14 Janeiro 2021
Ações de solidariedade nas favelas paulistanas continuam, mas perspectiva de aprofundamento do desemprego e da fome tende a agravar o cenário já dramático.
A reportagem é publicado por Rede Brasil Atual - RBA, 13-01-2021.
Durante todo o ano de 2020, movimentos sociais e lideranças comunitárias coletaram e distribuíram alimentos, produtos de higiene pessoal, limpeza e proteção individual contra a covid-19 para as populações mais vulneráveis dos centros urbanos. A expectativa é de que o trabalho de solidariedade continue por este ano, mas o cenário de desemprego agravado pelo fim do auxílio emergencial, tem causado preocupação. De acordo com os responsáveis por esses projetos, há o risco de que as arrecadações sejam insuficientes para atender as necessidades.
A repórter da Rádio Brasil Atual, Larissa Bohrer, conversou, na manhã desta quarta-feira (13) com o coordenador nacional do Bloco G10 Favelas, Gilson Rodrigues. Líder comunitário de Paraisópolis, comunidade da zona sul de São Paulo, ele destacou que as ações solidárias na região não cessaram e nem irão cessar. No entanto, o ativista adverte que as doações para a população mais pobre da segunda maior favela paulistana são em números cada vez menores. “A situação das favelas e de suas populações está cada vez mais vulnerável. A população já vinha sofrendo com o desemprego, a crise da covid-19, sem auxílio e apoio efetivo do governo para poder superá-la”, explicou Gilson. “A gente vê que a situação se agrava devido à fome e ao desemprego. Também pelo que a população está considerando como ‘novo normal’, de ter pessoas na fila de marmitas, pedindo cestas básicas e com maiores dificuldades. Infelizmente, com esse ‘novo normal’, quem ajudava diminuiu as doações. Mas temos mantido o trabalho e ajudado a população que mais precisa dentro das nossas possiblidades”, completou o líder comunitário.
Na favela de Heliópolis, considerada a maior da capital paulista, a comunidade também enfrenta problemas com a redução das doações e o desemprego. A presidenta da Associação de Moradores de Nova Heliópolis, Maria de Fátima, conta que a população local está sem perspectivas de melhora e que muitos estão desempregados há mais de 10 meses e dependendo da solidariedade de terceiros. “Se já estava difícil, sem o auxílio emergencial como fica agora? É o que o pessoal aqui da comunidade me pergunta”, relatou Maria.
Além da retirada do auxílio emergencial, ações do poder público que estiveram presentes no ano passado ainda não foram confirmadas para este ano. Em São Paulo, por exemplo, o projeto Cidade Solidária, iniciativa da prefeitura para ajudar as pessoas mais pobres, ainda não foi renovado. Outro problema citado pelas lideranças e movimentos é o risco de aumento dos despejos e reintegrações de posse. Nacionalmente, o programa Casa Verde Amarela, sancionado nesta terça-feira (12) pelo presidente Jair Bolsonaro, é criticado por excluir os mais pobres, que não possuem acesso a linhas de crédito.
Ouça a reportagem na íntegra.
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Fim do auxílio emergencial e redução de doações preocupam líderes comunitários de São Paulo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU