17 Mai 2016
Pai espiritual do mosteiro de São Macário, no Egito, Matta el Meskin [Mateus, o pobre], com a sua vida de oração, representou – e, em muitos aspectos, a sua herança ainda representa – um ponto de referência certo para todos os que buscam em Cristo um sentido para a sua existência. À sua figura, no 10º aniversário da sua morte, o Mosteiro de Bose, na Itália, dedica, no sábado, 21, e no domingo, 22 de maio, um congresso internacional de espiritualidade.
A reportagem é publicada por L'Osservatore Romano, 15-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Matta el Meskin (1919-2006) foi monge e hegúmeno do mosteiro de São Macário, no deserto de Scete, de 1969 até a sua morte. Considerado por muitos como um personagem carismático extraordinário de grande densidade humana e espiritual, é um dos mais brilhantes expoentes do cristianismo no Egito e o pai de um importante renascimento espiritual, monástico e cultural, dentro da Igreja Copta Ortodoxa.
Incansável defensor da unidade dos cristãos, Matta el Meskin é autor de uma centena de escritos e de corpus oral enorme. Uma figura, no entanto, que ainda não foi plenamente descoberta, e que o congresso intitulada "Matta el Meskin, um pai do deserto contemporâneo", justamente, buscará trazer à tona em toda a sua complexidade.
"Se o amor de Deus é o que levou o padre Matta a deixar o mundo por um mosteiro muito pobre do Alto Egito – destaca-se em um comunicado do Mosteiro de Bose –, não lhe faltou suportar a cruz da incompreensão e da marginalização por parte das hierarquias eclesiásticas. Porém, hoje, na era de Tawadros II, patriarca da Igreja Copta Ortodoxa, os cristãos do Egito começam a colher os frutos da profunda espiritualidade do padre Matta, e a sua obra continua se difundindo."
O desejo profundo que aparece em filigrana ao longo de toda a vida monástica de Abuna Matta sempre foi o de viver radicalmente o Evangelho, permanecendo separado fisicamente do mundo, mas unido a todas as pessoas através da oração, do amor, da hospitalidade.
Com os seus escritos, ele também criou ao seu redor uma verdadeira escola teológica e espiritual. Tanto que, hoje, os seus discípulos estão espalhados não apenas no Egito, mas no mundo inteiro, graças à difusão das suas obras traduzidas para nada menos do que 15 idiomas.
Acima de tudo, o monaquismo pensado e vivido por Matta el Meskin é peculiar em relação ao panorama copta contemporâneo: austero e profundamente enraizado na espiritualidade dos Padres do deserto, é, ao mesmo tempo, culto e aberto ao mundo contemporâneo.
O congresso, do qual está anunciada a participação de teólogos, estudiosos e discípulos espirituais de Matta el Meskin, será aberto pelos discursos do prior de Bose, Enzo Bianchi, e do bispo copta Epiphanius, abade do mosteiro de São Macário.
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Matta el Meskin, pai do deserto contemporâneo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU