09 Janeiro 2017
O padre jesuíta Luis Espinal Camps morreu em 1980.
A Companhia de Jesus manifestou seu desacordo com a exumação do corpo do padre Luis Espinal, anunciada para amanhã, alegando o risco de que sua memória seja utilizada para outras finalidades. A solicitação do Ministério Público foi feita esta semana com o objetivo de determinar as causas de sua morte, 36 anos depois.
A informação é publicada por Página Sete, 08 -01-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
"Salvaguardando a memória histórica do Pe. Espinal, em virtude do respeito com que deve-se tratar o corpo, tanto em vida quanto depois da morte, a Companhia de Jesus manifesta seu desacordo com a exumação dos restos mortais do Padre Luis Espinal" , detalha o comunicado enviado aos jesuítas e também às obras da Companhia na Bolívia pelo Padre Ignacio Suñol S.J., secretário da ordem no país.
Os restos do jesuíta, assassinado em 1980, serão exumados amanhã no Cemitério Geral, a pedido do Ministério Público.
"Com o objetivo de contar com elementos para comprovação do presente caso, está marcado o ato de exumação dos restos humanos de Luis Espinal Camps para o dia 9 de janeiro", ordenou na quinta-feira o procurador Genaro Quenta.
No comunicado aos sacerdotes da ordem, a Companhia de Jesus apresenta os pontos centrais do memorial enviado para o Ministério Público. A Companhia salienta que não foi oficialmente notificada da decisão do procurador Genaro Quenta, informou a Agência de Notícias Fides (ANF).
"A Companhia de Jesus teme que a memória do Pe. Espinal seja utilizada para fins que não sejam condizentes com a investigação do crime, nem com o respeito e carinho que a sociedade boliviana tem pelo Pe. Espinal", diz o documento.
Além disso, assinala que "o assassinato é de conhecimento público há mais de 36 anos e a causa médica de sua morte foi estabelecida em seu momento". Finalmente, indica que "a Companhia de Jesus expressa a sua vontade plena de que sejam esclarecidos os fatos que tão injustamente causaram a morte de nosso irmão, o Pe. Luis Espinal Camps".
Frank Campero, o advogado da parte denunciante neste processo, explicou na semana passada que a perícia servirá para ter uma prova fidedigna de que o jornalista e padre foi torturado e assassinado há mais de três décadas atrás. Esses detalhes servirão para uma futura acusação e sentença contra os responsáveis.
"Há apenas uma certidão de óbito realizada por um médico no mesmo cemitério, no qual está assinalado que Espinal morreu de sangramento interno agudo. Nada foi dito acerca das fraturas do esterno, da coluna vertebral, os tiros e as marcas de golpes", manifestou o advogado.
Seu cliente, o coronel Roberto Meleán, recluso em Chonchocoro por crimes cometidos durante a ditadura de Luis García Meza (de julho de 1980 a agosto de 1981) revelou, em 2015, que o padre foi assassinado porque continha informações acerca de negócios irregulares da empresa Transportes Aéreos Bolivianos (TAB).
Vida
Luis Espinal nasceu na Espanha em 1932. Chegou na Bolívia em 1968 como missionário jesuíta, trabalhou como jornalista no jornal Presencia, na rádio Fides e foi diretor da revista semanal Aquí, de 1976 até sua morte, em 1980.
Investigados
Além de Jaime Niño de Guzmán, Meleán denunciou Freddy Quiroga, Carlos Unzueta, Javier Hinojosa, Payo Elguero e seu irmão como os autores da morte de Espinal.
Investigação
O promotor Genaro Quenta chegou a abrir uma conta no Facebook para que as pessoas fornecessem dados sobre a morte do jornalista, mas esta ação não surtiu muito efeito.
Descoberta
O corpo de Espinal foi encontrado perto do rio Choqueyapu no dia 22 de março de 1980, na região de Limanipata.
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Companhia de Jesus rejeita a exumação de Luis Espinal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU