11 Dezembro 2017
Não bastasse se omitir diante de uma condenação por estupro, clube mineiro insiste em renovar contrato com atacante, que também é desejado pelo Santos.
Já se passaram mais de duas semanas desde que a Justiça italiana condenou Robinho a nove anos de prisão por participação em um estupro coletivo, e seu clube, o Atlético-MG, ainda não se manifestou sobre a sentença. Nem mesmo após o protesto de um grupo de torcedoras feministas, que cobraram um posicionamento oficial com faixas de protesto em frente à sede, os dirigentes atleticanos atentaram-se para o fato de que o silêncio expõe ao constrangimento uma instituição centenária que parece desconectada das transformações vividas pela sociedade.
A reportagem é de Breiller Pires e publicada por El País, 10-12-2017.
Não que o protesto pregasse a execração pública ou rompimento com o princípio da presunção de inocência. Robinho, assim como qualquer acusado de cometer um crime, tem direito a julgamento justo e aos recursos previstos por lei. No entanto, ao evitar comentar o caso, alegando se tratar de “um assunto pessoal do atleta”, o Atlético simplesmente despreza a gravidade da acusação contra um de seus principais jogadores e, como não raro no meio do futebol, relativiza a violência contra a mulher. Na pior das hipóteses, sob a desculpa de respeitar o direito a ampla defesa do jogador, o mínimo que se espera de um clube como o Atlético é o compromisso de romper ou suspender o vínculo de trabalho de Robinho se a Justiça italiana mantiver sua condenação em segunda instância. Porém, a única resposta até agora é uma profunda indiferença.
Nenhuma nota oficial, nenhuma palavra do presidente Daniel Nepomuceno, nenhum pronunciamento público de Robinho, que se restringiu a declarar inocência em um breve comunicado elaborado por sua defesa. Ao contrário de ocasiões em que o clube se vê prejudicado pela arbitragem ou por arbitrariedades da CBF, quando discursos verborrágicos inundam câmeras e microfones, o Atlético adere ao silêncio de forma covarde e conveniente, já que negocia a renovação de contrato com o jogador.
Tão vergonhosa quanto a omissão dos cartolas atleticanos é a conduta do Santos, ex-clube de Robinho, que não expressou nenhum desconforto em oferecer contrato de quatro anos para promover o retorno de um jogador que, dependendo do desfecho do processo na Itália, pode se ver impedido de viajar ao exterior para jogos de competições internacionais. Inclusive, o novo presidente santista, José Carlos Peres, eleito neste sábado, reafirmou o “interesse em contar com grandes ídolos”.
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O constrangedor silêncio do Atlético sobre Robinho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU