22 Junho 2018
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.
As portas
Se não fecho
algumas portas
há correntes de ar
a mais
Se fecho
todas as portas
não posso sair
mais
Se não abro
algumas portas
não fecho
algumas portas
Se abro
todas as portas
desintegro-me
Atrás da porta
para sempre fechada
está o nada
Fonte: Adília Lopes. Dobra. Poesia reunida. 2 ed. Porto: Porto Editora, 2014, p. 587-588.
Adília Lopes | Foto: Reprodução do Facebook
Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira (1960): Mais conhecida como Adília Lopes, pseudônimo criado em 1983 e pelo qual ficou conhecida, é uma poetisa, cronista e tradutora portuguesa. Autora de vasta obra, publicou seu primeiro livro em 1985, Um jogo bastante perigoso. Seus textos são marcados por ironia e irreverência, mas também sobriedade, como declara a própria escritora: "Há sempre uma grande carga de violência, de dor, de seriedade e de santidade naquilo que escrevo". Além disso, Adília, que é católica praticante, conduz seu leitor para uma profunda religiosidade e, por isso, se define como "tímida desenrascada" ou "freira poetisa barroca". Entre outras publicações, destacamos, O Poeta de Pondichéry (1986), seu livro mais traduzido, e Obra (2000), que é a reunião dos quinze livros de poesia com ilustrações de Paula Rego.
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Adília Lopes na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU