07 Agosto 2014
Guido Montoya Carlotto – que foi criado com outro nome, em Olavarría – aproximou-se das Avós da Praça de Maio com dúvidas sobre a sua identidade. “É um triunfo de todos os argentinos”, disse Estela de Carlotto, sua avó.
A reportagem é de Victoria Ginzberg, publicada por Página/12, 06-08-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/FFtxH8 |
Celebrou cada encontro como se fosse seu. Angustiava-se quando as histórias se complicavam e se alegrava quando o regresso ocorria. Todos os netos foram um pouco dela. Por isso, ontem, seu neto foi um pouco de todos. Estela Barnes de Carlotto, a presidente das Avós da Praça de Maio, logo poderá abraçar Guido, o filho que sua filha Laura teve, em junho de 1978, enquanto estava sequestrada. “Encontramos seu neto”, disse-lhe ontem, ao meio-dia, a juíza María Servini de Cubría, ainda que, na realidade, Guido só foi encontrado graças aos anos de trabalho, tenacidade e criatividade das Avós da Praça de Maio. Afinal, Guido também procurou por Estela.
Há uns quinze anos, quando as Avós começaram a entender que os netos que procuravam haviam deixado de ser crianças, que eram adolescentes ou adultos, ampliaram sua estratégia. Já não se tratava de olhá-los na porta da escola, mas, sim, de interpelá-los. Vocês sabem quem vocês são? Essa foi a frase que escolheram para abrir essa nova etapa. E a escreveram em um cartaz, que penduraram em uma apresentação de rock organizado por elas.
Em junho, um jovem mandou um e-mail às Avós da Praça de Maio com essa dúvida sobre si. Há algumas semanas, bateu na porta da sede da instituição. Sabia que os que considerava seus pais biológicos não eram. Alguém próximo da família havia feito essa confissão. Suspeitava que pudesse ser filho de desaparecidos. Foi encaminhado à Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (Conadi), que é dirigido por Claudia Carlotto.
Seu sangue foi cruzado com as amostras do Banco Nacional de Dados Genéticos e ontem os resultados ficaram prontos: seus pais eram Laura Carlotto e Walmir Oscar Montoya. O dado de filiação paterna tem sua história, já que a família Carlotto não estava segura de quem era o parceiro de Claudia, pois em razão da militância clandestina de ambos, não conhecia o seu nome. A aparição de Guido, portanto, também permitiu chegar a esta certeza.
A informação da prova de DNA não chegou até a Conadi, mas, sim, foi levada aos Tribunais, porque ali havia uma causa aberta pelo desaparecimento de Laura e a apropriação de Guido. Foi por isso que Servini de Cubría é quem deu a notícia mais esperada e, por sua vez, inesperada para Estela. Quando estava saindo do juizado, recebeu uma ligação da presidente Cristina Fernández de Kirchner. “Diz-me se está correto”, disse-lhe Kirchner. “Choramos juntas”, contou depois Estela.
Na sede das Avós, sua segunda casa, juntou-se com seus filhos Claudia, Kibo e Remo, seus outros treze netos e seus dois bisnetos. Depois, foi chegando sua segunda família: seus companheiros, colaboradores, amigos, netos encontrados e irmãos que ainda buscam por seus irmãos. “É artista e vive no campo e disseram que se parece comigo”, contava Estela, entre abraços. Estava contente e surpresa porque Guido havia participado do ciclo Música pela Identidade, organizado pelas Avós. E também agradecida porque estava vivo, porque estava sadio, porque estava perto. Rapidamente, o lugar se encheu de jornalistas, fotógrafos e câmeras de TV. Para esse momento, já se sabia que Guido foi criado em Olavarría e que cresceu com o nome de Ignacio Hurban, dados que haviam sido divulgados pelo juizado, mas que as Avós e a família Carlotto haviam tentado preservar na intimidade para que não fosse gerado um assédio sobre o jovem e, assim, tivesse tempo de processar a notícia que havia mudado a sua vida.
“Por sorte, fiz um exame cardíaco há pouco. E está tudo bem. Agora quero tocá-lo, olhá-lo no rosto. Agora tenho meus 14 netos, a cadeira vazia não mais existirá e os porta-retratos vazios terão a sua imagem. Pude vê-lo e é belo. É um menino bom. Cumpriu-se o que nós, Avós, dizíamos, que eles vão nos procurar”, disse Estela, durante a coletiva de imprensa que foi montada na sede das Avós, à tarde. Ali estava Estela com uma saia escocesa e um suéter laranja. Era a roupa que havia colocado pela manhã, quando ainda não imaginava que esse dia seria diferente de todos.
“Quero compartilhar esta alegria que a vida nos oferece hoje, de encontrar o que procurei e que buscamos por tantos anos. Laura sorria do céu. Porque ela sabia antes do que eu: ‘Minha mamãe não irá se esquecer do que me fizeram, e irá persegui-los’”, disse Estela ao recordar uma frase que sua filha disse aos seus assassinos, antes de saber que sua mãe se tornaria uma bandeira na luta contra a impunidade, pela memória e a justiça, e que não apenas perseguiria aos responsáveis da morte de sua filha e da apropriação de seu neto, mas também de todos os que participaram nos crimes de terrorismo de Estado. “E eu não persigo mais do que justiça, verdade e o encontro dos netos. Laura deve estar dizendo ‘você venceu esta batalha’.”
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Que sentimentos essa notícia provocou em você?
Leia-o e deixe que ele ecoe em você.
O povo pobre, sobretudo as mulheres,
começaram a protestar fortemente contra seus irmãos judeus.
Uns diziam: «Fomos obrigados a vender os nossos filhos e filhas para comprar trigo,
e assim comer e não morrer de fome». Outros diziam:
«Passamos tanta fome que precisamos hipotecar nossos campos,
vinhas e casas para conseguir trigo».
Outros ainda diziam: «Tivemos que pedir dinheiro emprestado,
penhorando nossos campos e vinhas, para podermos pagar os impostos ao rei».
Pois bem! Nós somos iguais aos nossos irmãos, e nossos filhos são como os filhos deles!
Apesar disso, somos obrigados a sujeitar nossos filhos e filhas à escravidão.
E algumas de nossas filhas já foram reduzidas à escravidão, e não podemos fazer nada,
pois nossos campos e vinhas já pertencem a outros».
* Fiquei indignado ao ouvir essas queixas e o que estava acontecendo.
Não me contive e repreendi o pessoal importante e os chefes, dizendo:
«Vocês estão agindo como usurários em relação a seus irmãos!» (Ne 5, 1-7)
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O reencontro. Guido também procurou por Estela - Instituto Humanitas Unisinos - IHU