24 Agosto 2019
Já fizemos matéria mostrando a patética ‘chuva’ de micropláticos que vem da atmosfera. Pois agora descobriram que as geleiras do Ártico estão poluídas pelo material. O Ártico derrete, e é ‘polvilhado’ por mínimas partículas de plástico. Não à toa, a região polar não sai da mídia. Seja por seu acelerado derretimento, seja agora por mais esta ‘contribuição’ humana.
A reportagem é de João Lara Mesquita, publicada por O Estado de S. Paulo, 15-08-2019.
Esta mítica rota marítima, a Passagem do Noroeste, estava na rota de uma expedição científica que investigava o derretimento da calota polar. A expedição, financiada pela Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos e pela Heising-Simons Foundation, navegava pela passagem e usava também um helicóptero para chegar em campos de gelo e retirar amostras. A equipe perfurou 18 blocos de gelo e encontrou as partículas, que também foram vistas flutuando no oceano. Segundo reportagem de Matthew Green, da agência Reuters, “O plástico se destacou tanto na abundância quanto na escala”, disse Brice Loose, oceanógrafo da Universidade de Rhode Island e cientista chefe da expedição, o Projeto da Passagem Noroeste.
Todos os anos, o gelo marinho flutua ao longo das estações, crescendo no inverno e encolhendo no verão. Este ano, o gelo marinho do Ártico atingiu seu máximo anual em 13 de março de 2019. Não foi um recorde de baixa, mas continuou a tendência de declínio do máximo e mínimo de gelo do mar.
Quando olhamos de perto e vimos que está tudo muito, muito visivelmente contaminado quando você olha com as ferramentas certas. Aquilo foi um pouco como um soco no estômago”, disse Strock à Reuters.
É um trecho isolado do Ártico Canadense. Os pesquisadores achavam que suas águas estavam protegidas da ‘sopa de plástico’. Puro engano. Foi deste local que retiraram água, e depois comprovaram sua contaminação. Brice Loose, oceanógrafo, Universidade de Rhode Island, e cientista chefe da expedição declarou:
"O plástico se destacou tanto na abundância quanto na escala"
Pela primeira vez na história, foram encontradas partículas concentradas em amostras de gelo, e água, do Ártico canadense. Pudera, ele está em todos os lugares, até no Ponto Nemo foram encontradas amostras de água contaminada.
Estudo realizado por pesquisadores do Instituto Alfred Wegener, do Centro Helmholtz de Pesquisa Polar e Marinha (AWI), publicado em 24 de abril de 2018 na revista Nature Communications, dava conta do triste recorde. Amostras com até 12.000 partículas microplásticas por litro (aproximadamente um quarto) de gelo marinho confirmaram as suspeitas.
Os pesquisadores descobriram um total de 17 tipos diferentes de plástico no gelo do mar, incluindo materiais de embalagem, como polietileno e polipropileno, mas também tintas, nylon, poliéster e acetato de celulose; o último é usado principalmente na fabricação de filtros de cigarro. Em conjunto, estes seis materiais representaram aproximadamente metade de todas as partículas de microplástico detectadas. A novidade é que agora sabe-se que ‘chove’ plástico no Ártico, e que as águas canadenses também estão contaminadas. Mérito de nossa geração!
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Ártico derrete polvilhado por microplásticos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU