21 Setembro 2021
O cardeal Francis Xavier Nguyen Van Thuan é louvado como uma testemunha da alegria da esperança, no marco do 19º aniversário da sua morte.
A reportagem é de UCA News, 20-09-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Os católicos da região central do Vietnã celebram o cardeal Francis Xavier Nguyen Van Thuan como uma testemunha de alegria e esperança ao comemorar o aniversário de sua morte.
Em 16 de setembro, o bispo Joseph Vo Duc Minh, de Nha Trang, celebrou uma missa especial no bispado marcando o 19º aniversário da morte do venerável Francis Xavier Nguyen Van Thuan, que serviu na diocese entre 1967 e 1975.
Cardeal Van Thuan com João Paulo II. Foto: Vatican News
Apenas alguns padres e seminaristas compareceram à missa devido ao estrito distanciamento social para conter o surto da variante Delta. A missa foi transmitida ao vivo no site diocesano.
O bispo Minh disse que a população local está imensamente orgulhosa de ter o venerável Thuan como pai, mestre e pastor, que os reuniu no aniversário de sua morte.
De acordo com a tradição católica e nativa, os aniversários de morte são oportunidades para reuniões familiares.
O prelado de 77 anos disse que seu antecessor, que foi declarado venerável em 2017, indicando que viveu uma vida de virtudes heroicas, é conhecido como uma testemunha de esperança. Seu nome está incluído nas exortações apostólicas que frequentemente mencionam nomes de santos.
A história do cardeal falecido, especialmente sua sentença de 13 anos de prisão, chamou a atenção especial dos líderes do Vaticano, disse ele.
Em 2006, o cardeal Renato Raffaele Martino, ex-presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, pediu-lhe que ficasse com a velha casa onde o cardeal morava e todas as lembranças de sua vida depois que o Vaticano aprovou a causa de beatificação do cardeal.
Dom Minh contou que ao falar que vinha de Nha Trang, sucedendo ao cardeal Thuan, o Papa emérito Bento XVI disse que “ele é um santo”.
O bispo disse que o falecido cardeal também trouxe glória ao seu amado povo vietnamita, pois, onde quer que ele fosse e o que quer que fizesse, ele sempre disse que sua pátria era o Vietnã e que ele era vietnamita.
Explicando o seu lema, o ex-presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz afirmou: “A minha mensagem é sorrir porque estou intimamente associado ao Concílio Vaticano II e a Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo moderno Gaudium et Spes (Alegria e Esperança). Portanto, as pessoas cheias de alegria e esperança devem expressar sorrisos alegres”.
O bispo Minh disse que a população local ainda se lembra das palavras do cardeal dizendo que “Nha Trang está em meu coração”, embora ele tenha deixado a Igreja local há 46 anos.
Uma semana antes de o Vietnã do Sul cair nas mãos dos comunistas em 30 de abril de 1975, o Vaticano nomeou dom Thuan como arcebispo coadjutor de Saigon, agora cidade de Ho Chi Minh. O governo rejeitou sua indicação e o mandou para a prisão por 13 anos, nove deles em confinamento solitário em Hanói.
O prelado, sobrinho do presidente católico do Vietnã do Sul, John Baptist Ngo Dinh Diem, assassinado em 1963, e o arcebispo Peter Martin Ngo Dinh Thuc, viajaram para o exterior em 1991 e foram proibidos de voltar para casa pelo governo. Ele foi nomeado cardeal em Roma 10 anos depois.
O bispo Minh disse que o cardeal silenciosamente gravou sua despedida emocionada à população local em uma ordenação sacerdotal assistida por algumas pessoas na casa do bispo em 7 de maio de 1975, antes de se mudar para Saigon. Ele começou a chorar por amar sua diocese.
Ele disse que o cardeal Thuan sussurrou “Nha Trang” no seu último suspiro em 16 de setembro de 2002, em Roma. Ele tinha 74 anos.
“Embora ele já tenha falecido, ele ainda vive entre nós. O amor nunca se perde, a vida nunca se perde, pois Deus é amor, a fonte do amor nunca morre nem se esgota”, disse o bispo.
Dom Minh falou que a vida de seu antecessor foi a de um santo. “Ele era um pai atencioso e um bom e verdadeiro pastor, que se misturava felizmente com todo o povo, tanto os poderosos quanto os pobres, e aqueles em áreas urbanas e rurais”.
Ele disse que o venerável Thuan, que era cheio da graça de Deus e dedicado à Mãe Maria, sempre deu sorrisos gentis para aqueles que encontrou como um presente.
Dom Minh disse que o falecido cardeal, que escreveu a famosa obra “The Path of Hope” (“O Caminho da Esperança”, em tradução livre) na prisão, dá testemunho de esperança para as pessoas hoje durante a pandemia de covid-19, que causa grande perda de vidas, dor e sofrimento em todo o mundo.
“Em um estado de tamanha turbulência, precisamos do testemunho de esperança e nos apegar à esperança. Ele nos lembra da esperança que é se voltar para a Mãe Maria com o rosário, e Jesus, o único Salvador do mundo”, disse ele.
Uma dúzia de padres que dão aulas no Seminário Maior Stella Maris, em Nha Trang, concelebraram uma missa para marcar o aniversário de morte do cardeal. Eles expressaram sua profunda gratidão a ele por ter lançado uma base sólida para a formação sacerdotal.
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