25 Outubro 2024
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, comentando o Evangelho do 30º Domingo do Tempo Comum – B (Marcos 10,46-52), publicado por Religión Digital, 21-10-2024.
No início, o cristianismo era conhecido como "o Caminho" (Atos dos Apóstolos 18,25-26). Mais do que entrar em uma nova religião, "tornar-se cristão" significava encontrar o caminho certo da vida, caminhando nas pegadas de Jesus. Para eles, ser cristão significava seguir a Cristo. Isso é o fundamental, o decisivo.
Hoje as coisas mudaram. O cristianismo conheceu durante estes vinte séculos um desenvolvimento doutrinal muito importante e gerou uma liturgia e um culto muito elaborados. Já faz muito tempo que o cristianismo é considerado uma religião.
Por isso, não é estranho encontrar pessoas que se consideram cristãs simplesmente porque foram batizadas e cumprem seus deveres religiosos, embora nunca tenham encarado a vida como um seguimento de Jesus Cristo. Este fato, hoje bastante generalizado, seria inimaginável nos primeiros tempos do cristianismo.
Esquecemos que ser cristão é seguir Jesus Cristo: movimentar-se, dar passos, caminhar, construir nossa vida seguindo suas pegadas. Nosso cristianismo, às vezes, fica em uma fé teórica e inoperante ou em uma prática religiosa rotineira. Não transforma nossa vida em seguimento a Jesus.
Após vinte séculos, a maior contradição dos cristãos é pretender sê-lo sem seguir a Jesus. Aceita-se a religião cristã (como se poderia aceitar outra), pois ela dá segurança e tranquilidade diante do "desconhecido", mas não se entra na dinâmica do seguimento fiel a Cristo.
Estamos cegos e não vemos onde está o essencial da fé cristã. O episódio da cura do cego de Jericó é um convite para sair de nossa cegueira. No início do relato, Bartimeu "está sentado à beira do caminho". É um homem cego e desorientado, fora do caminho, sem capacidade de seguir a Jesus. Curado de sua cegueira por Jesus, o cego não só recupera a visão, mas se torna um verdadeiro "seguidor" de seu Mestre, pois, desde aquele dia, "seguia-o pelo caminho". Esta é a cura de que precisamos.
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Sentados à beira do caminho. Artigo de José Antonio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU