Para cardeal Cláudio Hummes, "Igreja só poderá encontrar um rosto amazônico à medida que se envolver realmente"

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

08 Abril 2016

“Os desafios conclamam a Igreja na Amazônia a ser missionária, misericordiosa e profética. É preciso apresentar um rosto amazônico da Igreja. A Igreja só poderá encontrar um rosto amazônico à medida que se envolver realmente”, disse o arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, cardeal Cláudio Hummes, à Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta quinta-feira, 7, em Aparecida (SP).

Dom Cláudio apontou os desafios encontrados na ação evangelizadora na região amazônica e apresentou os trabalhos da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam).

A informação é publicada pela página eletrônica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, 07-04-2016.

Segundo o arcebispo, a região compreende, ao todo, 56 circunscrições eclesiásticas, correspondendo a um pouco mais da metade do território brasileiro. A Comissão para a Amazônia surgiu com a finalidade de acompanhar a ação evangelizadora do local. “A Comissão foi criada para sensibilizar as pessoas para a missão na Amazônia, um lugar onde existem muitas carências, inclusive materiais”, relatou.

De acordo com o cardeal, desde a criação da Comissão, houve um crescimento do número de padres, religiosos e leigos missionários na Amazônia. “Este crescimento deve-se ao fato de que também na formação presbiteral houve iniciativas de formação na perspectiva de uma Igreja em saída, misericordiosa, pobre e para os pobres”, explicou. Dom Cláudio acrescentou que também na formação permanente tem havido iniciativas.

Desafios à Igreja na Amazônia

Dom Cláudio apontou como desafio a crescente urbanização. Conforme o arcebispo, trata-se de uma realidade nova. Citou como exemplo a Ilha de Marajó, “descuidada pelo poder público estadual e federal, com agravada situação de pobreza, miséria, desemprego e abuso de menores”.

Falou sobre o modelo de desenvolvimento econômico de exploração desenvolvimentista, que reclama uma nova forma de relacionamento com o meio ambiente.

Lembrou, ainda, o crescimento do número de evangélicos e a questão da evangelização dos indígenas, historicamente, maltratados e descuidados pela sociedade civil.

“A Igreja e a sociedade têm enorme dívida com os indígenas, para que eles voltem a ser protagonistas da sua história, inclusive, religiosa”, afirmou. Para o cardeal, este reconhecimento apresenta outro desafio à Igreja no Brasil, que consiste na formação de um clero autóctone e o despertar de forças da ação evangelizadora, na própria população indígena.

Repam

Por fim, dom Cláudio Hummes falou acerca da colaboração que Repam tem oferecido à América Latina. O organismo, ligado ao Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), reúne nove países que compõem uma só Amazônia. A Repam foi fundada em setembro de 2014, tendo como co-autores a CNBB e a Cáritas Latino-americana. A Rede nasceu como uma oportunidade de apoio, solidariedade e fortalecimento da ação evangelizadora no contexto amazônico. Atualmente, está estruturada nos seguintes eixos: formação indígena, comunicação, redes intencionais e Igreja de fronteiras.

Sobre os trabalhos desenvolvidos, dom Cláudio lembrou que a Repam participou da COP 21, convidada pela Cáritas Francesa. O organismo tem um comitê que cuida dos trabalhos no Brasil e tem promovido seminários sobre a Laudato Sí em diversas universidades do Brasil. Está previsto encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, entre 14 e 18 de novembro que, nas palavras de dom Cláudio, conferirá força à Igreja presente nesta macrorregião.