Por: Lara Ely | 18 Novembro 2017
É possível usar a força do mercado pode solucionar problemas sociais e ambientais? Criando produtos de mercado que pretendem ser verdadeiras respostas afirmativas a esta questão, centenas de empreendedores vem tecendo uma rede de alternativas para viver na América Latina de forma mais colaborativa, sustentável e independente do mercado financeiro tradicional, movimento que se auto intitula sistema B.
Conectar e co-criar novos modelos econômicos no continente e no mundo é o desafio deste movimento. Nos encontros virtuais ou presenciais (que geralmente ocorrem em grandes centros urbanos), seus participantes debatem ideias e tendências globais em inovação social e nova economia, compartilham uma visão de futuro latino-americana e promovem colaboração e compartilhamento de conhecimento dentro da rede.
O objetivo do Sistema B é impulsionar as empresas a fazerem parte de um movimento de mudança. De forma prática, isso ocorre por meio de uma certificação criada em 2006, nos Estados Unidos, pela organização sem fins lucrativos B-Lab. No Brasil, as empresas Natura, do setor de cosméticos, e a Mãe Terra, de alimentos naturais, são empresas que possuem esse tipo de certificação. Para ingressar no grupo, as companhias precisam incluir cláusulas no estatuto ou no contrato social reconhecendo os impactos de suas atividades e firmando o compromisso de gerar valor não apenas para os acionistas, mas também para a comunidade e para o meio ambiente.
Por toda a América Latina, empresas do México, Uruguai, Paraguai entre outros, aderiram ao movimento. Na América do Sul, o Chile foi o primeiro a abraçar a causa, há dois anos, seguido por Argentina e Colômbia. No Brasil, a ONG chegou em 2013. Neste mês, entre os dias 23e 25, o Rio de Janeiro irá sediar um encontro chamado ColaborAmérica, onde o propósito é repensar a forma como nos relacionamos com a política, com a economia e com a sociedade. Trata-se de um festival que tem como principal objetivo conectar novas economias por meio de oficinas, palestras, shows e workshops.
Especialista em responsabilidade corporativa e desenvolvimento sustentável na TriCiclos, primeira empresa certificada como Companhia B na América do Sul, Maria Emilia Correa explica possivelmente, muitos de nós não sabem dizer o que são cidades sustentáveis, mas que temos claro em que tipo de cidades queremos viver. E isso passa por melhor fluidez no transito, diminuição de violência e desigualdade social, uso dos espaços públicos, consumo de alimentos saudáveis.
- As decisões se tomam longes de nós. Mas por estaremos longe não quer dizer que não nos importemos, e não iremos atuar por isso.
Em entrevista ao Programa Cidades e Soluções, Ana Sakovas, diretora executiva do Sistema B no Brasil, disse a organização está liderando o movimento de pessoas que usam os negócios para gerar impacto positivo. O certificado B (de benefício), segundo ela, é válido para que o consumidor e também o investidor possam melhor avaliar riscos e a reputação da empresa. Ela acrescenta ainda que o crivo vai muito além de um simples medidor de sustentabilidade e de práticas ambientalmente corretas: passa por 160 requisitos que englobam cinco áreas (governança, meio ambiente, relação com o trabalhador, relação com a comunidade e modelo de negócio de impacto).
Entre os pontos levados em conta, Ana destaca a quantidade de mulheres em cargos de gestão, a estrutura de remuneração e diferenças salariais dentro da empresa, tratamento de resíduos, uso de energia renovável, rastreabilidade de matéria-prima, geração de valor para os fornecedores, envolvimento com comunidades do entorno e geração de impacto positivo pela empresa.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Sistema B: como atuam as empresas que querem criar uma nova economia para a América Latina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU