22 Novembro 2016
O Greenpeace Brasil produziu um relatório com as perspectivas do País no futuro e o que o aquecimento global vai causar em terras brasileiras.
Durante a COP 22, o Greenpeace Brasil divulgou um relatório chamado “E agora José?”, que traz projeções dos impactos do aquecimento global no País. Apesar da meta do Acordo de Paris ser limitar o aumento da temperatura a no máximo 1,5ºC, as medidas acordadas nos levariam a um planeta até 3ºC mais quente. E o pior, mesmo se conseguirmos limitar o aumento, ainda assim haverá impactos severos.
A reportagem é de Carolina de Barros, publicada por Envolverde, 19-11-2016
Paulo Adário, membro do Greenpeace International, afirma que para impedir aumentos severos de temperatura, precisamos reduzir e acabar com as emissões, principalmente no setor da agropecuária. “Precisamos parar de só falar e fazer mais. As NDCs brasileiras não são ambiciosas o suficiente”, disse. O relatório foi uma tentativa de resumir os impactos das mudanças climáticas no Brasil.
Presente na conferência, o Senador Jorge Viana, do Acre, afirma que o debate sobre o clima perdeu força dentro do Congresso por causa da crise econômica no País. “Vivo na Amazônia e já sinto na pele as mudanças. Precisamos ter uma agenda para isso, é uma agenda nacional e não ambiental. Assumo aqui o compromisso de levar esse debate para o Senado”, ele falou. Resta agora esperarmos o posicionamento dos políticos brasileiros e os pressionarmos para focarem em iniciativas de desenvolvimento sustentável.
Confira as projeções do Greenpeace para cenários de aumento da temperatura.
Se a temperatura subir 1,4ºC vai causar Aumento do fluxo migratório em até 8%, principalmente no Nordeste, onde as pessoas teriam que migrar devido ao estresse hídrico. No Rio de Janeiro e Espírito Santo o aumento do nível do mar irá deixar algumas cidades debaixo d’Água, sendo necessária a migração dos habitantes. Mato Grosso do Sul e Tocantins também seriam afetados por temperaturas muito altas e falta de água, levando a saída da população.
Além disso, o Brasil enfrentará problemas com a produção de energia. O aquecimento irá impactar as bacias das hidrelétricas, o que vai aumentar os custos. A Bacia do Amazonas perderá 72% da sua vazão, enquanto a Bacia do São Francisco e de Itaipu diminuirão a vazão em 41% cada.
Nesse caso, haveria uma perda de R$ 278 bilhões com eventos extremos, segundo o relatório divulgado pelo Greenpeace. O calor aumentará a área de disseminação de doenças tropicais, como dengue, chikungunya, leishmaniose e malária. Maiores períodos de seca, que afetarão principalmente idosos e crianças, com diarreia e desnutrição. Muitas áreas sofreriam desertificação, causando migração de refugiados climáticos.
Prejuízos de até R$ 270 bilhões em áreas costeiras por causa do aumento do nível do mar. No Brasil, Rio de Janeiro e Santos seriam as cidades mais afetadas, com danos em estações de tratamento de água, hospitais, transporte público e centros policiais e da marinha. Grande parte desses estados ficaria submersa.
Com a temperatura 4ºC mais quente do que agora, haverá aumento de 16% do risco de extinção da biodiversidade brasileira. Também causará a extinção das abelhas nativas, o que pode levar a um desequilíbrio ambiental, já que esses insetos são grandes responsáveis pela polinização das plantas.
Entre 1991 e 2010, segundo dados da segurança pública divulgados pelo Greenpeace, cerca de 96 milhões de brasileiros foram afetados por desastres climáticos e houveram 2475 mortes. A maior parte dos desastres estavam relacionados a inundações ou seca extrema.
No entanto, entre 2001 e 2010, foi registrado um aumento de 168% dos desastres em relação à primeira década analisada (1991-2001). Isso se deve ao aumento que já ocorreu na temperatura e, portanto, a tendência é que desastres aconteçam com cada vez mais frequência.
Na Amazônia, o aquecimento acontece de forma mais rápida. Caso aumente 2ºC na temperatura global, significa um acréscimo de 5,4ºC na temperatura da floresta amazônica. Com as medidas atuais, a expectativa do Greenpeace é de um aumento de até 8ºC na Amazônia, situação que levaria a savanização da floresta. Um cenário péssimo, que significa perder espécies, biodiversidade e árvores. Seria trocar a maior floresta tropical do mundo e caminhar rumo a uma paisagem mais desértica.
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COP22: “E agora, José”? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU