Terras indígenas apresentam o menor índice de desmatamento na Amazônia Legal

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: Cesar Sanson | 24 Julho 2014

As terras indígenas continuam apresentando o menor índice de desmatamento da Amazônia Legal. No último mês (junho de 2014) esse índice representou apenas 1% do total de desmatamento verificado na região amazônica, conforme afirma o Boletim Transparência Florestal da Amazônia Legal do Instituto Imazon. De acordo com o relatório, nas áreas privadas, o desmatamento de junho foi de 59%. O restante foi registrado em unidades de conservação (27%) e assentamentos de reforma agrária (13%).

A notícia é da Funai e publicada por CombateRacismoAmbiental, 23-07-2014.

Além do modo como as comunidades indígenas exploram os recursos naturais e protegem seus territórios, esse resultado está ligado à atuação da Fundação Nacional do Índio, por meio da Coordenação-Geral de Monitoramento Territorial, com ações vigilância, fiscalização, prevenção de ilícitos e conflitos em terras indígenas, e gerenciamento de informações de monitoramento territorial e ambiental.

Monitoramento das TIs com maior índice de desmatamento

Entre 2008 e 2012, dados do Projeto Prodes, demonstraram que a taxa de desmatamento em terras indígenas da Amazônia Legal foi decrescente ao longo dos anos analisados, girando em torno dos 20% ao ano. Em 2012, verificou-se o maior percentual (22%) de diminuição da taxa de desmatamento em TIs dos últimos cinco anos.

O Prodes é desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), para monitoramento por satélites do desmatamento na Amazônia Legal e produção de informações governamentais sobre as taxas anuais de desmatamento na região. Números do projeto demonstram que na TI Maraiwatsédé (MT), por exemplo, o desmatamento foi reduzido em 70%, passando de 24,5 km² em 2011 para 7,4 em 2012. Na TI Awá (MA) a redução também foi expressiva, caindo de 15,2 km² em 2011 para 4,4 em 2012. Os resultados são decorrentes das operações de desintrusão do Governo Federal, e ações de fiscalização realizadas pela Funai.

As TIs mais desmatadas estão localizadas nos estados do Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas. No período avaliado, 75% das terras indígenas mais desmatadas apresentam algum tipo de situação de vulnerabilidade específica, tais como empreendimentos de infraestrutura, situação sub judice e/ou ocupação não-indígena. Em 2013, as ações de monitoramento territorial da Funai foram realizadas nas 20 terras indígenas com maior índice de desmatamento.

Os dados do Prodes também apontam que 57% da floresta remanescente na Amazônia Legal estão localizados em Terras Indígenas e Unidades de Conservação, e estas áreas apresentaram taxas de desmatamento bem inferiores a outras áreas, sendo que as terras indígenas apresentaram desmatamento médio inferior às Unidades de Uso Sustentável e superior às Unidades de Proteção Integral.

Ações realizadas em parceria

Nos últimos anos, a Funai também vem apoiando as ações de fiscalização coordenadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Departamento de Polícia Federal. Em 2013, por exemplo, houve continuidade das operações de retirada de não-indígenas das TIs Apyterewa e Maraiwatsédé, além da capacitação em proteção às terras indígenas.

Ainda em 2013, foram executadas diversas ações visando fortalecer o combate e a prevenção de incêndios em terras indígenas, por meio de estratégias articuladas, principalmente entre a Funai e o Centro Especializado do Prevfogo/lbama. Neste sentido, cerca de 400 indígenas, em nove estados do país, participaram de cursos de capacitação de brigadistas, com a implementação de 18 novas Brigadas Federais para atuarem contra incêndios florestais nas terras selecionadas. Esses cursos valorizam os conhecimentos tradicionais e promovem o diálogo intercultural acerca das práticas de manejo do fogo, com o objetivo de minimizar os impactos desses eventos sem, contudo, desconsiderar as práticas tradicionais.