O silêncio não é uma opção contra o populismo, afirmam líderes da Igreja Luterana

Selo de Lutero. Foto: GravitatOFF | Flickr

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27 Novembro 2019

Apresentação oficial em Genebra da última publicação promovida pela Federação Luterana mundial, intitulada "Resistir à exclusão - Respostas teológicas globais ao populismo".

O texto foi publicado por Riforma, 25-11-2019. A tradução é Luisa Rabolini.

Eis o texto.

Diante de políticas exclusivas e que ameaçam fragmentar a sociedade e enfraquecer democracia em todo o mundo, o silêncio não é uma opção para líderes eclesiásticos e religiosos.

Essa foi a principal mensagem lançada pela Federação Luterana mundial durante o lançamento oficial da última publicação intitulada "Resistir à exclusão - Respostas teológicas globais ao populismo". O presidente da FLM, arcebispo Panti Filibus Musa, e a vice-presidente, arcebispa Antje Jackelén, apresentaram a publicação durante um evento realizado em 21 de novembro passado, no qual participaram os membros do Comitê Executivo e outros convidados.

Em suas observações introdutórias, Jackelén, que é uma das autoras do livro, refletiu sobre quatro "P" que ela elaborou em seu ensaio "A liderança responsável da Igreja diante da polarização, do populismo, do protecionismo e da pós-verdade". Acrescentando o "patriarcado" como um quinto componente, a vice-presidente da região nórdica e chefe da Igreja da Suécia convidou as igrejas a se oporem aos cinco “P” com uma nova narrativa de esperança e participação, que inclui a coragem de falar, rezar e agir.

Os luteranos - observou Jackelén - são chamados a ser bons administradores da tradição e, ao mesmo tempo, a se concentrar na transformação da igreja que "sempre precisa ser reformada" (semper reformanda). "Não se trata do que podemos mudar mais tarde, mas sobre perceber o sentido profundo de ser transformados, de estar imerso no espírito do Evangelho".

Recordando o documento de estudo da FLM, "A Igreja no espaço público", a arcebispa sueca enfatizou a necessidade de fortalecer a conscientização da igreja como organismo global que tem a tarefa de: incentivar a participação, construir relações de confiança, desafiar a injustiça, descobrir sinais de esperança e dar poder às pessoas necessitadas. Também parcerias com outras religiões ou organizações leigas são fundamentais. "Não é fácil ser resilientes quando se está sozinho; é muito mais fácil resistir quando você sabe que está sendo apoiado pela oração e pela ação", acrescentou Jackelén.

Em seu discurso, o presidente da FLM Filibus Musa afirmou que ser igreja nos tempos difíceis de hoje "exige que os líderes da igreja sejam confiantes e corajosos para se opor a qualquer tipo de propaganda que faça dos estrangeiros o bode expiatório ou, pior ainda, demonize-os sem qualquer consideração por sua humanidade”.

Musa observou que a conversão e renovação constantes da igreja exigem assumir a responsabilidade pelas próprias fraquezas e inadequações, em vez de culpar os outros. Numa tentativa de defender a justiça e a esperança, afirmou, "como pessoas de fé que apreciam a verdade e a confiança, não somos chamados a gritar e simplesmente fazer barulho para atrair atenção. Antes, como líder da igreja, somos chamados a dizer a verdade."

O líder da Igreja Luterana de Cristo na Nigéria agradeceu a atenção dada no livro aos contextos em que os cristãos têm dificuldades de falar no espaço público devido à retórica religiosa e à apropriação indevida de outras tradições de fé. Ele expressou a esperança de que a nova publicação da FLM possa contribuir para estimular um movimento de líderes religiosos que levantem a voz "contra as muitas forças que visam infligir danos à sociedade por seus próprios interesses e ganhos".

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