27 Abril 2021
“A CPI é como o coronavírus: desconhecida, altamente contagiosa e potencialmente letal. Se Bolsonaro reagir a ela com o negacionismo com que trata o próprio vírus, ficará em maus lençóis. Mas, se ele é incompetente como presidente, é esperto como candidato e na relação com o Centrão. Suas três prioridades: impor o roteiro da CPI, desqualificar o senador Renan Calheiros como relator e manter controle sobre o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“A estratégia do governo é jogar Pazuello aos leões e deixar os demais ministros na fila da jaula, inclusive Paulo Guedes e o ex-chanceler Ernesto Araújo. Todos, porém, só cumpriram ordens. Um manda, os outros obedecem. O presidente Jair Bolsonaro é o grande responsável, cometeu os grandes erros, é o grande alvo. A intensa articulação do Planalto para esvaziar a CPI, atacar Calheiros e usar Pazuello de escudo esbarra numa antiga verdade: contra fatos, não há argumentos. Nem articulação que dê jeito” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“Se o futebol é considerado uma caixinha de surpresas, imagine o que nos reserva uma CPI da Covid que vai investigar principalmente as ações do Executivo federal, que é comandado por um presidente negacionista em atrito permanente com os outros dois Poderes da República. As informações chegarão à sociedade via redes sociais de eleitores radicais (muitos quase psicopatas) ou através da mídia convencional, enxovalhada quase diariamente pelo principal investigado” – Rubens Figueiredo, cientista político – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“CPIs existem para dar voz às minorias do Parlamento. Tanto que é necessário apenas um terço de assinaturas (no caso do Senado, 27) para abrir os trabalhos. Um governo forte se blinda, garantindo a maioria dos integrantes da comissão e a titularidade dos cargos estratégicos, como a presidência e a relatoria. Bolsonaro não tem maioria (perde de 7 x 4) e os protagonistas do processo serão senadores independentes. De previsível, só o comportamento imprevisível de Bolsonaro” – Rubens Figueiredo, cientista político – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“De novo, (na questão do orçamento) o governo age a reboque dos fatos, sem capacidade de preparar o País para os desafios impostos pela pandemia – assim como já era incapaz antes da doença. Bem de acordo com a irresponsabilidade de Bolsonaro, fará tudo de cambulhada, ao sabor das conveniências políticas e eleitoreiras do presidente e do Centrão. Nesse meio tempo, o único investimento sólido do governo será, como sempre, em desculpas esfarrapadas” – editorial “Orçamento irreal, de novo” – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“Não durou muito a conversa de Jair Bolsonaro de que não teme a CPI. As ações coordenadas de governistas nos últimos dias, com o próprio presidente à frente de algumas delas, deixaram claro: o Planalto não dorme bem à noite. Qualquer que seja o desfecho da tentativa de afastar Renan Calheiros da relatoria, quem convive com o influente senador alagoano diz que ele já esperava a investida jurídica e se preparou para revertê-la: é conhecido pela frieza na atuação contra adversários. Ou seja, se permanecer na relatoria, Bolsonaro deverá ter pesadelos” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“Muito por conta das “questões regionais”, o governo Jair Bolsonaro está emparedado entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Renan (MDB-AL)” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“Se fizer gestos para um, será retaliado pelo outro. Lira tem os pedidos de impeachment. Renan pode ter o destino da CPI que ameaça o governo” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“Às vezes você precisa de um Bolsonaro para reconhecer a excelência de um Temer e nos fazer refletir que, talvez, o Lula não tenha sido tão ruim assim” – Júnior Bozzella, deputado federal – PSL-SP – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“O Brasil só tem uma solução: redistribuição de riqueza enquanto cresce e não depois. Seja por impostos sobre fortunas, seja por pisos mínimos de seguridade social. Este é um país que precisa de caminhos socializantes, no sentido europeu” – Ricardo Semler, empresário – Folha de S. Paulo, 27-04-2021.
“O governo atual vai se beneficiar da recuperação econômica que virá em 2022, polarizando com o PT. Fica a sugestão para colegas de elite: hora de repensar se o antiquado urdimento de uma terceira via ainda é uma estratégia inteligente. Afinal, tem como colocar um candidato modernizante sem se acertar com os partidos mais corruptos do país, dando ministérios em troca —onde poderão roubar à vontade? Isso é melhor do que o PT? em que sentido?” – Ricardo Semler, empresário – Folha de S. Paulo, 27-04-2021.
“Querem morar numa Índia ou Nigéria e esquiar na Suíça ou finalmente terem orgulho de um país que avança? Proteger o seu capital é tirar pirulito dos pobres — nós, do dinheiro, fomos ironicamente muito bem durante a pandemia. Usem uns óculos de modernidade, gente: o Brasil é hoje um dos lugares mais chatos do planeta, mas colocar um animador de auditório não vai mudar nada” – Ricardo Semler, empresário – Folha de S. Paulo, 27-04-2021.
“Ninguém forma tantos músicos neste país quanto as igrejas evangélicas. Temos uma série de coisas que o governo precisa reforçar na base principal dele, que são os evangélicos” – Sóstenes Cavalcante, deputado federal – DEM-RJ, dizendo que o presidente falou em ajustar a questão com os ministérios e que aguarda boas novidades em breve – Folha de S. Paulo, 27-04-2021.
“O que está acontecendo na pandemia é uma espécie de reativação intensificada e caricata de um processo de depressão e de melancolia. É como se a gente vivesse soterrado por uma massa enorme de cadáveres que não foram enterrados, porque em qualquer processo de luto, de acordo com Freud, a gente tem necessidade que exista um ritual funerário, onde de uma certa maneira esse morto é prestigiado, é reconhecido” – Joel Birman, psicanalista – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“A mania é uma maneira de você se defender da melancolia. A psicanálise mostra essa forma de funcionamento maníaco como uma forma de você tentar recusar ou negar a adversidade da experiência melancólica. Essas cenas que estamos assistindo, de desafio à morte, de não usar máscara, de aglomerar, de fazer festas, fazer grandes orgias, tudo isso faz parte” – Joel Birman, psicanalista – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“A pandemia desorganiza todas as relações de sociabilidade através da colocação da própria economia. São todos os laços sociais que são desorganizados; você começa a trabalhar em casa no home office, isso faz com que haja uma restrição da circulação social e que a gente viva em ambientes mais confinados com a ausência de interação social. Essa falta de interação social é esvaziadora do ponto de vista psíquico, ela produz um processo de desvitalização interior que leva a experiências depressivas e melancólicas profundas” – Joel Birman, psicanalista – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“Os cientistas sociais, sociólogos e economistas, colocaram de uma forma caricata a desigualdade na sociedade brasileira. A sociedade brasileira em relação a isso é indecente, se comparada a outras sociedades, mesmo as latino-americanas. Vivemos um nível de desigualdade social absurda. As classes pobres vivem em uma condição quase de escravidão, sem possibilidades tangíveis de ascensão social, de maneira que no Brasil e no mundo todo, as populações mais afetadas foram as mais pobres. Por exemplo nos EUA, quem são os mais infectados? São os hispânicos, a população negra e os índios. No Brasil é a mesma coisa, os mais afetados pela pandemia são os negros e os pobres. Nessa explosão provocada pela pandemia os trabalhadores informais também foram os mais atingidos. Constituem hoje esse exército de famintos. Nós já temos uma epidemia da fome e nessa epidemia os negros e as mulheres negras são as mais afetadas” – Joel Birman, psicanalista – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“O negacionismo no Brasil e na América do Norte se conjugou com um discurso neopentecostal. As pessoas acham que não precisam de toda essa proteção sanitária porque há toda uma leitura de que a doença está ligada a uma ideia de pecado” – Joel Birman, psicanalista – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
“Na França, a grande preocupação que aparece são os efeitos psíquicos da pandemia. A juventude francesa está em pane e isso começou a aparecer nas redes sociais, sobre jovens que vivem em quartos de dez metros quadrados sem poder assistir aula e sem ao mesmo tempo poder se movimentar ou fazer estágio; é como se a vida deles estivesse em suspensão. Esses jovens começaram a demonstrar não apenas grandes ataques de angústia, mas também quadros profundos de depressão e melancolia e muitas tentativas de suicídio. O governo francês instituiu o Check Psi, que significa um cheque para o jovem procurar um psiquiatra, um psicoterapeuta ou um psicanalista, para conter essa epidemia suicidaria” – Joel Birman, psicanalista – O Estado de S. Paulo, 27-04-2021.
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CPI é como o coronavírus – Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU