16 Mai 2016
Desde quarta-feira, cinco escolas estaduais foram ocupadas por estudantes em Porto Alegre. Primeira a aderir ao movimento, a escola Emílio Massot, no bairro Azenha, foi liberada no sábado. As demais seguem como palco de protestos por melhorias na infraestrutura e valorização da educação, com prazo indeterminado para acabar. Enquanto isso, o secretário de Educação, Vieira da Cunha, permanece em férias, os professores entraram em greve e o governo estadual segue com as contas no vermelho.
A reportagem é de Vanessa Kannenberg, publicada por Zero Hora, 16-05-2016.
Da rotina das ocupações, fazem parte “aulas públicas”, atividades de integração e esportivas, refeições compartilhadas, além de muitas reuniões e assembleias para falar do movimento e dos próximos passos. Os estudantes da Escola Estadual Agrônomo Pedro Pereira, ocupada desde quinta-feira, aproveitaram o fim de semana para aprender tópicos diferentes dos quais estão acostumados a ter contato em sala de aula. Com a ajuda de alunos da UFRGS, tiveram “aulões” sobre Revolução Russa, ditadura, socialismo, capitalismo, feminismo e redação do Enem.
Drogas proibidas e divisão de dormitórios
Os integrantes das ocupações têm contado com ajuda de fora para se manter sem ter de deixar os prédios, protegidos por portões cadeados. Além de pais e professores, vizinhos das escolas, ONGs, escoteiros e entidades doam alimentos, cobertores, colchões, talheres e produtos de limpeza.
Na escola Padre Reus, Laura Barrera, 16 anos, aluna do 3º ano do Ensino Médio, conta que o grupo ainda está se organizando, criando comissões de segurança, comunicação e alimentação. Um regimento interno também foi criado. Entre as regras de convivência estão a divisão de dormitórios e a proibição de entrada de qualquer tipo de droga.
O mesmo ocorre no Julio de Castilhos. Há ainda a regra de identificação obrigatória no portão: quem não tiver documento de identidade ou crachá da entidade que representa não entra. E não sai. Os manifestantes não quiseram falar com a reportagem.
Os alunos do Colégio Emilio Massot optaram por encerrar a ocupação após a deliberação de greve pelos professores. Segundo Douglas da Silva Silveira, 16 anos, do 2º ano do Ensino Médio, os estudantes seguem mobilizados, realizando reuniões diárias, e não descartam nova ocupação.
– Não queremos atrapalhar o movimento dos professores. Além disso, como eles não estarão na escola, não queremos que achem que é uma invasão. Por ora, vamos passar nos outros colégios e oferecer nossa ajuda – explica.
A reportagem não conseguiu contato com os organizadores do protesto no Colégio Paula Soares, o último a ser ocupado, no sábado. O objetivo dos alunos das quatro escolas que permanecem ocupadas é ficar nos espaços até que haja sinalização do governo do Estado em ampliar os investimentos em educação. A Secretaria Estadual de Educação se manifestou apenas por nota. No texto, reconhece “as dificuldades estruturais do serviço público, mas conclama a unidade dos gaúchos para superar esses problemas históricos, cuja solução não depende de mera vontade política”.
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A organização nas escolas ocupadas de Porto Alegre - Instituto Humanitas Unisinos - IHU