Por: João Flores da Cunha | 01 Outubro 2016
Milhares de pessoas foram às ruas de Mendoza, na Argentina, no último dia 28-09-2016, em um protesto convocado pelo movimento Ni una menos após a região registrar três feminicídios em uma semana. A cidade está localizada no oeste da Argentina, próxima da Cordilheira dos Andes. Já são 12 feminicídios na província de Mendoza em 2016.
ALERTA: TERCER FEMICIDIO EN MENDOZA EN UNA SEMANA. Una chica de 19 años en Luján asesinada por quien sería su padre #NiUnaMenos
— LOS ANDES Diario (@LosAndesDiario) 28 de setembro de 2016
Entre 5 e 10 mil pessoas, conforme relatos da imprensa argentina, participaram do ato, que terminou em frente ao legislativo da província. Houve incidentes ao término da manifestação, quando alguns dos presentes buscaram ingressar no prédio.
O protesto foi convocado após a morte de Ayelén Arroyo, uma jovem de 19 anos que foi assassinada por seu pai em Ugarteche, ao sul da cidade de Mendoza. Ela tinha uma filha de um ano. Ayelén já havia denunciado seu pai por abuso à polícia, mas ele foi solto. Ele estava impedido por uma ordem judicial de se aproximar da sua filha. Ayelén foi encontrada morta em sua casa.
Antes dela, Janet Zapata, de 29 anos, havia sido morta com dois tiros. O homicídio teria sido encomendado por seu marido, de acordo com a investigação inicial. Julieta González, 21 anos, havia sido a primeira vítima. Os três crimes ocorreram no intervalo de uma semana.
As famílias das três jovens mortas participaram do ato. Noelia Barbeito, senadora provincial, afirmou que “Janet, Julieta e Ayelén foram mortas pela violência machista”, e que “os feminicídios são o último elo de uma cadeia de violências na qual o Estado também é responsável”.
O Ni una menos, que se define como “um grito coletivo contra a violência machista”, é um movimento que protesta contra a violência de gênero e o feminicídio – o assassinato de uma mulher por ser mulher. Um dos gritos entoados nas manifestações do Ni una menos é “vivas nos queremos”.
O movimento surgiu na Argentina em 2015 e vem ganhando força. Em 03-06-2016, um protesto em Buenos Aires reuniu mais de 200 mil pessoas. Nesse ato, foi lido um manifesto em que se afirmou que “feminicídio é uma categoria política, é a palavra que denuncia o modo em que a sociedade torna natural algo que não o é: a violência machista. E a violência machista é um assunto de direitos humanos”.
O Ni una menos já se espalhou para outros países da América Latina. Ocorreu no Peru em 13-08-2016 um ato inspirado pelo movimento que se deu em um contexto de mobilização nacional. O presidente do país, Pedro Pablo Kuczynski, compareceu ao protesto.
Infográfico: Telám
As veias abertas do feminicídio na América Latina
Ni una menos: Peru diz basta à violência contra as mulheres
Apesar de avanços, a culpabilização das mulheres nos casos de violência sexual persiste
Cultura machista leva à culpabilização da vítima de violência sexual, diz especialista
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Argentina. Após três feminicídios em uma semana, Ni una menos vai às ruas em Mendoza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU