14 Outubro 2016
"Os cristãos devem olhar para os desafios das mudanças climáticas através da lente da fé e da esperança no amor de Deus." Foi o que declarou o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reverendo Olav Fykse Tveit, durante a reunião do Grupo de Trabalho sobre as Mudanças Climáticas que pertence à organização ecumênica.
A reportagem é do jornal L'Osservatore Romano, 13-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Fkyse Tveit salientou, particularmente, a importância de abordar questões relacionadas com a justiça climática com um compromisso espiritual e com uma preparação multidisciplinar colaborativa.
Composto por especialistas da igreja, teólogos e ativistas de todo o mundo que trabalham pela justiça climática, o Grupo de Trabalho sobre as Mudanças Climáticas (Working Group on Climate Change, WGCC) se reuniu nos últimos dias em Genebra para finalizar o seu plano em vista da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-22) a ser realizada entre os dias 7 e 18 de novembro próximo, em Marraquexe, no Marrocos, para discutir as estratégias-chave para os próximos dois anos.
Durante os trabalhos, o coordenador do WGCC, reverendo Henrik Grape, destacou a votação recentemente expressada pelo Parlamento Europeu para a ratificação do Acordo de Paris, adotado pelos países membros das Nações Unidas em dezembro passado.
O entendimento visa a limitar em dois graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais o aquecimento global do planeta, para evitar mudanças climáticas catastróficas. O Acordo de Paris entra em vigor quando pelo menos 55 países, que representam 55% das emissões globais de gases de efeito estufa, o ratificarem.
Até hoje, de acordo com o site das Nações Unidas, aderiram oficialmente ao acordo nada menos do que 72 países, que representam mais de 56% das emissões globais.
"A partir de agora – acrescentou Grape – a nossa tarefa urgente é a de acompanhar a implementação do Acordo de Paris e de dar assistência e apoio às nossas Igrejas membros."
"Como Igrejas – continuou Athena Peralta, responsável executiva pelo programa pela justiça econômica e ecológica do CMI – devemos fazer com que o Acordo de Paris forneça um apoio concreto e proteção para aqueles que são vulneráveis do ponto de vista socioeconômico, que são aqueles que menos contribuem para as emissões globais e que mais sofrem as consequências das mudanças climáticas."
O WGCC identificou alguns âmbitos prioritários: a reflexão teológica, a pesquisa, a ação, a contextualização da justiça climática, a conexão desta última com a justiça econômica, a aprendizagem da espiritualidade e das práticas indígenas no cuidado da criação, a intensificação do diálogo interconfessional e a ação de resposta aos desafios levantados pelas mudanças climáticas.
Além disso, o WGCC publicou um livro intitulado Making peace with the earth: action and advocacy for climate, que inclui 22 artigos escritos por teólogos e ativistas que permitem entrever como as Igrejas e os parceiros inter-religiosos abordam as mudanças climáticas a partir do ponto de vista cristão.
Às margens do encontro, Isabel Apawo Phiri, secretária-geral associada do CMI para o testemunho público e a diaconia, também lembrou que "as questões de justiça climática estão ligados com a água, os alimentos, os direitos humanos", "elementos-chave da sustentabilidade".
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Igrejas se preparam para a COP-22 de Marrakech - Instituto Humanitas Unisinos - IHU