04 Março 2020
"Termina uma era, veremos agora se as Igrejas alemãs serão capazes de moldar uma nova – isso sim seria um evento histórico não apenas para a Alemanha, mas para toda a Europa", escreve Marcello Neri, teólogo, padre italiano e professor da Universidade de Flensburg, na Alemanha, em artigo publicado por Settimana News, 03-03-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Georg Bätzing, bispo de Limburgo desde 2016, é o novo presidente da Conferência Episcopal alemã. Muito apreciado em sua diocese, marcada por escândalos financeiros relacionados à reestruturação da diocese sob seu antecessor F. P. Tebartz van Elst, Bätzing é um firme defensor do Caminho Sinodal empreendido pela Igreja alemã e iniciou processos de diálogo e sinodalidade dentro de sua Igreja local.
Homem livre e capaz de colaborar parece ser capaz de garantir a devida continuidade no nível das ideias e visões do futuro lançadas sob a presidência de Marx, e introduzir um estilo mais colegial e de escuta na Conferência Episcopal e na exigente empreitada do Caminho Sinodal que, com o seu lançamento, criou as condições para reaproximar a fé vivida concretamente pelo povo de Deus das tarefas que cabem aos bispos do país.
Dois destaques foram mencionados por Bätzing em sua curta conferência de imprensa de apresentação. A consciência de que o cristianismo na Alemanha pode ter um significado e um impacto efetivo apenas de forma ecumênica, com duas Igrejas que não são antagônicas ou alternativas entre si, mas praticam juntas a forma cristã de viver no contexto da vida do país.
Um olhar sereno e cordial lançado sobre a sociedade secular, percebida por Bätzing como um espaço de empatia e simpatia recíproca na responsabilidade que a Igreja alemã tem em relação à sociedade à qual pertence e da qual faz parte.
Ainda faltam duas nomeações importantes na Conferência Episcopal alemã, sob a liderança de Bätzing: a do vice-presidente e a do secretário/a geral. No discurso de despedida de ontem, o cardeal Marx expressou sua opinião de que nada impede a nomeação de uma mulher para esse centro nervoso da máquina complexa que é a Conferência Episcopal alemã.
Outras decisões esperadas pela opinião pública se concentram em torno da questão das violências e abusos sexuais - em particular no que diz respeito à forma de "ressarcimento" para as vítimas.
A mudança geracional almejada por Marx aconteceu dentro de uma Conferência Episcopal que, como disse Bätzing, também é um espelho da sociedade do país: com suas diferenças e visões distintas. A capacidade de torná-las uma oportunidade construtiva, de diálogo e discussão dentro da Conferência Episcopal poderia representar o caminho para um relançamento da Igreja como ponto de referência na construção de um caminho comum capaz de hospedar tensões e oposições sem abandoná-las à esterilidade da polêmica e aos subterfúgios das intrigas.
Do lado católico, com as palavras de hoje de Bätzing, se encerra a época da confessionalização do cristianismo na Alemanha, relançando de maneira propositiva a especificidade de cada uma das duas grandes Igrejas cristãs do país. Termina uma era, veremos agora se as Igrejas alemãs serão capazes de moldar uma nova – isso sim seria um evento histórico não apenas para a Alemanha, mas para toda a Europa.
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Igreja Alemã: novo presidente da Conferência Episcopal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU