10 Mai 2016
Escolhido para comandar o Ministério do Planejamento do provável governo Michel Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) quer levar a mineradora Vale para sua área de influência e participar da escolha do próximo presidente da companhia.
Jucá manifestou o desejo a outras pessoas próximas de Temer numa das discussões sobre novos nomes para o governo e para empresas estatais, segundo a Folha apurou. Aliados do senador disseram que o tema será tratado mais adiante.
A reportagem é de David Friedlander, publicada por Folha de S. Paulo, 10-05-2016.
Procurado, Jucá preferiu não comentar o assunto. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, também não.
Embora seja privada, a Vale sofre forte influência dos fundos de pensão estatais Previ, Funcef e Petros, que estão no bloco de controle da empresa. Os sócios privados são Bradespar, do Bradesco, e o grupo japonês Mitsui.
A companhia tem mais de 500 mil acionistas e suas ações são negociadas nas Bolsas de Nova York e na Europa, além do Brasil.
Mina de investimentos
Com um caixa bilionário, dona de minas gigantescas, ferrovias e portos, a Vale é um endereço tradicionalmente assediado por políticos, prefeitos e governadores em busca de investimentos para suas regiões.
Murilo Ferreira, foi uma escolha pessoal da presidente Dilma Rousseff – embora formalmente ele tenha sido indicado por uma empresa de recrutamento de executivos.
Ferreira, que recentemente teve seu contrato renovado até 2017, hoje tem o apoio dos acionistas, segundo a Folha apurou. Mas assumiu a Vale depois de um processo tumultuado, em 2011, depois que o executivo Roger Agnelli foi colocado para fora da companhia por pressão da presidente Dilma.
Até então próximo do governo, Agnelli caiu em desgraça depois de cortar funcionários e investimentos na crise global de 2008, contrariando pedidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Pressões
Agnelli tinha sido indicado para o cargo pelo Bradesco, de quem era homem de confiança. Mas o banco acabou cedendo às pressões dos fundos de pensão estatais e do então ministro da Fazenda Guido Mantega.
Um acordo fechado na privatização da Vale, em 1997, prevê que o Bradesco escolha o presidente executivo da empresa, enquanto os fundos estatais são responsáveis pela nomeação do chefe do conselho de administração.
Esse acordo de acionistas vence em 2017 e sua renovação ou mudança pode mexer com o destino da segunda maior mineradora do mundo e uma das maiores do país.
Embora venha sofrendo com a queda do preço do minério de ferro, seu principal produto, a Vale planejou investimentos de US$ 5,5 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) para este ano.
Em meados dos anos 2000, Lula aproveitou o caixa da Vale para promover investimentos, principalmente em Estados governados por aliados. Ele convenceu a mineradora a investir na construção de siderúrgicas no Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Ceará e Espírito Santo. A do Rio ficou pronta e a do Ceará está para entrar em operação. As demais não saíram do papel.
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Em eventual gestão Temer, Jucá quer indicar novo presidente para a Vale - Instituto Humanitas Unisinos - IHU