Colômbia. Igreja versus “ideologia de gênero”

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11 Agosto 2016

Por causa de um bullying sofrido por um adolescente gay na escola e que derivou em seu suicídio, a Justiça da Colômbia condenou uma escola católica e ordenou o Ministério da Educação para modificar manuais a fim de evitar discriminação. A Igreja protestou.

A reportagem é publicada por Página/12, 10-08-2016. A tradução é de André Langer.

O suicídio, há um ano, na Colômbia, de um estudante em consequência da homofobia nos colégios, derivou em uma sentença da Corte Constitucional desse país que ordenou o Ministério da Educação a criar um programa que promova o respeito pela diversidade sexual. Agora, os bispos colombianos convocam para se manifestar “contra a implantação da ideologia de gênero nos manuais de convivência”.

Há um ano, Sergio Urrego suicidou-se antes de completar 17 anos. De acordo com a denúncia de seus familiares, o adolescente não suportou a discriminação sofrida por seus professores e companheiros, e seu suicídio abriu um debate na sociedade colombiana pelos casos de discriminação que acontecem nas escolas. No processo que a família Urrego moveu contra a escola religiosa frequentada por Sergio, conseguiu uma condenação contra o estabelecimento de ensino. Mas, além disso, a resolução ordenou o Ministério da Educação para modificar seus manuais de convivência para garantir que os homossexuais não sejam discriminados. No entanto, a convivência com os homossexuais parece um tema incômodo para a Igreja colombiana.

“Pretende-se impor a ideologia de gênero, sob o pretexto do direito à inclusão, como a única forma válida de convivência”, disse o comunicado, assinado pelo vice-presidente do órgão de bispos, Óscar Urbina. Os religiosos convocaram os católicos a marchar contra a disposição do Ministério, porque pretende “implantar uma ideologia de gênero” na educação, o que pode “destruir o conceito de família”. “Saudamos e felicitamos os pais de família e organizações civis de diferentes credos que durante os últimos dias manifestaram publicamente sua preocupação com a implantação da ideologia de gênero no projeto dos manuais de convivência dos colégios por parte do Ministério da Educação”, disse a Conferência Episcopal em um comunicado.

O tema tornou-se viral nos últimos dias nas redes sociais por causa de mensagens que denunciam que o Ministério da Educação elaborou uma cartilha para ser distribuída nos colégios mostrando cenas de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo.

A ministra da Educação, Gina Parody, negou que se tenha elaborado esta cartilha e disse que se trata de desenhos de uma revista pornográfica editada na Bélgica e acusou um funcionário da Procuradoria Geral pela divulgação das imagens pornográficas e de relacioná-las com o pedido do Ministério da Educação aos colégios para tomarem medidas contra a discriminação de gênero.

“Tomaram uma revista pornográfica para fazer as falsas cartilhas (...) É uma máquina de manipulação em redes sociais”, disse Parody, que, no passado, denunciou ser vítima de discriminação por ser lésbica.