Breves do Facebook

Foto: PxHere

14 Dezembro 2021

Arthur Luiz

 

Renato Janine Ribeiro

Julian Assange merece o Prêmio Nobel da Paz, pelas revelações que fez sobre crimes dos poderosos.

Em vez disso, o Reino Unido vai mandá-lo passar o resto da vida numa cadeia dos EUA.

O silêncio da mídia, nacional e mundial, sobre esse crime é ensurdecedor.

 

Domingos Roberto Todero

Roberto Robaina

Julian Assange é um dos jornalistas mais perseguidos do mundo. Preso e ameaçado de ser extraditado para os EUA, onde sua pena será a prisão perpétua ou a morte, o que é dificil de dizer o que é pior. Seu crime foi ter revelado a diplomacia secreta do estado norte americano. O aparato de segurança do império não perdoa tamanha ousadia. Revelar as mentiras e crimes da sua diplomacia secreta deve merecer a pena máxima. Eis a lógica da política da burguesia mundial.

Julian Assange tem derrame em prisão de segurança máxima na Inglaterra. Disponível aqui.

 

Cesar Benjamin

Hoje, há 53 anos, a ditadura militar baixou o Ato Institucional n.5, cujas consequências são bem conhecidas. Entre outras medidas, o secular instrumento jurídico do habeas-corpus foi suspenso, de modo que as pessoas passaram a poder ficar incomunicáveis nas prisões por tempo indeterminado. Era a senha para a generalização da tortura como método de investigação.

Assisti ao anúncio do AI-5 junto com amigos do movimento secundarista, na casa de um deles. Era uma noite lúgubre, com uma chuva fina que lembrava um filme de terror. Parecia mais escura do que as noites normais. Logo que a cadeia nacional de televisão foi encerrada, passaram em nossa frente dois cavalarianos da PM, fazendo ronda.

Percebemos imediatamente que tudo mudara. Decidimos, então, sair de nossas escolas e nos dispersar nos subúrbios. Comecei um curso técnico que, segundo nossos planos, me levaria depois a uma fábrica, mas nem isso foi possível. Em 1969, deixei de ver minha família, recebi meu primeiro conjunto de documentos falsos e passei à clandestinidade.

Tudo o que veio depois, e que durou dez anos, começou no AI-5. Minha vida mudou naquela noite.

 

Caíque Fellows

Para quem não se lembra, ou não viu, a edição do Jornal do Brasil naquele dia, noticiou na previsão do tempo, no canto superior esquerdo do jornal:

 

Horizonte Ampliado

Darcy Ribeiro

 

Machado de Assis, o bruxo do Cosme Velho

"A floresta está viva. Só vai morrer se os brancos insistirem em destruí-la. Se conseguirem, os rios vão desaparecer debaixo da terra, o chão vai se desfazer, as árvores vão murchar e as pedras vão rachar no calor. A terra ressecada ficará vazia e silenciosa. Os espíritos xapiri, que descem das montanhas para brincar na floresta em seus espelhos, fugirão para muito longe. Seus pais, os xamãs, não poderão mais chamá-los e fazê-los dançar para nos proteger. Não serão capazes de espantar as fumaças de epidemia que nos devoram. Não conseguirão mais conter os seres maléficos, que transformarão a floresta num caos. Então morreremos, um atrás do outro, tanto os brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo. Quando não houver mais nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele vai desabar."

- Davi Kopenawa, prólogo, no livro "A queda do céu – palavras de um xamã Yanomami", de Davi Kopenawa Yanomami e Bruce Albert. Companhia das Letras, 2015.

Davi Kopenawa Yanomami - o grande sábio. Disponível aqui.

 

Julinei Hermes

 

Jornal GGN

O documentário "LEVARAM O REITOR - Quando o modelo Lava Jato adentrou uma Universidade" será lançado na próxima segunda (13).

GGN lança documentário inédito sobre caso Cancellier na segunda (13). Assista ao trailer. Disponível aqui.

 

Madalena Depaula

Da Fernanda Penkala

 

Renato Janine Ribeiro

Miriam Leitao critica Moro.

 

Idelber Avelar

"Acredito que a frase 'leitura obrigatória' é um contrassenso; a leitura não deve ser obrigatória. Devemos falar de prazer obrigatório? Por que? O prazer não é obrigatório, o prazer é algo procurado. Felicidade obrigatória! A felicidade nós também procuramos. Fui professor de literatura inglesa durante vinte anos na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires e sempre aconselhei a meus estudantes: se um livro os aborrece, deixem-no; não o leiam porque é famoso, não leiam um livro porque é moderno, não leiam um livro porque é antigo.

Se um livro é tedioso para vocês, deixem-no; mesmo que esse livro seja o Paraíso Perdido--que para mim não é tedioso--ou o Quixote--que para mim também não é tedioso--. Mas se há um livro tedioso para vocês, não o leiam; esse livro não foi escrito para vocês. A leitura deve ser uma das formas da felicidade, de modo que eu aconselharia a esses possíveis leitores de meu testamento--que não penso escrever--, eu lhes aconselharia que lessem muito, que não se deixassem assustar pela reputação dos autores, que continuem procurando uma felicidade pessoal, um gozo pessoal. É o único modo de ler".

(J. L. B. )

Tradução: I. A.

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Dedicado a todos os professores universitários que vivem esse estranho e vingativo prazer, o de criar cursos obrigatórios.

 

Faustino Teixeira

Próximo dia 15 de dezembro completam-se 12 anos de morte de um grande teólogo da libertação, dos mais espirituais, o chileno Ronaldo Muñoz. Tive a alegria de conhecê-lo e fazer com ele uma longa entrevista em 1989, quando então participava de um encontro de teólogos latino-americanos em Embu-Guaçu (São Paulo). Estávamos elaborando um vídeo sobre a teologia da libertação, que depois saiu em quatro blocos: Igreja dos pobres, Bíblia: Deus vivo, Espiritualidade da libertação, Uns e outros: o desafio da inculturação. O trabalho saiu divulgado em livro e 4 vídeos produzidos pelo Iser-Vídeo.

A reflexão eclesiológica de Muñoz foi importante para o meu trabalho doutoral sobre as CEBs no Brasil. Suas reflexões sobre a espiritualidade da libertação são singelas e radiantes, como algo que brota do fundo do coração. Ele disse a respeito, em 1989:

“Depois de quase dezoito anos de convivência com os pobres, compartilhando ao menos em parte o seu sofrimento e também o seu carinho, devo dizer que tomei consciência de que o Deus de Jesus Cristo, meu Deus, é um Deus de um povo. De um povo sofrido e esperançado, capaz de uma grande acolhida e de uma grande ternura. Por isso devo dizer que para mim o carinho de meus vizinhos, dos meus irmãos de comunidade, entre os pobres, tem chegado a ser as mãos de Deus que me sustentam na vida e na alegria de viver”

(Em: Faustino Teixeira – Org. Teologia da libertação. Novos desafios. São Pulo: Paulinas, 1991, p. 73)

 

Fernando Altemeyer Junior

 

Filosofando

 

JRicardo Oliveira

Atualização de uma cena muito antiga...

 

Irio Genz

Via Edelberto Behs

 

Paulo Rezzutti

Hoje, há 157 anos, em 13 de dezembro de 1864, teve início o maior conflito armado da América do Sul: a Guerra do Paraguai, que só teria fim mais de cinco anos depois, em 1º de março de 1870.

Desde antes das independências dos países latino-americanos, a estratégica região do Rio da Prata sempre foi palco de conflitos, inicialmente entre portugueses e espanhóis, posteriormente entre os países que surgiram ali. Em 1864, o Uruguai estava em guerra civil, e brasileiros foram perseguidos e tiveram suas fazendas atacadas, inclusive no Brasil. Apesar dos esforços do país, da Argentina e da Inglaterra para pôr fim à crise, com representantes reunindo-se tanto com o presidente Aguirre e o chefe da rebelião, Venâncio Flores, a guerra civil continuou, e com ela os ataques aos brasileiros. Em agosto, o governo brasileiro ameaçou intervir militarmente no Uruguai para proteger seus cidadãos; em resposta, o Paraguai protestou.

Com a elevação das tensões, o Uruguai rompeu relações com o Brasil, que invadiu o país em 12 de outubro de 1864. Como retaliação, o Paraguai sequestrou o vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o novo presidente do Mato Grosso, e em 13 de dezembro declarou guerra ao Brasil. Em 27 e 28 de dezembro, os paraguaios atacam o forte Coimbra, na região onde hoje fica Mato Grosso do Sul. A queda do forte abriu caminho para a conquista de Corumbá, Miranda e Dourados. Seis meses depois, em junho de 1865, invadiram o Rio Grande do Sul e ocuparam Uruguaiana, de onde seriam desalojados menos de dois meses depois pelo Exército brasileiro.

O dia de hoje também marca o nascimento de duas pessoas que se destacariam na guerra do Paraguai. Uma é o marquês de Tamandaré, que assumiu em 1864 o cargo de comandante das operações navais brasileiras. A outra é Ana Nery, pioneira da enfermagem no Brasil. Ela solicitou ao governador da Bahia permissão para acompanhar o irmão e os filhos para a guerra. Incorporada ao 10º Batalhão de Voluntários, em agosto de 1865, prestou serviços nos hospitais militares de Salto, Corrientes, Humaitá e Assunção.

 

Alonso Gonçalves

Depois de sua prisão, outro prisioneiro fez a seguinte pergunta para Dietrich Bonhoeffer: como podia um pastor protestante participar da resistência?

O que respondeu: "O que se deve fazer quando um louco, na direção de um carro, avança sobre a calçada de uma grande avenida, em uma grande cidade? Deve-se apenas recolher os mortos e feridos ou parar, a qualquer custo, o louco e seu carro?".

 

Aldo Ambrózio

Documentário fundamental seja para quem ainda insiste em pensar num país entregue à boçalidade tosca, seja para quem ainda tem alma e educação num país entregue à perversão ordinária das sobras do que há de pior do passado colonial.

Tomara que todos lembrem-se quem são os senhores Moro e Dellagnol em 2022.

A subida destas criaturas ao governo federal colocará em ato este tipo de terrorismo de Estado em todas as esferas deste país já sem alma, vergonha e, quiçá, futuro.

 

Sergio Gonçalves

Sem palavras.....

 

Faustino Teixeira

Hoje, 14/11/2021, celebramos um dos mais expressivos místicos de toda a tradição cristã e, talvez, da espiritualidade universal: João da Cruz. De suas esplêndidas obras destaca-se o “Cântico Espiritual”, um dos mais sublimes poemas de amor de todos os tempos. Com João da Cruz, a linda experiência da cristalina fonte, onde a amada, ao observar a fonte, capta não o seu rosto, mas a feição do Amado que nela se encontra aconchegado. É desse Amado que ela bebe o mais profundo sumo, vislumbrando o toque essencial da Unidade. O Amado se vê refletido e esboçado em toda a criação: “Meu Amado, as Montanhas”. Ele é igualmente a “ilha estranha”, ao mesmo tempo próximo, mas infinitamente distante, inacessível aos santos, anjos e mesmo a Jesus, que, para os cristãos, é sua expressão mais viva no tempo. Viva João da Cruz.

 

Rudá Ricci

Notas sobre o perfil do bolsonarista

Por Rudá Ricci

Farei um breve resumo sobre as informações que temos sobre o perfil do bolsonarista a partir dos dados recentes. Trabalhei esses dados na live do DCM do domingo (tendo como convidado João Feres Jr) e live de segunda do Instituto Cultiva a partir de um conjunto de pesquisas quantitativas e qualitativas:

1) Existem dois tipos de bolsonaristas: o raiz e o arrependido. Mas, ambos têm, em média, ensino médio (incompleto e/ou completo) e renda média (classe média baixa). São homens brancos, na sua maioria;

2) A variável mais consistente (que se relaciona com maior frequência com o voto em Bolsonaro) é a religião, além da instrução. Bolsonarista é, muitas vezes, evangélico, membro de uma rede social militante, que fica no ouvido o dia todo e se torna objeto de doutrinação;

3) Não por outro motivo que a família (a tradicional, composta por pai, mãe e filhos) aparece como central no seu imaginário. Trata-se de uma família idealizada, uma busca (como a busca da Terra Prometida);

4) A família, em especial a mãe, é um esteio para a redenção, a expiação dos pecados. Que faz a ponte para a participação nas igrejas. A mãe é compreendida como aquela que define a noção de respeito e dignidade. Fonte de apoio permanente e acolhida;

5) Pela mãe (e igreja), todos erros e pecados que o bolsonarista cometer são depurados. Como ela é o esteio da correção e unidade familiar, a noção de ordem social advém desta relação subjetiva com a família. Em suma: família = mãe = ordem = reintegração social (e sucesso pessoal);

6) O sucesso pessoal, então, é recompensa divina que tem na mãe seu instrumento. Complicado, não? Se há proximidade com a mãe, estará mais próximo da redenção, da absolvição e, portanto, da recompensa;

7) A esquerda, e especial, o PT, entram neste ponto: insistem em dar aula de sexualidade para crianças nas escolas, deteriorando o respeito familiar e conspurcando contra a figura sagrada da mãe;

8) Outro elemento do ideário do bolsonarista raiz é o espírito de vira-lata. Para eles, o Brasil é um país desqualificado. Daí o ideal que os EUA representam para esse segmento. E, se os EUA são tão bons, suas leis e costumes são melhores que os nossos: caso do porte de armas;

9) Se o porte de armas e a ordem são irmãos-gêmeos para os bolsonaristas, o golpe militar não é. Uma minoria bolsonarista apoia a volta do regime militar. Mas, defendem a participação das FFAA no governo. Aqui tem uma relação com o pensamento conservador – que está vinculado à noção de ordem: conservador não gosta de agitação, de reacionarismos, de arroubos. Defende a ordem para pode revelar o quanto é bom trabalhador. Com agitação, o país revira de cabeça para baixo, impedindo sua carreira de sucesso (ao menos, é sua esperança);

10) O bolsonarismo raiz é, enfim, confuso, contraditório e parece uma esponja que acolhe muitas teorias e fontes de informação. Trata-se da tal cultura "fuzzy".

11) Por esse motivo, o bolsonarismo está mais para o fascismo que para o nazismo. Fascismo é permutável, ou seja, troca valores com outras forças e doutrinas com certa facilidade. O nazismo não, é impermeável e excludente. O fascismo é debochado, como o bolsonarismo;

12) Para terminar, o bolsonarista arrependido. Surpreendentemente, muitos são progressistas e alguns até se definem como de esquerda. Dizem que avaliaram que era hora do "PT dar um tempo" e que o cachimbo já estava entortando a boca dos petistas;

13) O arrependido percebeu o erro com poucos meses da posse de Jair. E está tão arrependido que diz que fará campanha para Lula em 2022. Perguntei para João Feres se este arrependido pode abrir a porteira e atrair mais bolsonaristas sem convicção. Resposta: cada vez mais difícil. Estamos chegando no “núcleo duro” do bolsonarismo raiz. (FIM)