Toma-me pela mão. Etty Hillesum na oração inter-religiosa desta semana

Foto: Pixabay

28 Abril 2023

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações, músicas e versos de diferentes espiritualidades e religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade.

Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, colaborador do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

 

Toma-me pela mão

Meu Deus,
toma-me pela mão;
seguir-te-ei decididamente,
sem muito resistência.
Não me furtarei
a nenhuma das tempestades
que se abaterão sobre mim
nesta vida.
Suportarei o embate
com o melhor das minhas forças.
Mas dá-me, de vez em quando,
um breve instante de paz.
E não acreditarei,
em minha inocência,
que a paz que descer sobre mim
é eterna.
Aceitarei a inquietude
e o combate que se seguirão.
Gosto de demorar-me
no calor e na segurança,
mas não me revoltarei
quando tiver de enfrentar o frio,
desde que me guies pela mão.
Seguir-te-ei por toda parte
e tentarei não ter medo.
Onde quer que eu esteja,
tentarei irradiar um pouco de amor,
desse verdadeiro amor ao próximo
que há em mim (...).
Não quero ser nada especial.
Quero tão somente tentar
tornar-me aquela que já está em mim,
mas ainda busco seu pleno desabrochar.

(Fonte: Etty Hillesum. In: Faustino Teixeira & Volney Berkenbrock (Orgs). As orações da humanidade. Petrópolis: Vozes, 2018, p. 23-24)

 

Etty Hillesum | Foto: Wikicommons

Etty Esther Hillesum (1914 – 1943): Jovem holandesa de família judaica, mística, foi voluntária no campo de concentração de Westerbork, quando começou a escrever seu diário, em 1941. Durante os dois anos em que esteve nos campos de concentração, até sua morte em Auschwitz, Etty expressava em seu diário suas angústias e seu encontro com Deus, demonstrando uma experiência espiritual, relatando seu testemunho e compartilhando a dor dos horrores do Holocausto. Teve a oportunidade de salvar a si própria, mas decidiu compartilhar o destino do seu povo.

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