11 Julho 2016
Em encontro com o ministro da Educação, Mendonça Filho, indígenas expõem dificuldades enfrentadas pelos povos desde a educação básica ao ensino superior e pedem a parceria da pasta para melhorias. “Se ainda temos essas mazelas é porque nunca formos levados suficientemente a sério, porque não foi por falta de diálogo”, disse o coordenador do Fórum Nacional Permanente de Educação Escolar Indígena (Fneei), Gersem Baniwa.
A reportagem é de Mariana Tokarnia, publicada por Agência Brasil – EBC, 07-07-2016.
Coordenador do Fneei, Gersen Baniwa, fala no Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena diretamente para o ministro da Educação, Medonça Filho Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Baniwa, que foi nomeado esta semana como conselheiro do Conselho Nacional de Educação (CNE), diz que todas as precariedades do ensino indígena são resultado do racismo institucional ainda presente no país. “É resultado do racismo que passa pelas instituições, pela sociedade, pelas pessoas. O fato de nós, indígenas, termos a negação dos nossos direitos, a negação do acesso à escola porque somos índios, é resultado do racismo. Simplesmente porque nascemos índios são bloqueados a nós os direitos e o acesso a políticas públicas”, disse.
Os indígenas são 0,47% da população brasileira, num total de 817.963 habitantes, dos quais 502.783 vivem na zona rural e 315.180 em áreas urbanas, mostram os resultados preliminares do Censo Demográfico feito pelo IBGE em 2010. Eles pertencem a cerca de 305 etnias e falam 274 línguas.
Segundo Baniwa, no Amazonas, um terço das comunidades, o que corresponde a 60 mil estudantes, não tem prédio escolar. “Coloco isso como um grande desafio”, ressaltou.
A também integrande do FNEEI, Teodora Guarany, defende a necessidade de mais participação dos indígenas na tomada de decisões. “Não queremos mais emendas de projetos, merecemos políticas mais concretas e mais estruturantes para a vida dos povos indígenas”.
O grupo participava de reunião do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena que ocorreu ontem (6), no Ministério da Educação (MEC). Os indígenas reconheceram também os avanços que foram feitos no âmbito da educação dos povos indígenas e pediram que Mendonça Filho seja “embaixador para conseguir transformar, no Estado brasleiro, a educação indígena”, e evitar retrocessos.
Conferência
Mendonça Filho assinou hoje ato que convoca para novembro de 2017 a II Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena (CONEEI), que ocorrerá em Brasília.
“Contem conosco. Essa agenda de trabalho vai ser o mais profícua possível. Vamos estar abertos e vamos construir juntos esse ambiente”, disse o ministro em resposta aos indígenas. O ministro recebeu formalmente uma série de demandas dos povos.
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“Nunca fomos levados suficientemente a sério”, diz docente indígena a ministro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU