Veio da França para defender os operários de Santo André

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21 Mai 2018

A ideia era chegar despercebido e, aos poucos, ir conquistando os trabalhadores, mas não deu muito certo. Quando o padre José Mahon começou a trabalhar em uma fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, em 1964, logo foi reconhecido.

"Mas não foi o senhor que casou a minha filha, padre? O que está fazendo aqui?", perguntou um operário. "Ué, vim trabalhar!", respondeu.

A reportagem é de Flávia Faria, publicada por Folha de São Paulo, 20-05-2018.

O padre José Mahon ganha uma camisa da seleção brasileira - Diocese de Santo André

Mahon fazia parte de uma das primeiras levas de padres operários do Brasil. Nascido no 1926, em Roubaíx, na França, fugiu com a família para a região da Bretanha quando estourou a Segunda Guerra.

Mais tarde, já no seminário, entrou para a organização religiosa Filhos da Caridade, que trabalha com evangelização em periferias de grandes cidades.

Viveu por dez anos nos arredores de Paris até que lhe convidaram para vir ao Brasil. Na época, a irmandade queria mandar mais padres para atuar junto aos operários do ABC paulista.

Chegou em Santo André no início da década de 1960, em meio ao turbilhão político que antecedeu a ditadura.

Fez parte dos membros da igreja católica que se recusaram a comparecer à Marcha da Família com Deus pela Liberdade e, em abril de 1964, viu eclodir o golpe militar.

Nos anos seguintes, fez frente à repressão e se postou ao lado dos trabalhadores, muitas vezes dando cobertura e escondendo pessoas perseguidas pelo regime. Foi preso sete vezes.

Ao longo dos mais de 50 anos no Brasil, criou diversos programas sociais e lutou pelo direito à moradia das famílias pobres de Santo André. Quando foi preciso, enfrentou polícia, juízes e políticos.

Morreu no dia 15, aos 91 anos, na França, onde morou no último ano. Uma missa em sua homenagem será celebrada neste domingo (20), às 15h, na catedral Nossa Senhora do Carmo, em Santo André.

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