Por: André | 21 Mai 2015
Os ex-presos de Guantánamo que se encontram em Montevidéu terminaram na terça-feira um protesto que mantiveram durante três semanas após um acordo com o governo uruguaio. A greve, que começou no dia 24 de abril em frente à embaixada norte-americana na capital uruguaia, cessou após a assinatura de um documento que deixa por escrito os direitos e obrigações que adotam em sua permanência no país. Embora nem todos os ex-presos tenham assinado com o governo de Tabaré Vázquez, bastou a assinatura de quatro deles para fechar o acordo.
A reportagem é publicada por Página/12, 20-05-2015. A tradução é de André Langer.
O tunisiano Abdul Bin Mohammed Abis Ourgy (49 anos) e os sírios Ali Shabaan (33), Abd al-Hadi Faraj (39) e Ahmed Adnam Ahjam (38) reuniram-se na terça-feira com seu advogado, Mauricio Pigola, durante três horas para ultimar a análise dos detalhes da carta-convênio que foi assinada tanto em espanhol como em árabe. Os manifestantes, que apareceram brevemente na frente da casa durante o encerramento das negociações, evitaram as câmeras e os microfones. “Estamos bem”, limitou-se a dizer o sírio Ali Shabaan. O palestino Mohammed Tahmatan (35), que nunca aderiu ao protesto, já havia aceitado o contrato há mais de um mês, enquanto que o sírio Jihad Diyab declinou fazê-lo por ter planos de deixar o país em breve.
Na segunda-feira à noite, os quatro homens levantaram o acampamento em frente à representação diplomática de Washington na capital uruguaia em protesto para exigir uma indenização econômica e melhores condições de vida em seu país receptor. Voltaram para a casa que a central sindical PIT-CNT disponibilizou para eles na sua chegada, em dezembro, no centro de Montevidéu e estão buscando novas moradias que serão custeadas como parte do acordo alcançado. Além do aluguel, a carta-convênio assinada contempla um apoio econômico mensal de 560 dólares, cuidado médico, apoio para a inserção no mercado de trabalho e estudos em espanhol.
O interlocutor designado pelo governo uruguaio para negociar com os ex-presos, Cristian Mirza, manifestou a razão pela qual finalmente puderam fechar o acordo. “Eles pretendiam ter certezas básicas e creio que hoje [na terça-feira] entenderam que estavam sanadas as dúvidas ou necessidades de certas seguranças de futuro”, disse. Mirza também precisou que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha está trabalhando na localização dos familiares dos cinco ex-presos e que cobrirão os gastos de um eventual translado.
O acordo terá vigência de um ano, com opção para dois anos, sujeito à avaliação, e será custeado com recursos da Chancelaria uruguaia e monitorado pelo Sedhu (Serviço Ecumênico), escritório local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) no país. Embora os protestos tenham sido na frente da sua representação diplomática, o governo estadunidense não deu nenhuma satisfação, já que foi a administração de Vázquez que institucionalizou o processo de adaptação e inserção no Uruguai.
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Uruguai. Acordo com os ex-presos de Guantánamo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU