18 Junho 2018
Giovanni Giavini, padre italiano escreve uma carta aberta, publicada por Settimana News, 14-06-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Caro e ilustre cardeal,
talvez por seu intermeio eu possa alcançar alguns de seus atuais ou próximos coirmãos cardeais. Por exemplo, Ladaria, que defende o não ao presbiterado para as mulheres, com o alegado argumento de que Jesus nomeou seus Doze apenas entre os homens. É verdade, mas por que não ampliar a frase com: e eram todos judeus, galileus e circuncidados? Então, os sucessores quem deveriam ser? ... As leituras fundamentalistas são sempre perigosas.
Então, de repente, saltar dos Doze para a realidade dos bispos e presbíteros é realmente legítimo? Os Doze não foram uma realidade mais única que rara? Sem considerar que, pelo menos um deles também era casado, situação prevista nas cartas pastorais também para bispos e presbíteros. Uma característica essencial para eles não foi um eventual "sacerdócio" com sua sacralidade levítica (ideia com a qual fomos educados no seminário!), mas a da sua capacidade de "presidir-guiar-pastorear" uma comunidade, tanto no momento ritual como no cotidiano.
Se assim for - e independente do fato de já haver também "sacerdotisas" para o batismo - então a única questão séria para o sacerdócio às mulheres parece-me ser: é possível que uma mulher tenha carisma e qualidades para presidir uma igreja? E aqui a história passada e recente ajuda a responder. Se, por outro lado, for contraposto a ideia o fato que o magistério foi contrário, tudo bem; mas é realmente um argumento decisivo e saudável? Além disso, na história não registramos também mudanças no magistério?
Um dos outros seus coirmãos, do qual não me lembro o nome, se opôs à intercomunhão eucarística com o argumento usual: para participar na Eucaristia é preciso estar em plena comunhão com Cristo e com a Igreja. Com essa mentalidade e exigência, Jesus não teria dado a comunhão a nenhum dos seus doze... anjinhos! A ele bastava muito menos e, acima de tudo, testemunhar a eles o seu amor.
São discursos que repito há muitos anos, inclusive escritos em revistas. Despercebidos. Mas os confio também a você. Quem sabe você queira falar a respeito com alguém. Se você considerar que é um serviço, embora delicado e arriscado, para a Igreja.
Agradeço sua atenção e não se sinta obrigado a me responder. No máximo, garanta-me ter recebido.
Bom trabalho na vinha do Senhor.
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Caro cardeal e as mulheres sacerdotes? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU