22 Setembro 2016
“Um homem de fé, com visão global, capacidade de liderança, esperança e senso de humor, e com capacidade para entender a globalização em que nos encontramos”. Este pode ser o perfil do futuro Prepósito Geral da Companhia de Jesus, de acordo com os eleitores espanhóis que participarão da próxima Congregação Geral, a de número 36, que começa no dia 02 de outubro e que irá escolher o substituto do Pe. Adolfo Nicolás após sua renúncia.
A reportagem é de Jesús Bastante e publicada por Religión Digital, 21-09-2016. A tradução é de André Langer.
Quatro dos jesuítas espanhóis que participarão do encontro apresentaram, nesta quarta-feira, em Comillas, alguns dos principais desafios para a Companhia de Jesus. Esta é a primeira congregação na história convocada com um papa jesuíta. “É a primeira vez que isso acontece”, reconhecia Francisco José Ruiz, SJ, provincial da Companhia, que apontou que “esta é uma ocasião extraordinária para entender as chaves que Francisco deu na liderança na Igreja. Sentimo-nos muito influenciados e animados a continuar trilhando o caminho de reformas que o Papa quis iniciar na Igreja, e estamos muito contentes em poder viver assim, e continuar apoiando a linha do Papa Francisco”.
Para Cipriano Díaz Marcos, SJ, eleitor e delegado da Terceira Idade, o novo geral da Companhia terá de ser “um homem com capacidade de liderança frente a um grupo numeroso em interculturalidade”. Llorenç Puig, SJ, delegado da Plataforma Apostólica Territorial da Catalunha, pediu que seja “uma pessoa que reúna visão universal, olhar amplo e diverso, mas também com atenção à vida interna dos jesuítas, aos ministérios e obras em que atuamos... Um padre geral que impulsione uma dinâmica criativa, que dê respostas corajosas aos desafios”.
Juanjo Etxeberría, SJ – eleitor e vice-reitor da Comunidade Universitária e Identidade e Missão da Universidade de Deusto –, por sua vez, definiu o perfil do futuro geral com três palavras: “que seja líder, que sua liderança seja corporativa, em equipe, e apostólico, que olhe para onde temos que caminhar”.
Em sua intervenção, Etxeberría recalcou que a Congregação Geral – que começa no dia 02 de outubro próximo, com uma missa presidida pelo geral dos dominicanos, Bruno Cadoré, OP, e que contará com a presença do Papa Francisco – é “o órgão máximo de governo da Companhia de Jesus”.
Entre as novidades, destacou que, pela primeira vez, terão voz e voto, seis irmãos jesuítas, não sacerdotes. Entre os espanhóis, haverá nove eleitores, além do ainda geral, Adolfo Nicolás. Um total de 215 jesuítas elegerão o seu novo líder, por maioria absoluta. “A votação é secreta, e posteriormente se vota apenas naqueles que tiveram algum voto”. Uma vez concluída a eleição, informa-se o Papa e, posteriormente, torna-se público o resultado da eleição.
Cipriano Díaz Marcos fez um breve balanço do mandato de Nicolás, destacando que “nos deixa o compromisso de uma Companhia de Jesus nas fronteiras, junto aos refugiados, buscando a reconciliação”. Na sua opinião, um dos seus grandes desafios foi fazer que a Companhia, “além de ter cheiro de ovelha, tenha cheiro de biblioteca, frente à globalização da superficialidade”. Também o de estar aberta às diversas sensibilidades, e à “missão compartilhada” com os leigos.
Os dados mostram uma Companhia em um “grande processo de transformação”. Em janeiro passado, eram 16.376 jesuítas, presentes em mais de cem países. “A Companhia de Jesus cresce com força na Ásia e na África, permanece estável na América Latina e diminui na Europa e nos Estados Unidos”, indicou Díaz Marcos, que ressaltou que “79% dos jesuítas jovens são oriundos da Ásia, África e Oceania”.
O que se espera da CG 36? Llorenç Puig, SJ, apontou a necessidade de uma renovação nas estruturas de Governo, para alcançar “uma vida religiosa melhor no espírito do Evangelho, e que renova sua capacidade de imaginação”. Que esteja atenta ao contexto eclesial, com especial atenção aos desafios do Sínodo sobre a Família, ao Jubileu da Misericórdia ou ao “programa de Governo” do Papa Francisco, a Evangelii Gaudium. E não perder de vista a oportunidade de “ser uma voz profética no campo dos refugiados”.
Puig apontou “cinco desafios concretos”. A missão evangelizadora no nosso mundo, “seguindo o corajoso e vigoroso projeto proposto pelo Papa Francisco na Evangelii Gaudium”; “o olhar atento em relação aos deslocados, migrantes e refugiados, o que requer uma perspectiva global”; “enfatizar a importância da sensibilização destes temas e a incidência, isto é, como podemos comprometer os governos e estruturas políticas com esta realidade”; também o “desafio da ecologia” e o “papel do diálogo inter-religioso para buscar caminhos de paz a partir das religiões”. Finalmente, a responsabilidade no âmbito educativo, e “como nos organizar internamente para oferecer soluções para os desafios globais”.
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Perfil do novo superior geral dos jesuítas. “Um homem de fé, com visão global, capacidade de liderança, esperança e senso de humor” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU