24 Março 2017
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo João 9,1-41 que corresponde ao Quarto Domingo de Quaresma, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
É cego de nascimento. Nem ele nem os seus pais têm qualquer culpa, mas o seu destino ficará marcado para sempre. As pessoas olham-no como um pecador castigado por Deus. Os discípulos de Jesus perguntam-lhe se o pecado é do cego ou dos seus pais.
Jesus olha-o de forma diferente. Desde que o viu, só pensa em resgatá-lo daquela vida de mendigo, desprezado por todos como pecador. Ele sente-se chamado por Deus a defender, acolher e curar precisamente os que vivem excluídos e humilhados.
Depois de uma cura trabalhosa em que ele também colabora com Jesus, o cego descobre pela primeira vez a luz. O encontro com Jesus mudou a sua vida. Por fim poderá desfrutar de uma vida digna, sem temor de envergonhar-se diante de ninguém.
Engana-se. Os dirigentes religiosos sentem-se obrigados a controlar a pureza da religião. Eles sabem quem não é pecador e quem está em pecado. Eles decidirão se pode ser aceito na comunidade religiosa. Por isso o expulsam.
O mendigo curado confessa abertamente que foi Jesus quem se aproximou e o curou, mas os fariseus rejeitam-no irritados: «Nós sabemos que esse homem é um pecador». O homem insiste em defender Jesus: é um profeta, vem de Deus. Os fariseus não o podem aguentar: «Você nasceu inteirinho no pecado e quer nos ensinar?» E o expulsam.
O evangelista diz que, «quando Jesus ouve que o tinham expulsado, foi encontrar-se com ele». O diálogo é breve. Quando Jesus lhe pergunta se acredita no Messias, o expulso diz: «E quem é, Senhor, para que possa acreditar nele?». Jesus responde-lhe comovido: «Não está longe de ti. Você o está vendo; é aquele que está falando com você». O mendigo diz-lhe: «Creio, Senhor».
Assim é Jesus. Ele vem sempre ao encontro daqueles que não são acolhidos oficialmente pela religião. Não abandona quem o procura e o ama, mesmo que sejam excluídos das comunidades e instituições religiosas. Os que não têm sítio nas nossas igrejas, têm um lugar privilegiado no Seu coração.
Quem levará hoje esta mensagem de Jesus até esses grupos que, em qualquer momento, escutam condenações públicas injustas de dirigentes religiosos cegos; que se aproximam das celebrações cristãs com o temor de serem reconhecidos; que não podem comungar com paz nas nossas eucaristias; que se veem obrigados a viver a sua fé em Jesus no silêncio do seu coração, quase de forma secreta e clandestina?
Amigos e amigas desconhecidos, não o esqueceis: quando os cristãos os rejeitam, Jesus os está acolhendo.
Jesus, aquele que "vê" e que "faz ver"
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