"Hora da Anvisa baixar uma norma de que só entra no Brasil quem tomou vacina contra COVID." Atila Iamarino
Via Cesar Benjamin
Vergonha Internacional!
Membro da comitiva de Bolsonaro em Nova York testa positivo para Covid-19
"O diplomata faz parte da equipe que organizou os preparativos para a viagem e está isolado num quarto no hotel da delegação do governo"
20 de setembro de 2021, 14:11 h
Presidente da República Jair Bolsonaro, deixa o Consulado Geral do Reino Unido, após o encontro com o Primeiro Ministro do Reino Unido, Boris Johnson. 20/09/2021 (Foto: Alan Santos/PR)
"247 - Um diplomata que integra a delegação do governo Bolsonaroque está em Nova York para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) testou positivo para covid-19, segundo a CNN Brasil."
Membro da comitiva de Bolsonaro em Nova York testa positivo para Covid-19. Disponível aqui.
Socorro!
Não seria MARAVILHOSO?!
-Universidade de Utrecht, a mais antiga e bem ranqueada instituição de ensino superior holandesa, anunciou uma reforma em suas regras de contratação e promoção, abolindo o uso de indicadores bibliométricos como o fator de impacto (FI) para mensurar a relevância da produção de seus docentes.
No novo modelo [...] os pesquisadores serão avaliados sem computar o número e a influência de seus papers, mas sim com base na qualidade do ensino, no compromisso de atuar em equipes e na disposição de compartilhar dados de pesquisa - Revista Fapesp.
O tema que já vinha sendo debatido ganha novos contornos na comunidade acadêmica.
Novas réguas para medir a qualidade. Disponível aqui.
Agric Fam Ecológica, Cooperativismo. Pe. Remi no rádio
Documento mostra quem são, quais os interesses e como operam os representantes do agronegócio em Brasília. Disponível aqui.
Um diplomata brasileiro da delegação de Bolsonaro em Nova York está infectado pelo coronavírus. É a manchete dos sites de esquerda no momento, mas ainda escondida pelos jornalões.
A notícia que acalma o bolsonarismo é esta: o homem é um servidor do batalhão precursor, que foi preparar a viagem e não estava, claro, no mesmo avião de Bolsonaro.
Mas e se foi esse o cara que comprou a pizza e fez a distribuição das fatias ontem na calçada?
A TAREFA DE MICHEL É DESTRUIR BOLSONARO
Michel Temer continua espalhando informações que desmoralizam Bolsonaro e constrangem a militância de extrema direita. Temer fez agora, em participação virtual do Fórum Liberdade e Democracia, mais uma declaração que denuncia o acovardamento de Bolsonaro.
Fica claro que, na conversa do sujeito com Alexandre de Moraes, depois dos atos golpistas de 7 de setembro, Bolsonaro pediu mais do que trégua ao ministro que havia chamado de canalha. Temer mostra que ele pediu clemência.
O escrevinhador de cartas contou no evento que, no telefonema, Moraes foi cordial, “mas sem que recuasse um milímetro daquilo que juridicamente ele faz”.
Tudo o que Temer tem feito, desde o encontro em que mediou o recuo de Bolsonaro, é expor o valente da Paulista como um covarde diante da incapacidade de dar o golpe.
Por que o golpista de 2016 se comporta assim? Porque Temer sabe que Bolsonaro é um traste já sem serventia. Entre ficar com o traste e fazer média com o Supremo, do qual todo poderoso ou ex-poderoso depende, o certo é ficar do lado forte.
Temer joga um Bolsonaro moribundo aos urubus e fica bem com o seu afilhado Alexandre de Moraes, que indicou para o STF, ao exibi-lo como um ministro que não se dobra.
Todas as suas declarações até agora mostram um Bolsonaro desesperado. Moraes, ao atender o telefonema e exigir a publicação da nota com a retratação de Bolsonaro, venceu o homem que durante mais de um ano ameaçou o Supremo e chegou a dizer na Paulista que não mais cumpriria ordens do próprio Moraes.
Ao buscar a pacificação, Temer conseguiu muitos feitos. O primeiro foi o de impedir que Bolsonaro continuasse fazendo ameaças que poderiam provocar, não um golpe, mas um caos político sem controle.
O segundo, e mais importante, é que Bolsonaro foi encaminhado ao confessionário de Moraes, ajoelhado no milho, para ser enquadrado como um coitado.
Temer convenceu Bolsonaro a assinar a carta, ou não teria trégua, e depois o sujeito foi destruído por Moraes. O que Temer faz agora é apenas a divulgação completa do serviço que realizou.
O que o mediador acaba transmitindo nas entrelinhas a todos, entre amigos, inimigos, golpistas e ex-bolsonaristas, é que Bolsonaro sempre foi apenas um blefe.
Temer expôs a face covarde de Bolsonaro, não aos que já o conhecem e fazem oposição aos seus desatinos, mas aos que pensam conhecê-lo como machão, incluindo os militares que prestam serviços ao governo em postos de confiança.
Lula disse nessa sexta-feira, em entrevista à Rádio Sagres, de Goiás, que Bolsonaro “apenas assinou aquela carta como prova de sua fragilidade”.
Lula é um homem elegante. Bolsonaro assinou a carta em que admite que perdeu porque se acovardou. É muito mais do que fragilidade.
A cena que resulta na cartinha e no telefonema vira o teatro em que Temer tenta ajudar na criação do ambiente que poderia favorecer o surgimento da terceira via.
Um Bolsonaro destruído é a única chance de viabilizar o que eles ainda chamam de candidatura de centro para enfrentar Lula.
O melhor serviço prestado até agora aos fabricantes do Frankstein da terceira via foi o de Michel Temer. Mas queremos mais. Tem que manter e ampliar isso, viu?
Moisés Mendes
Um importantíssimo trabalho feito pelo Mailson Cabral, de resgate de uma das pioneiras da análise do discurso na política no Brasil, a Profa. Maria Emília A. T. de Lima.
Quem leu o “Eles em nós” se lembra das páginas dedicadas a dialogar com o excepcional livro de Maria Emília, “A construção discursiva do povo brasileiro”, sobre os discursos de primeiro de maio de Getúlio Vargas. Livro do começo dos anos 1990, publicado pela editora Unicamp.
Para quem quiser conhecer melhor o trabalho de Maria Emília, o artigo de Mailson passa a ser referência obrigatória.
MARIA EMILIA AMARANTE TORRES LIMA: um resgate da memória da Análise do Discurso no Brasil
Em suas famosas teses sobre o conceito da História, Walter Benjamin diz que "Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo 'tal como ele propriamente foi'. Significa apoderar-se de uma lembrança tal como ela cintila num instante de perigo". Essa afirmação traz implicações que não deveriam ser esquecidas ou negligenciadas por aqueles que, em alguma medida, ocupam-se com o trabalho de interpretação histórica.
Ao narrarmos uma memória, temos por objeto uma lembrança. Nela, inscreve-se o rastro de uma presença que já não existe e que corre o risco de se apagar, de não se fazer memória. E lembranças que não se inscrevem na memória são como pegadas na areia da praia: apagam-se pela força das ondas do mar. A reconstrução de um passado, nesse sentido, faz-se sobre os rastros deixados por ele. E os vestígios do que se passou não se organizam por si só, tal como as coisas se sucederam, mas conforme somos mais ou menos afetadas por elas. Nesse sentido, o olhar que lançamos sobre o passado depende de nossa relação com o momento presente. É aí, precisamente, que uma pergunta não pode deixar de ser feita na construção de uma narrativa: o que desejamos dar a ler?
A história que venho dar a ler, situa-se nos entremeios de uma disciplina, a Análise do Discurso de linha francesa, que tem como um dos expoentes centrais o filósofo Michel Pêcheux. Para ser mais preciso: a Análise do Discurso que evoca essa tradição no Brasil e que toma como ponto de partida os estudos desenvolvidos por Eni Orlandi, principal expoente da área no país.
No entanto, Orlandi não foi a única a cruzar o Atlântico trazendo às ideias de Pêcheux. Paralelamente, um grupo de pesquisadores do Setor de Psicologia Social da Universidade Federal de Minas Gerais também travou contato com as ideias do filósofo, estando em contato direto com Pêcheux, no início dos anos 1970, no departamento em que ele trabalhava na Universidade Paris VII. Eram três os viajantes que, por mais de uma década, mantiveram contato com o círculo pecheutiano. Foram eles: Célio Garcia, Marília Novais Machado e Maria Emilia Amarante Torres Lima. Esta última viveu onze anos na França, onde tornou-se orientanda de Pêcheux e teve sua tese de doutoramento defendida em 1983. Posteriormente, ela foi publicada em livro, no Brasil, pela editora da Universidade de Campinas, com o título A construção discursiva do povo brasileiro: os discursos de 1º de maio de Getúlio Vargas, em 1990. A produção acadêmica dessa autora, nesse contexto, marca não só um importante momento do desenvolvimento das ideias na Análise do Discurso, mas também um estudo pioneiro sobre o populismo.
No jogo de forças das narrativas, todavia, esse percurso foi esquecido e uma memória, por consequência, silenciada na história da Análise do Discurso. As publicações que se ocupam em refazer o percurso histórico da área no Brasil simplesmente não mencionam ou conferem pouca importância à obra dessa intelectual e ao Setor de Psicologia Social.
O artigo que acabo de publicar pela “Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso”, periódico qualis A1, tem por propósito fazer um resgate da trajetória intelectual de Maria Emilia Amarante Torres Lima (1949-2019) na Análise do Discurso. O texto – que também conta com uma excelente tradução para o inglês feita por Túlio Miranda – é fruto de quase sete meses de pesquisas (realizadas entre fevereiro e agosto de 2019) num verdadeiro processo de investigação para construir uma narrativa que pudesse transmitir a memória dessa pesquisadora, além de elaborar uma visão muito particular, e até agora pouco explorada, sobre a história da Análise do Discurso.
Gostaria de agradecer, em especial, à professora Marília Novais Machado que gentilmente me recebeu em sua casa em BH. Sem sua ajuda, esse trabalho não teria sido possível.
OBs.: Na foto, Maria Emilia em seu período na França.
Maria Emilia Amarante Torres Lima: um resgate da memória da Análise do Discurso no Brasil. Disponível aqui.
Lançamento. Clique em “Ver mais” para ler a sinopse.
O PREÇO DO MONOTEÍSMO
JAN ASSMANN
Tradução de Markus Hediger e Marijane Lisboa.
304 páginas – de R$ 82,00 por R$ 49,20 no site da editora.
Durante milênios, a humanidade conheceu apenas religiões de culto, politeístas, de âmbito local ou regional, enraizadas na história de cada povo, confinadas nos limites da sua língua e da sua cultura. A elas pertenciam os antigos deuses egípcios, babilônicos e greco-romanos, entre outros. As semelhanças entre tais religiões permitiam que se estabelecessem correlações entre elas, com fronteiras fluidas e até intercâmbio de deuses.
Foi tremenda a alteração trazida pelas religiões reveladas, monoteístas, consolidadas em textos canônicos e dotadas de vocação universal. Elas não resultaram de processos evolutivos, mas de atos revolucionários, apresentando-se como portadoras de verdades que não se veem mais como complementares a outras verdades. Fora da sua ortodoxia estão a heresia, o paganismo, a superstição e a idolatria.
As religiões de culto lidam com o sagrado manifestamente presente no mundo, encarnado em objetos e lugares ou representado em imagens. Para as religiões do livro, porém, as coisas do mundo são armadilhas que desviam a atenção. O sagrado é inacessível aos sentidos.
Nas religiões arcaicas, o texto, quando existia, estava inserido no ritual e subordinado a ele. No monoteísmo, o ritual passa a ser um acompanhante da leitura e da interpretação de escrituras canônicas. Elimina-se a exuberante teatralidade dos cultos.
Em um caso, rito, imagens e imanência. Em outro, escrita, abstração e transcendência. Nessa transição, o sacerdote cede lugar ao intérprete, ao erudito, ao pregador.
Tudo isso é o que Jan Assmann chama de “distinção mosaica”, em referência ao fundador do judaísmo. Não se trata de um evento histórico específico, mas de uma ideia reguladora, cujo efeito transformador – e civilizatório – se estende por séculos. Mas, ao separarem rigidamente o verdadeiro e o falso, o certo e o errado, o bem e o mal, as verdades reveladas induzem as religiões à intolerância e ao antagonismo. É o preço do monoteísmo.
César Benjamin
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Alunos alfabetizados em Angicos contam.
Viva Paulo Freire.
Escrevi três pequenos anexos ao meu artigo "Educação básica, o começo de tudo", que se tornou um capitulo do meu livro "Ensaios brasileiros". Eles resumem muito sinteticamente a ação de três grandes educadores brasileiros: Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.
No centenário de Paulo Freire, que será comemorado no próximo dia 19, publico aqui o Anexo sobre ele. No próximo ano teremos o centenário de Darcy Ribeiro.
* * *
Anexo II
Os incontornáveis: Paulo Freire (1921-1997)
Em 1959, Paulo Freire publicou "Educação e atualidade brasileira", sua tese de concurso para a Escola de Belas Artes de Pernambuco. Mas só em 1963, durante o governo de Miguel Arraes, tornou-se nacionalmente conhecido pela difusão do método de alfabetização de adultos que leva o seu nome.
Sua proposta se inseria em um longo esforço para lidar com um dos maiores problemas brasileiros da época: cerca da metade da nossa população adulta era analfabeta.
Desde a criação do Ministério da Educação e Saúde, em 1930, o país ensaiava reagir. Datam de 1931 a reorganização do ensino secundário e a criação das estatísticas educacionais; de 1934, a criação do primeiro Plano Nacional de Educação; de 1938, do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (Inep); de 1942, do Fundo Nacional do Ensino Primário, junto com a promulgação das leis orgânicas do ensino; de 1945, da Campanha Nacional de Educação de Adultos; e de 1959, da Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo.
Como todos os demais assuntos, a educação de adultos também foi capturada pelas tensões políticas e ideológicas da época, dominada pela Guerra Fria. E o método Paulo Freire, que combinava alfabetização e politização, logo foi apropriado pelas forças de esquerda e hostilizado pelas de direita. Até o golpe militar de 1964, ele foi adotado pela grande maioria de movimentos envolvidos em educação popular no Brasil.
Por meio de entrevistas, as equipes precursoras pesquisavam os modos de vida em uma localidade, transcrevendo fielmente as palavras usadas pela população, com seus significados peculiares. Definia-se assim o chamado “universo vocabular mínimo” dos moradores. Dele se extraíam as “palavras geradoras”, que combinavam riqueza fonêmica e uso frequente pela população local.
Apresentadas às turmas de alfabetização em “situações-problema”, significativas para os alunos, essas palavras eram sucessivamente desmembradas, para depois serem remanejadas junto com as turmas. Novas associações de sílabas e letras criavam novas palavras. O conjunto de “palavras geradoras” escolhido para uma comunidade deveria se desdobrar em todas as possibilidades silábicas da língua, em níveis de dificuldade crescente.
Em um grupo de trabalhadores da construção civil, por exemplo, a palavra geradora “tijolo” podia evocar “situações-problema” que permitiam debates. Ao mesmo tempo, a mesma palavra gerava novas combinações fonêmicas, sempre sob a condução do coordenador. Assim, ela se expandia para outras possibilidades, em sucessivos rearranjos. Conforme registrou Lauro de Oliveira Lima, “compreendido o processo e aplicado nas primeiras situações, está o analfabeto tecnicamente alfabetizado, consistindo a atividade, daí por diante, na ampliação do número de chaves para enfrentar as situações mais diversas”.
Os coordenadores reformulavam as respostas e produziam novas perguntas, de modo a estimular a reflexão coletiva. Educador e educando aprendiam juntos, o primeiro sobre a vida das populações, o segundo sobre leitura e escrita. Considerados como agentes ativos da sua própria educação, os adultos eram, ao mesmo tempo, alfabetizados e conscientizados, seguindo uma metodologia original, acessível e facilmente replicável.
Paulo Freire foi um alvo preferencial do golpe militar de 1964, sendo forçado a passar muitos anos no exílio. Até hoje sua obra é polêmica, mas é um marco na educação brasileira.
Via Cesar Benjamin
Adoniran Barbosa e o Samba do Arnesto
O Samba do Arnesto é uma das músicas mais interessantes e conhecidas de Adoniran Barbosa, um verdadeiro cronista da vida paulista. Usando uma linguagem coloquial, carregada de erros gramaticais, o que era uma de suas marcas mais características, esse samba, gerou diferentes histórias e explicações, que o próprio autor inventava. O Arnesto do samba, que se chamava Ernesto realmente existiu, e desmentiu a história em que é personagem no samba. Num livro da série Anotações com Arte, que na verdade é uma agenda do ano de 2010, quando foi publicado, a história é contada:
"Ernesto Paulelli diz que nunca convidou Adoniram para um samba no Brás, nem deixou um bilhete pendurado na porta. De onde então, veio a inspiração para escrever a letra do Samba do Arnesto? Veio de um fato real? É pura ficção? Com as várias versões sobre a origem da letra, Adoniran criou mais uma lenda urbana: a história do Arnesto é mito ou realidade? O que se sabe é que o nome Arnesto teve inspiração num fato real.
Num domingo, num bar no centro da cidade, Adoniran pede um cigarro a um frequentador. O homem diz que não fuma. E Adoniran, na bucha, diz: 'Então, me dá seu cartão'. Era o cartão de Ernesto Paulelli. Adoniran lê o cartão e comenta: 'Arnesto?'. O jovem músico retruca que é Ernesto, com E. Adoniran não se dá por vencido: 'É Arnesto. E vou fazer um samba pra você, Aduvida?'. Esse encontro aconteceu em 1938 a Adoniran só foi compor o samba em 1952. Vinte anos depois, Adoniran deu duas explicações para a inspiração. Para a TV Cultura ele inventou uma história maluca:
'O Arnesto existiu... mora no Brás, o malandro. Irmão do Nicola Caporrino. O Ernesto Caporrino. Ele convidou a gente pro samba. Eu fui lá com meus maloqueiros. Com fome... Disse que tinha comida... Não tinha nada, sabe? Cheguei lá... você quer ver uma coisa? Marcaram ao meio-dia... cheguei à uma. Tinha uma panela de arroz só coma casca do arroz embaixo.'
Para a História da Música Popular Brasileira, da Abril Cultural, Adoniran foi mais eloquente:
'Um dia saí da Record e fui à procura do Joca e do Mato Grosso. Eles tinham me convidado para um samba na casa de um amigo do Joca, que morava no Brás. O amigo do Joca se chamava Ernesto, mas a turma chamava de Arnesto. Apanhamos o bonde na Praça Clóvis e rumamos para o Brás. Descemos na rua Bresser e caminhamos até a terceira travessa, aonde morava o Ernesto. Era um cortiço, e quando chegamos lá ficamos sabendo que o Arnesto não tinha recebido o dinheiro para fazer o baile. Envergonhado, fechou a maloca e se mandou para a Penha. Decepcionados, voltamos para a cidade e dentro do bonde veio a vontade de fazer esse samba.'
Seis anos depois, declarou ao jornal Viver, de Campinas:
'Arnesto também é imaginação. Ele não existe, não, é imaginação, mesmo.' O parceiro dessa música, o Nicola, tem a explicação final. Ele conta que Adoniran apareceu em sua casa para levá-lo à praia. Como estava sem grana, Nicola se escondeu e mandou dizer que não estava. Mas Peteleco, o cachorro de estimação de Adoniran, entrou na casa e achou Nicola em seu quarto. Envergonhado, ele decidiu contar a verdade ao amigo. E foi Adoniran quem sugeriu: 'Da próxima vez, você põe um recado na porta'.
Nicola concordou e disse que isso dava samba. Adoniram também achou que dava samba e disse que ia homenagear um colega a quem tinha prometido um samba há muitos anos atrás. Esse colega era o Ernesto Paulelli!"
Postado por márcio de aquino
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Certa vez Adoniran deu uma entrevista memorável .
No curso dessa entrevista ele disse que tinha uma frustração porque ouvia essa música ser interpretada e cantada pelas pessoas com grande entusiasmo e alegria. Até que, um dia, assistindo um programa com a Elis, teve a enorme satisfação de vê-la interpretar sua canção íntima e sofridamente, no mesmo tom intimista de uma lamento.
Disse que ela fez a leitura genuína da canção. E que pode realmente apreciar a interpretação de sua poesia.
O mais legal foi que, logo após esse depoimento bacana, colocaram a apresentação da Elis. E vou te falar... é bárbara!
A FARÇA FARROUPILHA: O MASSACRE DE PORONGOS!
Os negros foram recrutados para a Guerra Farroupilha e acreditaram que seriam pagos com a liberdade.
Mas ao cabo de quase de 10 anos de lutas, estes exímios combatentes de cavalaria, com lanças compridas, decisivos em muitas batalhas, conhecidos como Lanceiros Negros, foram massacrados para facilitar as negociações com o Império, para selar paz para ambas as partes.
Pois teve o consentimento dos proprietários de terras do RS, patrocinadores da guerra, que não iriam suportar negros livres, entre seus trabalhadores escravos. Não seria um bom exemplo.
Esta covardia hipócrita foi planejada pelos "nossos heróis" : o militar Davi Canabarro, que os mandou para o Cerro dos Porongos, hoje Pinheiro Machado, sem suas lanças e o Barão de Caxias enviou as tropas imperiais para o extermínio final. Depois foi condecorado como Duque de Caxias e se transformou no Patrono do Exército Brasileiro.
Esta armadilha foi sempre suprimida e com outras versões, de acordo com estas os mortos foram de 170 a 800 lanceiros. Os que conseguiram escaparam continuaram escravos.
Por isso se diz que nosso racismo é estrutural, maquiado por fake news, varando nossa história chegando até 20.10.20 com o espancamento e sufocação, pela cor de sua pele, Beto Freitas, 40 anos, no Carrefour de Porto Alegre.
Neste 20 de Setembro a certeza que nossa luta pela igualdade continua. Um dos objetivos principais do Artinclusão.
Ilustrações de Thiago Krening.
Em tempo: Como alguns não conheciam este massacre e que esta postagem não é uma opinião, nem fake news , mas um fato histórico que aconteceu poderão pesquisar e aqui sugiro a leitura desta reportagem, ou este vídeo:
Comentário abalizado do Professor de História: Ruy Guimarães
A tal "revolução" nunca o foi! Tampouco há o que comemorar. Muito menos para o povo negro, dada a Traição de Porongos. Por que nunca foi revolução? Porque revolução implica transformação radical das estruturas econômicas e sociais. E esta nunca foi a intenção dos auto proclamados "revolucionários". Por que não há o que comemorar? Porque os tais "revolucionários" arreglaram pro Império no Tratado de Ponche Verde. Portanto, esse 20 de setembro é pura ideologia de latifundiários pra emgambelar povo desavisado. Não comemoro esta data e tampouco canto o hino dos estancieiros.