01 Outubro 2016
As áreas de proteção ambiental cobrem quase 20 milhões de quilômetros quadrados, ou cerca de 15% do planeta, número que está pouco abaixo das Metas de Aichi de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010, que prevê 17% de cobertura em 2020. No entanto, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), as conquistas em número e tamanho têm de ser acompanhadas de melhoras em sua qualidade, com a proteção de lugares com maior diversidade biológica.
A reportagem foi publicada por ONU Brasil, 30-09-2016.
Com 14,7% da superfície da Terra e 12% de suas águas territoriais protegidas, o mundo está a caminho de cumprir um importante objetivo global de conservação, de acordo com novo relatório apresentado no início deste mês pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
No entanto, o relatório “Planeja Protegido 2016” mostrou que áreas cruciais de biodiversidade permanecem desprotegidas, enquanto espécies e habitats estão subrepresentados e uma gestão inadequada limita a efetividade dessas áreas.
“As grandes conquistas em número e tamanho das áreas protegidas das últimas décadas têm que ser acompanhadas de melhoras em sua qualidade”, disse o diretor-executivo do PNUMA, Erik Solheim.
“O mundo deve fazer mais para proteger de forma efetiva os lugares com maior diversidade biológica. As áreas protegidas devem estar mais bem conectadas, para permitir que as populações de animais e plantas se mesclem e se disseminem. Também é importante assegurar que as comunidades locais estejam envolvidas nos esforços de proteção. Seu apoio é crucial para a conservação no longo prazo”, completou.
“Hoje, o mundo enfrenta desafios ambientais e sociais críticos, como a mudança climática e a segurança alimentar e da água”, disse, por sua vez, Inger Andersen, diretor-geral da UICN. “As áreas protegidas têm um importante papel na conservação das espécies e nos ecossistemas que nos ajudam a fazer frente a esses desafios. Assegurar que sejam cuidadosamente mapeados e eficientemente administrados é crucial se quisermos continuar prosperando neste planeta”.
Segundo os cientistas da UICN e do Centro Mundial de Monitoramento da Conservação do PNUMA, atualmente há 202.467 áreas protegidas que cobrem quase 20 milhões de quilômetros quadrados, ou 14,7% do planeta, com exceção da Antártida. Esse número está pouco abaixo das Metas de Aichi de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010, que preveem 17% de cobertura em 2020.
A cobertura de áreas protegidas caiu 0,7% desde o último relatório Planeta Protegido. Os cientistas acreditam que não se trata de uma diminuição real da cobertura de solos, mas uma consequência de fatores relacionados a fluxos de dados, tais como mudanças nas fronteiras, eliminação de alguns sítios de grande porte da Base de Dados Mundial de Áreas Protegidas ou de uma melhora na qualidade das informações.
A região da América Latina e do Caribe possui a maior área protegida do mundo, quase 5 milhões de quilômetros quadrados. Cerca da metade está no Brasil, país com o maior sistema de terras protegidas do mundo, com 2,47 milhões de quilômetros quadrados.
O Oriente Médio, por outro lado, tem o índice mais baixo de proteção de terras, com cerca de 3%, que equivale a cerca de 119 mil quilômetros quadrados.
A última década viu um progresso notável na proteção dos oceanos no mundo. O tamanho das áreas marinhas protegidas aumentou de pouco mais de 4 milhões em 2006 para quase 17 milhões de quilômetros quadrados atualmente, o que cobre 4% dos oceanos da Terra, quase o tamanho da Rússia. No entanto, apesar do crescimento, ainda resta muito a fazer para melhorar a qualidade das áreas protegidas, segundo o PNUMA.
Atualmente, menos de 20% das áreas-chave de biodiversidade do mundo estão completamente cobertas por áreas protegidas, enquanto menos de 20% dos países cumpriram seus compromissos para avaliar a gestão de suas áreas protegidas, o que levanta dúvidas sobre a qualidade e a eficácia das medidas de conservação existentes.
O relatório recomenda investir em áreas protegidas para fortalecer a gestão sustentável da pesca, controlar as espécies invasoras, fazer frente à mudança climática e reduzir os incentivos prejudiciais, como os subsídios, que ameaçam a biodiversidade.
A adoção dessas recomendações ajudaria a deter a perda de biodiversidade, melhorar a segurança alimentar e da água, permitir às comunidades vulneráveis fazer frente aos desastres naturais e conservar o conhecimento tradicional.
Desde que os dados do relatório foram coletados, foram declaradas novas áreas marinhas protegidas, como a recente expansão ordenada pelo presidente norte-americano, Barack Obama, do Monumento Nacional Marinho Papahanaumokuakea no Havaí, oito novos sítios protegidos em Malta e grandes áreas marinhas protegidas no Chile e em Palau. Isso fez com que a taxa das águas territoriais protegidas aumentasse para 11,95%, ante 10,2% citado no documento.
O relatório Planeta Protegido 2016 avalia a forma com a qual as áreas protegidas contribuem para a realização do Plano Estratégico para a Diversidade Biológica e as metas pertinentes dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Nele se destacam estudos de pesquisa e casos atuais sobre o papel que as áreas protegidas desempenham na conservação da biodiversidade e do patrimônio cultural.
Leia aqui o relatório completo (em inglês).
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Importantes zonas de biodiversidade permanecem desprotegidas no mundo, diz PNUMA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU