Morre o jesuíta nicaraguense Fernando Cardenal

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • A farsa democrática. Artigo de Frei Betto

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: André | 22 Fevereiro 2016

 
Fonte: bit.ly/1mR2T5p  

Lutou toda a sua vida até o final. Primeiro contra as injustiças da ditadura de Somoza, depois para vencer o analfabetismo galopante e em seguida contra as inércias de uma Igreja que retrocede para posições pré-Concílio Vaticano II. Travou a última batalha nesta terra há poucos dias após uma cirurgia de hérnia umbilical, e no sábado cruzou o umbral da eternidade o jesuíta Fernando Cardenal.

A reportagem é de Israel González Espinoza e publicada por Religión Digital, 20-02-2016. A tradução é de André Langer.

O Pe. Cardenal deixou fisicamente este mundo na madrugada deste 20 de fevereiro. Deixa atrás de si o legado que um dos melhores filhos de Loyola pode oferecer à Igreja, à Companhia de Jesus e à sociedade.

Sempre na vanguarda, Fernando Cardenal deixou um último livro sem ser editado. Nele ele reúne as posições que ele tinha sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, eutanásia, aborto e ecologia à luz do Pontificado do Papa Francisco. O livro seria intitulado Francisco, entre a ciência e a teologia. Uma obra que ele já não verá em vida, mas será parte do seu testemunho para uma Igreja agora desejosa de sintonizar com os “sinais dos tempos”.

Desde o dia 09 de fevereiro Cardenal estava internado em um hospital de Manágua para uma cirurgia de hérnia. Uma cirurgia que depois apresentou complicações devido à sua idade e a uma forte infecção no abdômen que provocou febre.

Em conversa com Religión Digital na manhã do sábado, o superior dos jesuítas na Nicarágua, Pe. Iñaki Zubizarreta SJ confirmou a passagem para a imortalidade do padre que dedicou toda a sua vida para melhorar a educação na Nicarágua. Primeiro a partir da Universidade Centro-Americana (UCA), onde foi responsável pelo cuidado do corpo discente, depois como líder da juventude Sandinista e, posteriormente, como ministro da Educação.

“As condolências vão chegando pouco a pouco, e as pessoas vão se dando conta do falecimento do Pe. Cardenal”, explicou Zubizarreta com tom agoniado.

 
Fonte: bit.ly/1Q3as1l  

No domingo, 21 de fevereiro, será celebrada uma missa de corpo presente no Auditório César Jerez SJ da UCA e depois seus restos mortais serão transladados para o Cemitério Geral de Manágua, onde repousam outros personagens da vida nacional.

Legado

Para o Pe. Iñaki Zubizarreta, o legado do Pe. Cardenal é um legado de ação social, de uma Igreja comprometida com aqueles que sofrem, com a educação dos povos e da consciência. “Foi um homem de Deus, que sempre procurou fazer a vontade de Deus e assim teve que fazer coisas que para muita gente podem parecer estranhas, mas ele sempre foi um homem de consciência limpa e clara e sempre teve um contato muito direto com o Senhor”.

As decisões de consciência levaram Fernando Cardenal a entrar na vida nacional, denunciando com clergyman no Congresso estadunidense os abusos do governo de Somoza contra a população civil em 1978, ou a convicção de ser um “ministro de Deus e do povo” ocupando a pasta do Ministério da Educação em uma Nicarágua ameaçada pela guerra da contra-revolução, embora isso lhe custasse a suspensão a divinis do Vaticano e a expulsão da Companhia de Jesus. Tudo isso por ser fiel à sua consciência.

Fernando Cardenal foi expulso da ordem em 1985. Depois foi readmitido, sendo o primeiro jesuíta a ser expulso e depois readmitido. “Esse é um sinal de quando ele colocou sua objeção de consciência, para deixar o ministério; a Companhia aceitou essa objeção, mas pelas leis da Igreja teve que sair, e ele dizia: ‘Eu não quero sair’. Por isso a Companhia o readmitiu depois”.

O Pe. Zubizarreta também confirmou que o arcebispo de Manágua, o cardeal Leopoldo Brenes, comunicou-se com ele para manifestar-lhe sua solidariedade pelo falecimento do jesuíta.

“Agradecemos a todos eles pelo carinho e pela sintonia. Aqueles que o conheceram sabem que Fernando é um homem de Deus e recebemos telefonemas de todas as partes com condolências”, disse o Pe. Zubizarreta.

E assim, o padre jesuíta Fernando Cardenal começa a sua viagem de volta para a casa do Pai, rodeado pelo amor de tantas vidas que tocou, com seu compromisso com uma Igreja com e para os pobres.

 
Fonte: bit.ly/1Q3as1l