19 Outubro 2021
Heraldo do Monte, certa vez, disse que estudou música “por puro amor. Acho que ela é uma espécie de deusa que escolhe pessoas e as escraviza com sua beleza”. Essa beleza pode ser vista em sua carreira de mais de 60 anos e nas diversas contribuições do músico para a consolidação da Música Popular Brasileira.
A reportagem é de André Cardoso, estagiário e aluno do curso de Jornalismo da Unisinos.
Muito mais que um músico, Heraldo foi um erudito, um estudioso. Estudou dez anos de clarinete e, sozinho, estudou violão, cavaquinho e bandolim. O professor Faustino Teixeira, em mais uma aula do curso livre “Mística e Espiritualidade”, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, afirmou que o músico é um dos maiores intérpretes da história do Brasil e que pensa “fora da caixa”.
Heraldo foi integrante do Quarteto Novo, banda instrumental formada em 1966 e composto por Theo de Barros (contrabaixo e violão), Airto Moreira (bateria e percussão) e Hermeto Pascoal (flautista), e foi lá que consolidou seu estilo. “Quem introduz a viola na música brasileira foi o Heraldo do Monte, que, a princípio, nem queria tocar viola”.
O grupo marcou presença nos Festivais da Canção nos anos 60 e a parceria com Geraldo Vandré, principalmente nas canções Disparada e Ventania, marcou a breve carreira do grupo, que se encerrou em 1969.
A música do Quarteto Novo, diz Teixeira, “ia ao encontro dos anseios mais profundos de transformação daquele espírito da época. O Quarteto buscava o ritmo brasileiro mais profundo, despindo-se de toda roupagem do jazz. Tornou-se uma espécie de chancela da sonoridade do Brasil, que veio inspirar a todos”. Essa sonoridade fica evidente no único disco lançado pelo grupo em 1967.
Durante o debate, a partir de uma pergunta que buscava entender a importância do músico para a Bossa Nova, Teixeira explicou que não há uma relação direta entre os dois. “Heraldo do Monte foi para outra direção. A Bossa Nova foi para um caminho e o Quarteto Novo foi para outro. O Quarteto Novo está ligado a músicas de protesto. Há também toda uma instrumentação no Quarteto que não havia na Bossa Nova”.
Enquanto a Bossa Nova é “banquinho e violão”, a música de protesto ou instrumental vai buscar as raízes da música popular brasileira, sobretudo na música nordestina. “São continuidades distintas: o caminho da música de protesto é diferente do caminho da Tropicalia, que é diferente do caminho do Roberto Carlos, que é diferente do caminho da Bossa Nova”, diz.
O curso livre “Mística e Espiritualidade” segue nesta quinta-feira, 21-10-2021, com uma aula sobre “Mutantes e Arnaldo Baptista”. Ela será realizada das 14h às 16h, com transmissão na página eletrônica do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, no Canal no YouTube e nas redes sociais do IHU.
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Música por puro amor: A erudição de Heraldo do Monte e do Quarteto Novo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU