07 Junho 2016
A United Auto Works Union (UAW), sindicato dos trabalhadores da indústria automotiva dos EUA, tem acusado a montadora japonesa Nissan de obrigar trabalhadores a usar fralda geriátrica para acabar com as pausas no banheiro, na fábrica de Canton, no Mississipi. No setor aviário, quatro empresas instaladas em território americano também foram denunciadas por abusos similares.
As informações foram publicadas por Metal Revista e reproduzidas por Jornal GGN, 06-06-2016.
De acordo com a Organização Oxfam América, a maior parte dos 250 mil funcionários do setor aviário é forçada a usar fralda no ambiente de trabalho. Outras empresas que foram alvos de denúncias similares são a rede de supermercado Walmart, na Tailândia, e a sul-coreana Lear, em sua fábrica em Honduras, na América Central.
Parece história da época da Revolução Industrial na Inglaterra, mas não é. Para dar mais velocidade à linha produtiva, multinacionais de diferentes ramos obrigam seus funcionários a usar fralda geriátrica, proibindo-os de ir ao banheiro. Em pleno século 21, casos como esses seguem se repetindo.
A montadora japonesa Nissan vem sendo acusada pela United Auto Works Union (UAW), sindicato dos trabalhadores da cadeia automotiva e maior entidade sindical dos EUA, de obrigar funcionárias da fábrica situada no município de Canton, Mississipi, a usar fralda geriátrica.
Colaboradoras da fábrica relatam que foram orientadas pela chefia a usar fraldas, embora tenha havido resistência por parte delas. O motivo: acabar com pausas e interrupções com idas ao banheiro.
Em fevereiro deste ano, houve protestos no centro do Rio em frente à sede do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos – Rio 2016 contra as condições de trabalho impostas pela Nissan nos EUA. A marca patrocina o evento esportivo.
Setor aviário
Quatro empresas gigantes do setor avícola também são alvo de denúncias por abuso ao trabalhador. São elas a multinacional Tyson Foods, a Pilgrim’s Pride, pertencente à brasileira JBS, a Perdue Farms e a Sanderson Farms. Juntas, elas controlam 60% do mercado de aves nos Estados Unidos.
Segundo a Organização Oxfam América, que denunciou o caso por meio de relatório publicado em maio deste ano, a imensa maioria dos 250 mil trabalhadores do setor nos EUA são forçados a usar fralda no ambiente de trabalho.
Foram centenas de entrevistas com funcionários da linha de produção das maiores empresas do processamento de aves. Trabalhadores que pedem para ir ao banheiro são ameaçados de demissão. Muitos, por evitar beber líquidos durante muito tempo, suportam dores consideráveis para manter seus empregos.
A Oxfam alega inadequação nas pausas no trabalho, o que viola as leis norte-americanas de segurança no trabalho. A organização, em seu relatório, ainda traz dados de 2013 da associação Southern Poverty Law Center do estado do Alabama sobre condições de trabalho.
Por lá, dos 266 trabalhadores que participaram da pesquisa, quase 80% não podem ir ao banheiro. Já no Minnesota, em material realizado pela Greater Minnesota Worker Center lançado em abril, ao norte dos EUA, 86% dos trabalhadores pesquisados afirma ter menos de duas paradas para ir ao banheiro por semana.
Walmart
A rede internacional de supermercados Walmart é outra a adotar a prática abusiva do uso de fraldas em empregados. Desta vez foi na Tailândia, sudeste asiático.
O caso foi divulgado por pesquisadores no livro Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil, organizado pelo professor titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ricardo Antunes.
Empresa sul-coreana
Em 2013, a multinacional sul-coreana Lear, fabricante de arnese (tipo de gancho usado para alpinismo), foi denunciada por impor a funcionários, principalmente mulheres, o uso de fraldas para não abandonar a posição com idas ao banheiro. O caso foi registrado em fábrica da empresa em Honduras, país da América Central, que contava com 4 mil empregados.
A denúncia foi feita por um dirigente sindical. Daniel Durón contou que só foi possível divulgar o caso após pressão de autoridades internacionais. Mesmo tendo repercussão no mundo todo, a Lear tentou resistir e impedir o acesso dos órgãos hondurenhos de fiscalização do trabalho.
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Empresas são acusadas de proibir idas ao banheiro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU