03 Fevereiro 2017
"Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa.
Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu."
(Correspondente ao 5° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano litúrgico.)
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Estas duas parábolas estão colocadas no primeiro Sermão oferecido pelo evangelho de Mateus, logo após as bem-aventuranças. Para comunicar sua mensagem, Jesus aproveita dois elementos muito conhecidos pelo povo em geral: o sal e a luz. Elementos indispensáveis para a vida cotidiana. Apesar de sua simpleza, possuem uma grande riqueza que pode ser percebida se aprofundarmos neles.
O sal era de suma importância na antiguidade, especialmente para a conservação dos alimentos. Era o único recurso para evitar seu deterioramento. Lembremos que as pessoas que recebem este anúncio são pescadores, conheciam muito bem o valor e a importância do sal usado na conservação dos peixes.
O papa Francisco destaca que “a própria lei judaica prescrevia para colocar um pouco de sal sobre cada oferta apresentada a Deus, como sinal da aliança. E a luz, para Israel, era o símbolo de revelação messiânica que triunfa sobre as trevas do paganismo”.
Em geral, hoje conhecemos em particular o sabor do sal e sabemos se uma comida está muita ou pouco salgada. Mas há nele uma peculiaridade: quando é colocado nos alimentos, desaparece visivelmente: apreciamos seu sabor na comida, mas é quase impossível separar sua presença que condimenta os alimentos.
Lembremos também que da palavra sal deriva a palavra salário; muitas vezes o sal era dado como forma de pagamento.
Jesus aproveita os elementos da vida cotidiana e comunica através deles as atitudes de um cristão e de uma comunidade de discípulos. As bem-aventuranças não podem ser vividas de forma individual ou ainda menos numa comunidade fechada aos outros.
Se a Vida Nova do Reino não é saboreada pelas pessoas que estão ao redor fica insípido e perde assim sua natureza. Sua presença já não tem sentido.
“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.” (Mateus 5.13)
Nossa identidade é ser sal, não é um mérito! Faz parte da nossa essência como discípulos do Senhor.
Nossa presença é apreciada e saboreada pelas pessoas que estão ao nosso lado? Ou estamos correndo o risco de ser sal insipida?
Na metáfora seguinte, somos chamados “luz do mundo”: “Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa”. (Mt 5, 14-16)
Lembremos que Jerusalém, chamada cidade da Luz, esta construída sobre um monte. Considerada também como luz das nações, é uma cidade que pode ser apreciada desde diferentes pontos.
A luz ilumina, esclarece, guia e dá segurança no caminho. Não tem sentido acender uma lâmpada e escondê-la!
Jesus clarifica que nossa luz brilha diante dos homens, será possível que “eles vejam as boas obras que vocês fazem e louvem o Pai de vocês que está no céu”.
As boas obras são o testemunho que revela que somos habitados pela presença de Jesus, Luz do mundo. Não é uma luz íntima, que pertence somente a nossa individualidade e fica resguardada na privacidade.
A luz se comunica através das boas obras “que se traduzem no compromisso com os pobres, os excluídos, os abandonados”.
Desde o inicio do seu Pontificado, o papa Francisco convida os cristãos para o compromisso: “Vejo com clareza que aquilo de que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração dos fiéis, a proximidade”. “É inútil perguntar a um ferido grave se tem o colesterol ou o açúcar altos.” “Devem curar-se as suas feridas.”
E ao longo deste anos, ele pede aos cristãos: “A Igreja deve ser atrativa. Despertem o mundo!". Sem medo de errar: "A vida é complexa. Ela é feita de graça e pecado. Se a gente não peca, não é humano. Todos erramos e devemos reconhecer a nossa fraqueza".
O convite feito pelo Papa é o de se tornarem verdadeiramente "profetas e não brincar de sê-lo".
Primeiro foi a sensação
na pele cansada.
A brisa estava chegando
desde o mar azul
com o alívio fresco
e seu sabor de iodo e sal.
Minha afetividade
se foi enchendo
com um sentimento
de gozo infinito,
de estar situado
no centro mesmo
da ternura de Deus.
Minha razão pensou:
“Deus me está criando agora
Deus é hoje meu criador”.
E meus pensamentos
seguiram as pegadas
de sua fantasia infinita
criando em um mistério
que transborda de minha compreensão.
Desde o centro
de minha liberdade eu disse:
“Aqui estou”.
Uma expressão de acolhida
e uma decisão de entrega,
para ser criador da vida
desde a vida recebida de Deus.
A sensação consciente,
o sentimento grato,
o pensamento luminoso
e a decisão entregue,
se foram fazendo carne,
certeza corporal,
corpo transfigurado
no repouso sábio
da contemplação calada.
E ao sair aos caminhos
o corpo foi dizendo
sua certeza na história,
na entrega de todas as forças
ao projeto do Reino,
e no simples passar
grátis entre o povo,
sem pretensões de agenda.
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A luz que se reflete através das boas obras - Instituto Humanitas Unisinos - IHU