros com gente como Roberto Menescal — seu grande amigo até a morte —, Ronaldo Bôscoli, Tom Jobim e João Gilberto, entre outros, ganham vida no documentário, quando ela aparece mais como mascote do que como musa do movimento.
Nara era a garota que recusava maquiagem e circulava curiosa entre os compositores. Sabia todas as letras de cor e tocava um violão visto como "de homem", como ela diz na série. "Até hoje não entendi como eu era musa, sendo que todo mundo me espinafrava. Os meninos não me davam muita colher de chá, achavam que eu cantava mal [...]."
De "garota bossa nova", no canto e no cabelo Chanel, ela foi deixando de lado a expressão daquela juventude conforme se encantava pelo samba do morro, apresentado a ela por Carlos Lyra, e incorporou no repertório composições de gente como Nelson Cavaquinho e Cartola. Dali em diante, não parou mais.
"Ela tinha um jeito de se vestir e uma postura muito modernos para a época. Revelou grandes compositores, como Chico Buarque e Edu Lobo. Gravou um disco cantando músicas de Erasmo e Roberto Carlos quando grande parte da música ainda torcia o nariz para eles. Foi uma das primeiras artistas brasileiras a se manifestar politicamente. Fez um espetáculo fundamental logo depois do golpe militar, que foi o 'Opinião'."
Mesmo tímida, Nara estrelou o espetáculo histórico ao lado de João do Vale e Zé Keti, e foi ela quem chamou Maria Bethânia para lhe substituir no papel depois de uma viagem à Bahia — dando um empurrão fundamental para o tropicalismo. "Acho que a Nara é tropicalista antes do tropicalismo. Essa coisa de pegar ritmos brasileiros — baião, marchinha — e juntar com o que estava se fazendo na vanguarda internacional, ela personificou isso. Tinha uma alma tropicalista antes de o tropicalismo acontecer."
Vinda de uma família de classe média, Nara era bem aceita em círculos artísticos que iam dos intelectuais da zona sul do Rio aos sambistas do morro, mas teve um famoso desafeto — Elis Regina. "O Nelson Motta falou isso, mas acabou não entrando na série, que era uma briga em que só uma queria brigar. A Elis falava mal da Nara nos jornais e ela não respondia."
Nas entrevistas, ela levantava discussões sobre questões femininas que eram tabu na época. "Desde o começo da carreira, a Nara falava sobre o uso da pílula anticoncepcional, a importância do divórcio e coisas sobre a liberdade feminina que foram muito importantes."
Nara também foi uma das primeiras artistas a se posicionar publicamente sobre política, numa entrevista um tanto inocente em que debochou do Exército — e quase acabou presa. "Tem uma coragem muito grande ali. Mesmo depois de entender as consequências, de receber ameaças de prisão dos militares nos jornais, da repercussão toda, ela manteve as palavras, não recuou."
A perseguição política e o sucesso estrondoso de "A Banda", música de Chico Buarque famosa na voz de Nara, acabaram contribuindo para a saída dela do país, num exílio em que a cantora se afastou da música para se dedicar à maternidade. Morreu em 1989, após anos tratando um tumor no cérebro.
"A Nara era um farol dentro da música brasileira. E por isso ela é respeitada por todo mundo. Sempre que quisemos marcar entrevista para o documentário, as pessoas diziam, ‘se é para falar da Nara, eu topo’. É porque ela era um farol sem querer brilhar. Sem querer jogar os holofotes para cima dela."
O CANTO LIVRE DE NARA LEÃO
Quando: 7 de janeiro
Onde: Globoplay
Produção: Conversa.doc
Direção: Renato Terra
FSP 6.01.2022
Via Cesar Benjamin
A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite foi criada em 1980, com o objetivo de imunizar toda a população infantil brasileira.
Entretanto, apesar de quase 42 anos de campanha, o Brasil não registra casos da doença há 33 anos.
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Ou seja, nos primeiros nove anos de vacinação, ainda se contraía a doença. Sabem por quê? A vacinação, para agir de forma efetiva, precisa sobretudo de um pacto coletivo que não possibilite que ninguém fique de fora. Além disso, faz-se necessário doses de reforço periódicas.
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Como forma de exigir a vacinação infantil, tanto para a poliomielite quanto para outras doenças, a apresentação da carteira de vacinação tornou-se obrigatória para matrícula em escolas.
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E se ainda temos pessoas que não estão nem aí para o pacto coletivo... Ou seja, que não entendam que a decisão antivacina dela interfere na circulação, mutação e propagação do vírus, faz-se necessária a exigência do passaporte vacinal.
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A meu ver, com a vacinação de crianças que já irá iniciar este mês, deve-se exigir que conste da cartela de vacinação para fins de matrícula.
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Sua escolha sobre vacinação impacta na minha saúde também. Embora o vírus cause menores danos sobre vacinados, eu gostaria muito de não ter que conviver mais com ele. E ele continuará circulando, enquanto não atingirmos uma meta eficaz ou enquanto os países mais pobres não conseguirem se vacinar. A vacinação não funciona de uma hora para outra, haja vista o exemplo da vacinação da poliomielite citado acima.
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Por isso, se seu vizinho vacinado pegou COVID, não venha com a conversa fiada de que a vacina não é eficaz. Ele provavelmente não está internado, o que já comprova a eficácia da vacina, que aumentará - de fato - quando TODOS se vacinarem.
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Sendo assim, não importa em quem você votou ou qual político você - de forma patética - defende. Vacine-se por você, por sua família, por mim, pelo mundo.