08 Janeiro 2020
As lideranças da Igreja polonesa defenderam o arcebispo Marek Jedraszewski, de Cracóvia, depois de ele ter sido criticado por acusar ecologistas radicais de minarem os valores cristãos e de ter definido a ativista sueca Greta Thunberg como “um oráculo para forças políticas e sociais”.
A reportagem é de Jonathan Luxmoore, publicada por The Tablet, 06-01-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Somos solidários com você contra esses ataques dolorosos, que um defensor da verdade deve suportar”, disseram 15 bispos e arcebispos a Jedraszewski em uma carta aberta. “É sempre digno de nota defender uma antropologia cristã que vê no homem a imagem do próprio Deus – por isso, asseguramos a você a oração e a unidade fraternas.”
As lideranças da Igreja, incluindo os arcebispos de Czestochowa e Przemysl, estavam reagindo à polêmica internacional em torno das observações do arcebispo metropolitano de Cracóvia, que disse à TV Republikanska da Polônia, no Natal, que a ordem divina estava sendo ameaçada por novos movimentos como o “ecologismo”, que buscam “se impor como uma doutrina vinculante”.
Ele disse: “Estamos vendo um retorno a Engels e a suas alegações de que o matrimônio é apenas outra manifestação de opressão – que, em nome da igualdade, devemos romper com toda a tradição cristã”, disse o arcebispo Jedraszewski na entrevista.
“Não se trata apenas de uma figura adolescente, mas de algo que está se impondo e transformando essa ativista no oráculo de todas as forças políticas e sociais. (...) A nossa cultura está sendo questionada, e toda a ordem mundial está sendo invertida, começando pela existência de Deus, o Criador, e o papel e a dignidade de todo ser humano.”
A declaração, que a TV Republikanska disse que se destinava a ser uma referência direta a Thunberg, foi condenada por Janina Ochojska, uma eurodeputada que chefia a organização de ação humanitária da Polônia. Ela disse a Thunberg que rejeitava a descrição feita por Jedraszewski sobre ela como “uma pessoa manipulada que rejeita a Bíblia”.
Enquanto isso, o vice-prefeito de Varsóvia, Pawel Rabieja, disse ao arcebispo em uma mensagem no Twitter que ele deveria “ir ao diabo, a quem ele pertence”, acrescentando que “não há pestilência pior no mundo civilizado do que aqueles que questionam a necessidade de preservar o nosso planeta”.
No entanto, em uma homilia na semana passada, após o ocorrido, o arcebispo Jedraszewski disse que a fraternidade humana encontra “seu fundamento em Deus”, acrescentando que aqueles que desejam a paz devem “buscar a verdade e rejeitar todas as ideologias mentirosas”.
Ele disse: “A questão é olhar para a vida humana, levando em consideração a generosidade do Criador, que nos deu a terra e nos chama a uma alegre abstinência na partilha. A verdadeira conversão ecológica começa com a nossa filiação a Deus, que nos criou à sua imagem e semelhança, e nos disse para sujeitarmos a nossa terra, para que pudéssemos aproveitar toda a riqueza do mundo criado com a responsabilidade e o amor com os quais ele criou o mundo”.
O papa exortou Greta Thunberg a continuar seu ativismo em uma audiência em Roma em abril de 2019, enquanto o cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, também a elogiou em dezembro como “uma grande testemunha do ensino da Igreja sobre o cuidado pelo ambiente natural”.
Papa Francisco com Greta (Foto: Vatican News)
Em uma entrevista para o Ano Novo à The Tablet, o primaz irlandês, arcebispo Eamon Martin, de Armagh, condenou os críticos da jovem de 16 anos e a elogiou por “falar profeticamente ao mundo”, enquanto, em julho, o bispo alemão Franz Jung, de Wurzburg comparou-a ao “Davi bíblico”.
Em uma carta pastoral à arquidiocese divulgada no dia 28 de setembro do ano passado, o arcebispo de Cracóvia comparou o movimento dos direitos LGBT na Polônia ao comunismo. Na carta, Jedraszewski disse que o movimento é “a próxima grande ameaça à nossa liberdade” e é “de natureza totalitária”.
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Arcebispo polonês ataca Greta Thunberg e é defendido por seus coirmãos bispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU