26 Mai 2021
"Quando eu toquei na majestade pela primeira vez, senti uma energia que nunca havia experimentado. Algo inexplicável".
Zé Claudio e a 'Majestade'.
(Foto: Felipe Milanez)
Poema de Fernanda Soares publicado na página do Facebook do Instituto Zé Cláudio & Maria, 24-05-2021.
Hoje completam 10 anos desde que Maria e Zé Claudio tiveram seus sonhos ceifados e foram brutalmente arrancados de nós.
As lágrimas não secaram, os corações não se acostumaram com a ausência e a sede de justiça não foi saciada.
Mas as sementes germinadas a partir deles, não param de dar frutos!
E falando em frutos, não podemos esquecer jamais da majestade que foi adotada por Maria e Zé e eles por ela.
Falar deles é falar da Majestade e todas as Florestas!
No assentamento Praia Alta Piranheira
no interior de nova Ipixuna
Tem uma árvore mãe chamada majestade
Ela fica no sítio do casal Maria e Zé
Dois extrativistas que foram assassinados
Porque acreditavam que árvores como a majestade deveriam ser respeitada.
Acreditavam que a natureza que tanto nos nutre,
Também precisa de sustento
Quando eu toquei na majestade pela primeira vez,
Senti uma energia que nunca havia experimentado
Algo inexplicável
Quando a toquei de novo esse ano, não com só as mãos, mas com a alma
Senti que a majestade também sentia
E que como nós, chorava
No seu belíssimo e longo tronco
Apareceram buracos
E neles caranguejeiras e teias
Cada ano mais galhos caem
Como se ela de certa forma desistisse de lutar
Depois que a crueldade levou seus dois companheiros.
Tentei repassar pra ela todo amor que existia em mim
Meus olhos marejavam, queria que ela soubesse que as coisas iam ficar bem
E que nem eu, nem outros, desistiriam até que a justiça fosse feita.
A majestade é uma castanheira.
Acredita-se que é a mais velha do lugar.
Mãe
De todas as outras.
Dos outros.
Nossa
Mesmo que ela, exausta, resolva descansar
Não descansaremos nós
Se a floresta
A majestade
Deixam frutos
Maria e Zé não seriam diferente
Somos as sementes
Da luta por um mundo melhor
Para uma agricultura mais agrecologica
Uma vida mais digna
Uma sociedade mais irmã
Maria e Zé não foram os primeiros
A majestade não será a última
E nossa luta não será só história ou estatística
Terá um dia resultando
Porque se hoje plantamos a semente
É na certeza
De que se não nós, nossos descentes
Um dia colherão a vitória.
Maria e José, a luta segue em pé!
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“No assentamento Praia Alta Piranheira, no interior de nova Ipixuna, tem uma árvore mãe chamada Majestade” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU