12 Mai 2017
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo João capítulo 14,1-12 que corresponde ao Quinto Domingo de Páscoa, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
No final da última ceia, os discípulos começam a intuir que Jesus já não estará muito tempo com eles. A saída precipitada de Judas, o anúncio de que Pedro o negará muito brevemente, as palavras de Jesus falando da Sua próxima partida, deixam todos desconcertados e abatidos. Que vai ser deles?
Jesus capta a sua tristeza e a sua perturbação. O Seu coração comove-se. Esquecendo-se de Si mesmo e do que o espera, Jesus trata de animá-los: «Não vos inquieteis. Confiai em Deus e confiai também em mim». Mais tarde, durante a conversa, Jesus faz-lhes esta confissão: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode chegar até ao Pai senão por Mim». Não o temos de esquecer nunca.
«Eu sou o caminho»
O problema de muitos não é que vivam extraviados ou desencaminhados. Simplesmente vivem sem caminho, perdidos numa espécie de labirinto: andando e desandando os mil caminhos que, de fora, lhes vão indicando os slogans e modas do momento.
E que pode fazer um homem ou uma mulher quando se encontra sem caminho? A quem se pode dirigir? Aonde pode ir? Quem caminha seguindo os passos de Jesus ainda poderá encontrar problemas e dificuldades, mas está no caminho certo que leva ao Pai. Esta é a promessa de Jesus.
«Eu sou a verdade»
Estas palavras contêm um convite escandaloso aos ouvidos modernos. E, no entanto, hoje também temos de ouvir Jesus. Nem tudo é reduzido à razão. O desenvolvimento da ciência não contém toda a verdade. O mistério último da realidade não se deixa apanhar pelas análises mais sofisticadas. O ser humano tem de viver perante o mistério último da existência.
Jesus apresenta-se como o caminho que conduz e aproxima a esse Mistério último. Deus não se impõe. Não força ninguém com provas nem evidências. O Mistério último é silêncio e atração respeitosa. Jesus é o caminho que nos pode conduzir a confiar na sua bondade.
«Eu sou a vida»
Jesus pode ir transformando a nossa vida. Não como o mestre longínquo que deixou um legado de sabedoria admirável à humanidade, mas como alguém vivo que, desde o mais profundo do nosso ser, infunde em nós um gérmen de vida nova.
Esta ação de Jesus em nós produz-se quase sempre de forma discreta e silenciosa. O mesmo crente apenas intui uma presença imperecível. Por vezes, no entanto, invade-nos a certeza, a alegria incontida, a confiança total: Deus existe, ama-nos, tudo é possível, inclusive a vida eterna. Nunca entenderemos a fé cristã se não acolhermos Jesus como o caminho, a verdade e a vida.
Viver como ressuscitados: encontrar-se na própria casa
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