Coautor de artigo sobre “ecumenismo de ódio” defende a publicação como abertura de um debate importante

Figueroa com papa Francisco | Foto: Facebook de Marcelo Figueroa / Arquivo Pessoal

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17 Agosto 2017

O artigo afirma que alguns fundamentalistas evangélicos e conservadores católicos estão usando a fé para promover uma agenda política de direita.

A reportagem é de Christopher Lamb, publicada por The Tablet, 15-08-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Um amigo do Papa Francisco, que ajudou a escrever um artigo que sustenta que grupos católicos e evangélicos nos EUA estão promovendo um “ecumenismo de ódio”, defendeu a sua publicação como uma abertura para um debate importante.

Marcelo Figueroa, pastor protestante que conhece o papa há anos, escreveu, na revista semioficial vaticana La Civiltà Cattolica, que alguns fundamentalistas evangélicos e conservadores católicos estavam usando a fé para promover uma agenda política de direita. Disse também que o presidente Donald Trump havia se juntado a essa iniciativa ao promover uma “geopolítica apocalíptica”, citando o estrategista-chefe da presidência Stephen Bannon, católico, como um apoiador da “visão teopolítica do fundamentalismo cristão”.

O artigo, escrito por Figueroa juntamente com o Pe. Antonio Spadaro, outro aliado papal e editor de La Civiltà Cattolica, provocou uma onda de debates entre muitos católicos nos EUA. Ao mesmo tempo em que o texto foi elogiado em alguns círculos como uma intervenção necessária, o arcebispo da Filadélfia, Dom Charles Chaput, descreveu os autores como sendo “intencionalmente ignorantes” e disse que os evangélicos e católicos estão trabalhando juntos em temas como a sexualidade, a liberdade de religião e o aborto.

Em entrevista ao The Tablet, porém, Figueroa afirmou que esta reação gerada mostra a importância dos temas levantados no artigo, muito embora admitisse que eles “não faziam ideia que seria um texto tão importante assim”. Ele e Spadaro procuraram apenas delinear um “fenômeno religioso e ecumênico” nos EUA e “tentaram ser respeitosos” nas reflexões propostas.

“Todas as opiniões, reações e pontos de vista, seja a favor ou contra, são bem-vindos e mostram que era necessário abrir este debate”, disse o pastor, a quem Francisco nomeou para ser o editor-chefe da primeira versão argentina do L’Osservatore Romano, o jornal oficial do Vaticano.

“O artigo descreve um fenômeno religioso e ecumênico a se desenvolver nos Estados Unidos que tanto conhecemos como temos estudado, embora, é claro, ninguém tenha a verdade absoluta ou o conhecimento completo”, explicou ele em entrevista escrita em espanhol. “Embora muito falemos sobre este fenômeno nos Estados Unidos, ele é também emergente em outros países, especialmente na América Latina, onde tenho estudado o ecumenismo há mais de duas décadas”.

O pastor argentino disse que a decisão para escrever o artigo resultou de um “diálogo pessoal profundo” com Spadaro e que era uma “reflexão e interpretação” das palavras e gestos ecumênicos de Francisco. La Civiltà Cattolica é uma revista jesuíta com cada artigo seu examinado pela Secretaria de Estado da Santa Sé.

Em outros artigos, a dupla escreve que o papa tem apresentado uma contranarrativa a uma agenda religiosa baseada no medo, ao mesmo tempo em que se nega a dar legitimidade aos que querem uma “guerra santa” e que desejam “construir cercas coroadas de arame farpado”.

Figueroa salientou que existem elementos do “ecumenismo de amor, encontro, paz, oração” nos EUA e que o artigo não era um estudo completo.

“A publicação não pretendeu estudar todas as expressões do ecumenismo e da religiosidade americana, mas enfatizar um aspecto que pensamos ser importante, abrindo-o a um debate sério e respeitoso”, disse ao The Tablet.

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