22 Junho 2015
Pedro Ricardo Barreto Jimeno, jesuíta, é arcebispo de Huancayo, Peru, desde 2004. Entrou na Companhia de Jesus em 1961, aos 17 anos, foi ordenado sacerdote em 1971. Desde então, desempenhou vários cargos, como diretor espiritual do Colégio Cristo Rey, de Tacna, superior de várias comunidades dos jesuítas e coordenador da rede apostólica jesuíta de Tacna e Moquegua. Em 2001, foi nomeado bispo vigário apostólico de Jaén.
A reportagem é de Lucia Capuzzi e Stefania Falasca, publicada no jornal Avvenire, 20-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em 2005, o arcebispo de Huancayo lançou a iniciativa de uma mesa de diálogo para "uma solução integral e sustentável para a questão ambiental". Desde então, o cuidado da "casa comum", no âmbito de uma defesa dos últimos em 360 graus, está entre as prioridades da pastoral de Dom Barreto. Como responsável pela Ação Social do Conselho Episcopal Latino-Americano, em 2007, participou da Conferência de Aparecida.
"A encíclica ecológica e social do Papa Francisco certamente terá um forte impacto na América Latina, onde os recursos naturais são objeto de exploração selvagem, e o drama da destruição da Amazônia pesa gravemente sobre o destino da humanidade inteira."
O jesuíta Pedro Barreto Jimeno, arcebispo de Huancayo, no Peru, acaba de ser nomeado referente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) junto à Repam, Rede Eclesial Panamazônica, cuja criação foi solicitada pelo Papa Francisco.
A imprensa o apelidou de "o guardião da Amazônia". Mas "todos – afirma – devem ser guardiões da criação". Há anos na vanguarda da denúncia do desmatamento produzido pelas multinacionais da mineração e pela expansão das monoculturas, o jesuíta foi a pessoa de referência de Bergoglio para a parte do Documento de Aparecida sobre o cuidado da criação.
A crítica a um modelo de desenvolvimento predatório, o ambiente como "casa comum", a defesa da biodiversidade, a atenção às populações, o alerta sobre as mudanças climáticas são os temas da Laudato si' que já estavam todos presentes no texto de Aparecida, do qual Bergoglio foi coordenador.
A Repam responde à "necessidade urgente de proteger a vida em harmonia com a natureza a partir da presença difusa e múltipla da Igreja na Amazônia", explica Dom Barreto ao Avvenire. "A rede assumiu a missão de sensibilizar a América e o mundo sobre a importância da Amazônia para a humanidade." E de organizar uma pastoral que, no respeito às especificidades locais, favoreça um modelo de desenvolvimento ao serviço do bem comum, em que se privilegiem os pobres.
No dia 3 de março passado, Dom Barreto e o cardeal Claudio Hummes apresentaram a Repam para Francisco. "Nós a definimos como um espaço de formação, reflexão e ação pastoral, à luz da nova encíclica sobre o ambiente", afirma o arcebispo de Huancayo.
"A fome irracional e irresponsável de recursos está devastando a Terra." E os efeitos mais brutais, acrescenta, recaem "sobre os mais pobres, os distantes, os excluídos".
A Laudato si', portanto, "como disse o Papa Francisco – enfatiza Barreto – também será a contribuição da Igreja para a cúpula da ONU sobre as mudanças climáticas, em Paris". Um momento crucial para a futura política ambiental e para o equilíbrio do planeta.
A Amazônia, da qual dependem 20% do oxigênio mundial, contém nos seus sete milhões de quilômetros quadrados de extensão a complexidade do que está em jogo. Francisco, dando impulso – com o apoio do Pontifício Conselho Justiça e Paz – para a Repam, já antecipou as prerrogativas da Laudato si'.
Isso significa que "a Igreja não está na Amazônia com as malas prontas, como aqueles que vêm para explorá-la e ir embora". A encíclica, em cuja apresentação Barreto não pode participar por um triz, depois de ter lembrado a importância daqueles "pulmões cheios de biodiversidade" como a Amazônia, denuncia – de acordo com o documento de Aparecida – as suas propostas de internacionalização "que servem apenas aos interesses econômicos das multinacionais", explica o prelado.
Interesses multimilionários e a idolatria do dinheiro. Quem se opõe à exploração selvagem, muitas vezes, corre o risco de morte. Só em 2014, foram assassinados 116 ambientalistas, uma média de dois por semana.
A floresta, que abrange nove nações latino-americanas, no entanto, é "fonte de vida no coração da Igreja", afirma o arcebispo de Huancayo. E explica: "Se a sua riqueza natural, dada a concentração de biodiversidade, é imensurável, ainda maior é a riqueza cultural da Amazônia, onde vivem, desde tempos imemoriais, 35 milhões de pessoas, incluindo três milhões de indígenas. A Igreja, com a Repam, quer escutar o seu grito e acompanhar as suas esperanças, colocando em prática as orientações da Laudato si'".
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''O futuro do planeta passa pela Amazônia'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU