14 Outubro 2021
A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) denunciou 12 pastores, expulsos da denominação, de desvirarem para suas contas pessoais em torno de 3 milhões de reais avindos de dízimos e ofertas recebidas na capital federal. A denúncia está sendo investigada pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor), da Polícia Civil de Brasília.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A IURD suspeita que o grupo é liderado pelo ex-pastor regional Nei Carlos dos Santos, informa o portal Metrópoles. Os religiosos abriram empresas de fachada para lavar o dinheiro conseguido com os desvios, principalmente recursos do chamado “Culto dos 318”, reunião de fiéis voltada a empresários e pessoas que queiram melhorar a vida financeira.
O comportamento financeiro de Nei dos Santos, com salário de 2,9 mil reais por mês pagos pela Universal, chamou a atenção da liderança. No ano passado, ele comprou um apartamento de luxo na Quadra 208 da Asa Norte, bairro nobre de Brasília, por 2,6 milhões de reais, com parcelas mensais de 87,7 mil reais. Também adquiriu três carros, no valor de 248 mil reais.
Nei dos Santos foi consagrado pastor da Universal de 1997, ascendeu à posição de pastor regional no Distrito Federal em 2003, dando suporte espiritual a colegas de vários templos da capital. Também tinha acesso irrestrito às ofertas e doações dos membros.
Sem conhecimento da IURD, Nei dos Santos abriu uma empresa de psicologia e consultoria em tecnologia da informação, com capital social declarado de 500 mil reais. Em sociedade com o colega Welison Fernandes Pereira, o pastor regional constituiu outra empresa, a New Gestão Empresarial.
Mirelle Pinheiro e Carlos Carone, repórteres do Metrópole, apuraram que os doze suspeitos constituíram empresas de consultoria, tecnologia e transporte em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.
Mas o negócio mais lucrativo de Nei dos Santos, tudo indica, está vinculado a aplicações em criptomoedas. O nome do pastor apareceu em documentos apreendidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal e há indícios de que ele era um dos sócios-administradores de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o Faraó dos Bitcoins, preso pela PF no Rio de Janeiro em agosto passado. O religioso teria movimentado 68 milhões de reais nessas transações, informa repórter Mirelle Pinheiro, do Metrópoles.
Nei conseguiu recrutar 950 clientes até novembro de 2020 para o negócio que funciona como uma pirâmide financeira, operada pela GAS Consultoria e Tecnologia, constituída em março de 2015 por Glaidson Acácio dos Santos, que operava à margem da fiscalização e do Sistema Financeiro Nacional.
Os advogados da IURD informaram à polícia, em documento, que uma das premissas da igreja é a dedicação integral à atividade religiosa. A Universal busca subsidiar necessidades básicas dos colaboradores, porém “sem qualquer tipo de luxo ou ostentação”, princípio que seu líder máximo, o bispo Edir Macedo, não segue, uma vez que é dono de apartamentos de luxo e de jatos executivos.
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Mexeram no dízimo da Universal em Brasília - Instituto Humanitas Unisinos - IHU