17 Mai 2021
“A perda da oportunidade com a vacina da Pfizer é perturbadora. A constatação de que ofertas para estabelecermos acordos de cooperação para acesso à vacina foram desperdiçadas demonstra a falta da atenção dedicada a assunto tão crítico e ajuda a entender a escassez de doses no momento. Sabe-se lá quantas outras oportunidades foram perdidas” – Esper Kallás, médico infectologista, professor titular da Faculdade de Medicina da USP – Folha de S. Paulo, 17-05-2021.
“O posicionamento de nossos representantes foi especialmente desprovido de visão estratégica. Demonstraram menosprezo à importância das vacinas, levantaram dúvidas infundadas sobre a segurança dos estudos e fizeram menções pejorativas ao voluntarismo em pesquisas clínicas. Além disso, ajudaram a retroceder avanços conquistados em décadas pelos programas de vacinação no Brasil” – Esper Kallás, médico infectologista, professor titular da Faculdade de Medicina da USP – Folha de S. Paulo, 17-05-2021.
“Estamos, infelizmente, pagando um preço alto demais por tantas decisões erradas” – Esper Kallás, médico infectologista, professor titular da Faculdade de Medicina da USP – Folha de S. Paulo, 17-05-2021.
“A verdade é que, não fossem os adversários, reais (Doria) ou imaginários (China), de Bolsonaro, o número de brasileiros vacinados seria próximo de zero. A OMS, organizadora do consórcio Covax, também foi alvo constante de ataques bolsonaristas” – Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia – Folha de S. Paulo, 17-05-2021.
“Segundo os depoimentos, extremistas como Carlos Bolsonaro e Filipe Martins participavam das reuniões com vendedores de vacina sem terem qualquer qualificação na área médica, em suas próprias especialidades ou em qualquer outro ramo da aventura humana. Se estavam ali, era para garantir a aposta na imunidade de rebanho, na guerra contra a China e contra os “globalistas” da OMS” – Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia – Folha de S. Paulo, 17-05-2021.
“O que é o mal, Maria? Nos debatemos com esse dilema desde sempre. Até viver horrores como esse apenas pelos livros, eu tinha muitas dúvidas sobre nomear o mal. Me parecia simples demais, fácil demais. Mas, hoje, Maria, depois do que tenho testemunhado com meu próprio corpo, preciso dizer que o mal existe. Bolsonaro é o mal, Maria. E Bolsonaro foi engendrado nesse mundo, nessa época histórica, por essa sociedade, por essa conjunção de genes e de acasos, por essas circunstâncias” – Eliane Brum, jornalista e escritora – El País, 05-05-2021.
“Bolsonaro tenta fazer o mal desde que o Brasil sabe de Bolsonaro. Ele era militar do Exército e já planejava colocar bombas nos quartéis. Por interesses de um grupo e de outro, quem deveria barrá-lo não o barrou. E, de impunidade em impunidade, o mal assumiu o poder. E, por isso, seu pai perdeu a vida e você ficou sem pai. Você, Maria, e dezenas de milhares de outras crianças. Quando eu finalmente for capaz de ter essa conversa com você, talvez sejam centenas de milhares de outras filhas e filhos sem pai ou sem mãe. Porque hoje, quando escrevo essa carta para você, Maria, o mal ainda governa o Brasil” – Eliane Brum, jornalista e escritora – El País, 05-05-2021.
“Vou interromper o mal para falar do seu pai. Do contrário, também eu não suporto, Maria. Algumas pessoas, com a melhor das intenções, eu sei, me dizem que era a hora do seu pai, que ele já tinha cumprido sua missão nesse plano. Eu afirmo, com toda convicção: não era a hora de o Lilo morrer. Ao contrário, continuava sendo a hora de o Lilo viver. Seu pai me contava, apenas algumas semanas antes, que apesar de toda a dureza de enfrentar uma pandemia, ele vivia um dos melhores momentos da sua vida. Porque ele vivia apaixonado por sua mãe e porque ele tinha você, Maria. E ele sonhava em ensinar a você tudo o que ele sabia” – Eliane Brum, jornalista e escritora – El País, 05-05-2021.
“Não, Maria, não acredite nem por um segundo que era hora de o seu pai morrer. Não era. Seu pai, como centenas de milhares de brasileiros, morreu porque Jair Bolsonaro e seu Governo executaram um plano de disseminação do novo coronavírus para, supostamente, alcançar o que chamam de “imunidade de rebanho”. Sim, Maria, como gado. “Alguns vão morrer, lamento, essa é a vida”, era assim que o presidente do Brasil falava” – Eliane Brum, jornalista e escritora – El País, 05-05-2021.
“Enquanto escrevo essa carta para você nenhuma brasileira, nenhum brasileiro está seguro do dia seguinte. E não estará, até que Bolsonaro seja impedido de seguir executando seu plano de morte” – Eliane Brum, jornalista e escritora – El País, 05-05-2021.
“E por tudo o que não presta seu pai foi morto, Maria. Ele possivelmente se contaminou com covid-19 ao documentar em vídeo o ecocídio produzido pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte na Volta Grande do Xingu. Esse crime já foi denunciado pelo Ministério Público Federal, mas ainda assim segue sendo perpetrado por conivência do Governo Bolsonaro. Quando você puder ler essa carta, Maria, você já terá descoberto. Ainda assim, preciso te dizer. Você, Maria, nasceu e crescerá numa cidade transfigurada por uma obra corrupta e corruptora. Altamira, Maria, se tornou a cidade mais violenta da Amazônia. Nesse cenário de cataclisma climático provocado por ação humana, adolescentes começaram a se matar em série no início de 2020. Vamos acordar desde já, Maria, que você aprenderá com sua mãe a resistir a todas as formas de morte” – Eliane Brum, jornalista e escritora – El País, 05-05-2021.
“Penso que a imagem de Bolsonaro de incompetente com tendências homicidas já está consolidada. Será difícil reverter isso, o que o torna um candidato muito vulnerável em 2022, especialmente diante de um Lula turbinado. Mas ele tem um grupo expressivo de seguidores fiéis e é o detentor da poderosa Bic presidencial, o que ainda o deixa forte o bastante para barrar o caminho de outros candidatos da direita. Isso põe as forças conservadoras diante de um interessante dilema. Se querem um candidato com mais chance de derrotar Lula, a melhor estratégia talvez seja promover o impeachment de Bolsonaro, a fim de liberar o nicho da direita” – Helio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 16-05-2021.
“Ela (a obra sobre a teoria da dependência, em especial o livro escrito com o chileno Enzo Faletto) foi exageradamente compreendida. O objetivo do trabalho era fazer uma crítica às teses da Cepal sobre o desenvolvimento econômico, chamando atenção para aspectos que não eram tomados em conta, como as instituições, a democracia e as diferenças na estrutura econômica dos países. Muitos pensavam na época que éramos todos dependentes e continuaríamos sendo, a menos que viesse o socialismo. Nunca foi a nossa visão. Não era automático que passaríamos da dependência para o socialismo. Nem haveria, como não existe hoje, uma independência completa” – Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da República – Folha de S. Paulo,16-05-2021.
“Muitos leram nosso livro como se fosse um manifesto terceiro-mundista, mas ele nunca foi isso. Queríamos que os países tivessem o máximo de autonomia que pudessem, mas no contexto da globalização, que ainda não tinha esse nome e estávamos descobrindo” – Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da República – Folha de S. Paulo,16-05-2021.
“Ainda temos aqui (no Brasil) problemas que não se justificam, porque a desigualdade de renda no Brasil é muito acentuada. Além do que seria razoável, mesmo para um país capitalista. E acho que tem uma coisa mais grave do que isso, ou tão grave quanto. Nós naturalizamos a pobreza. Tivemos um grande avanço na educação primária e com a criação do Sistema Único de Saúde, mas precisamos também de empregos para quem tem só esse nível de conhecimento” – Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da República – Folha de S. Paulo,16-05-2021.
“Depois da pandemia, teremos uma agitação grande. As pessoas vão querer espaço. E precisaremos de governos capazes de entender a realidade, que não fechem os olhos à realidade. O Brasil tem muitas bolhas, mas não dá para governar numa bolha” – Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da República – Folha de S. Paulo,16-05-2021.
“Ao longo de 2019, vimos que há uma base formada por pessoas acima de 45 anos, principalmente homens. Há aqueles que são pró-armas, favoráveis à violência e adotam posturas abertamente antidemocráticas. Há até um certo saudosismo de regimes autoritários. Esse grupo forma uma base muito fiel, e é possível que estejamos falando de algo em torno de 10% a 15% dos eleitores. Ao contrário do que parece, quanto mais absurda for a gestão de Bolsonaro, com declarações de pouco apreço à vida e outras coisas que poderiam afastar eleitores, mais esse nicho aprova. Precisamos olhar para a realidade e nos dar conta de que existe um tipo de eleitor que quer isso mesmo. Por outro lado, nem todo mundo que votou em Bolsonaro é bolsonarista. Há eleitores mais voláteis ou mais pragmáticos que podem votar em outra pessoa, dependendo de quem estiver concorrendo” – Isabela Kalil, antropóloga – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“O “eu autorizo” seja um apelo antidemocrático, não dá para negar. Além disso, há a questão do voto impresso. Bolsonaro está tentando desacreditar o sistema como um todo. Então, há nessas manifestações três pontos: entregar a autoridade ao chefe do Poder Executivo, mesmo que de forma autoritária; liberdade para o trabalho; e dizer que há fraude no sistema eleitoral” – Isabela Kalil, antropóloga – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“Pesquisas às quais partidos de centro tiveram acesso praticamente põem fim ao sonho de construir uma candidatura única que encarne a “terceira via”. O grupo dos “nem-nem” é heterogêneo, com mais divergências do que a convergência de ser contra o PT e o atual presidente. Os dados reforçam o que marqueteiros e pesquiseiros experientes têm dito: só o discurso do “nem Bolsonaro, nem Lula” dificilmente arrastará parcela expressiva do eleitorado. Explica um deles: a terceira via, em geral, só se viabiliza quando derruba e substitui um dos polos” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“Outra grande dificuldade do centro: não basta apenas criticar, tem de apresentar opções, oferecer sonhos e esperanças aos brasileiros, hoje capturados pela polarização” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“Ou seja, o discurso “nem uma coisa, nem outra” não serve como causa maior se não vier recheado de ideias, propostas e posições claras” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“O exemplo é a candidatura de Geraldo Alckmin a presidente em 2018: centrava fogo em Jair Bolsonaro e Fernando Haddad ao mesmo tempo” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
Desta vez, Ciro Gomes (PDT) também tem oscilado entre “bater” no petista e no atual presidente. Um marqueteiro atento observa: Ciro não conseguirá ser mais anti-Lula do que Bolsonaro nem mais anti-Bolsonaro do que Lula” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“Não bastasse a atual temporada de tempestades, Jair Bolsonaro sofre pressões familiares em diferentes sentidos e intensidades: a primeira-dama Michelle Bolsonaro luta pela indicação ao STF do advogado-geral da União, André Mendonça, que costuma orar com o casal presidencial” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o 01, trabalha pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), pelo procurador-geral da República, Augusto Aras” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“Com linguagem simples, mas sofisticada engenharia jurídica, que ele não construiu sozinho, o ministro do STF deu um habeas corpus que diz o seguinte: Pazuello pode ficar mudo quando a questão for sobre ele, mas continua obrigado a falar quando for sobre Bolsonaro. É o suficiente para a CPI, porque ninguém quer saber de Pazuello e todo mundo quer saber de Bolsonaro. O ex-ministro, homem errado na hora errada, tem o direito de não se incriminar e não produzir provas contra si mesmo, mas tem de responder e contar como, quando e onde aquele “que manda” agiu contra isolamento, máscaras e vacinas e a favor da cloroquina” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 16-05-2021.
“Tudo somado, é lícito supor que Bolsonaro na verdade nunca quis a vacina – a ponto de sabotar o imunizante do Butantan, sem o qual quase ninguém no Brasil estaria vacinado. Certo de que a “gripezinha” logo passaria, também fez campanha sistemática contra medidas preventivas e restritivas, que certamente salvaram muitas vidas. Assim, o ex-ministro Pazuello pode até calar na CPI, mas as provas gritam” – editorial “As provas gritam” – O Estado de S. Paulo,16-05-2021.
“Ninguém mais quer acabar com o capitalismo. Quer, sim, achar um nicho de mercado para chamar de seu: e que seja com todas as cores do arco-íris, esteja repleto de amigues e com iPhones aos montes” – Luiz Felipe Pondé, escritor e ensaísta – Folha de S. Paulo, 17-05-2021.
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De impunidade em impunidade, o mal assumiu o poder – Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU