01 Julho 2019
Rose Hudson-Wilkin tornou-se sacerdote em 1994, assim que a Igreja Anglicana permitiu que as mulheres também exercessem essa função e, assim, esteve entre as primeiras. Na época jamais teria imaginado que ela também seria a primeira mulher negra a se tornar bispo. Para a mulher de 58 anos, de descendência jamaicana, foi confiada a liderança da diocese de Dover, uma cidade portuária no Canal da Mancha, e será consagrada em novembro, quando o reverendo Trevor Willmott se aposentar. "Eu não necessariamente me considero ‘um padre negro’, mas um padre com a sorte de ser negro", declarou após a nomeação.
A reportagem é de Alfonso Bianchi, publicada por La Stampa, 30-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Nomeação revolucionária". O anúncio foi formalizado como de costume por Downing Street, enquanto simbolicamente no topo da Igreja Anglicana está a rainha, ou seja, o chefe de Estado, mas a proposta foi feita pelo Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, a mais alta autoridade eclesiástica do anglicanismo, que definiu a nomeação de "histórica e revolucionária", elogiando a capacidade da mulher de estimular a própria igreja sobre o tema "da inclusão das minorias étnicas". Hudson-Wilkin cresceu em Montego Bay, onde vivia com o pai e a tia depois que sua mãe foi trabalhar no Reino Unido. Em 1982 deixou a Jamaica para estudar em um colégio inglês da Church Army, uma organização evangélica da Igreja Anglicana nas West Midlands. Ela foi nomeada capelã pela Rainha em 2008 e, dois anos depois, da Câmara dos Comuns, a primeira mulher a ocupar tal cargo, trabalhando em estreita colaboração com John Bercow, e em frequentes contatos com parlamentares e ministros. Em 2015, convidou a igreja a "acordar" e depois de ter reconhecido finalmente "que é correto que as mulheres ocupem cargos de liderança" dentro da instituição, sugeriu "colocar o mesmo empenho em relação às minorias étnicas".
Com a sua nomeação, são cinco membros da comunidade Bame (negros, asiáticos e minorias étnicas) a terem se tornado bispos. Justamente alguns meses atrás, havia falado sobre como o Reino Unido tinha se tornado mais intolerante após o Brexit. "Eu morei neste país por mais de 30 anos e pela primeira vez, no ano passado, alguém na rua gritou comigo, pedindo que eu voltasse para a África", relatou, acrescentando: "Eu não venho da África e então não entendo para qual país queriam que eu voltasse. Mas é o sinal de algo desagradável que está acontecendo na nossa sociedade. Algumas pessoas agora sentem que podem se comportar dessa maneira e podem dizer determinadas coisas”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Rose, a primeira mulher negra a tornar-se bispa anglicana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU