Welby: “Nunca se pode confiar novamente em um abusador. Mesmo que se arrependa, deve ser preso”

Justin Welby. | Foto: Catholic Church England and Wales, flickr

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23 Março 2018

A Bíblia é “clara sobre a diferença entre o perdão e as consequências do pecado. Quando se fez algo de errado, haverá consequências”. O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, defendeu sua particular “tolerância zero” com os abusos cometidos por clérigos, advertindo também que, se você abusou, “mesmo se se arrependeu verdadeiramente, deve ser preso”.

A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 22-03-2018. A tradução é de André Langer.

“Sabemos que o comportamento abusivo tende a se repetir. Se alguém foi um abusador, nunca se pode confiar novamente nele. Não se pode dar a essa pessoa uma segunda chance”, disse Welby no último dia de depoimentos de uma comissão independente de inquérito sobre abusos na Igreja da Inglaterra, de acordo com matéria publicada pelo jornal The Guardian.

“Temos que chegar a um ponto em que se você viu algo inapropriado, deve ser capaz de dizer que isso não está certo e que vai denunciá-lo”, continuou o arcebispo, explicando que a mudança cultural é o maior desafio da Igreja em termos de proteção de menores. O prelado acrescentou que a Igreja da Inglaterra está capacitando cerca de 30 mil pessoas que farão a segurança das crianças, e isso como parte da sua convicção de que “é a nível paroquial que vamos mudar tudo”. Neste programa, a Igreja Anglicana gasta cerca de sete milhões de libras por ano.

Embora grande parte da proteção dos menores na Igreja seja confiada aos leigos, Welby afirmou que é de suma importância que os bispos também recebam formação nessas questões, uma vez que confiar no bom senso de um prelado simplesmente pelo cargo que ocupa – a famosa atitude do “clericalismo” – é uma “loucura”.

Para combater o clericalismo, Welby revelou que a Igreja da Inglaterra já realiza avaliações de como os bispos desempenham suas tarefas. Uma revisão da qual nem mesmo ele – sendo a máxima autoridade da comunidade anglicana mundial – escapou, já que, no momento, encontra-se em meio a tal revisão, na qual 43 membros do episcopado foram convidados a comentar o seu trabalho nos cinco anos como arcebispo de Canterbury.

Por outro lado, e ao ser questionado sobre as três semanas que durou a comissão de inquérito, Welby afirmou que “aprendi a me envergonhar novamente” pela extensão dos abusos na Igreja. O prelado também defendeu sua decisão de publicar uma acusação histórica de abusos contra o ex-bispo de Chicester, George Bell, que morreu em 1958.

“A maior tragédia de todos esses casos é que as pessoas confiaram naquelas que eram figuras titânicas, e depois descobriram que não eram dignas dessa confiança”, disse Welby. “As vítimas devem ser tratadas com a mesma consideração que a pessoa acusada de abusos”, concluiu.

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