Argentina. Pobreza estrutural afeta oito milhões de pessoas

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Por: João Flores da Cunha | 07 Junho 2017

Na Argentina, há oito milhões de pessoas em situação de pobreza estrutural, dentre as quais seis milhões sofrem de insegurança alimentar. Os dados se referem ao ano de 2016 e constam de um relatório do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica da Argentina.

De cada dez lares, um é incapaz de alimentar todos os seus integrantes, e precisa de ajuda externa – como da Igreja, por exemplo –, de acordo com o observatório. O estudo mostra ainda que a situação social piorou no país na comparação entre 2016 e 2015, com um aumento no número de pobres.

Intitulado “Rumo a uma erradicação da pobreza, dimensões da pobreza e a importância de sua medição multifatorial. Argentina urbana 2010-2016”, o estudo ainda não foi divulgado oficialmente. O jornal La Nación teve acesso ao relatório, e publicou as informações no dia 5-6.

O observatório fez sua análise a partir de sete dimensões: segurança alimentar, cobertura de saúde, serviços básicos (como água), moradia digna, educação, filiação ao sistema de seguridade social e acesso a informação e comunicação. Esses dados compõem o que a pesquisa chama de pobreza multidimensional, ou multifatorial.

Há na Argentina oito milhões de pessoas que, nos últimos 15 anos, não tiveram acesso a três ou mais desses indicadores – e, portanto, estão em situação de pobreza estrutural. Isso significa que não basta um mero aumento de renda para elas saírem dessa condição. Assim, mesmo com uma eventual melhora na situação econômica do país, elas permaneceriam abaixo da linha de pobreza.

“Estando afetados em três ou mais dimensões, é difícil que estes oito milhões de habitantes da Argentina saiam desta situação de pobreza. Por mais que se coloquem em programas sociais, não se resolvem problemas de qualidade de vida”, declarou ao La Nación Agustín Salvia, pesquisador da Universidade Católica.

O estudo realizado pelo observatório não considera apenas a renda como parâmetro. Na medição que leva em conta a renda, cerca de um terço dos argentinos está em situação de pobreza – os números também são da Universidade Católica.

Na comparação com 2015, houve um aumento no número de pobres, que passou de 29% da população para 32,9%. Hoje, 15,2% dos argentinos estão em situação de insegurança alimentar.

As conclusões do estudo da Universidade Católica sobre a pobreza estrutural no país evidenciam os limites da promessa de “pobreza zero” que Mauricio Macri realizou em sua campanha à presidência do país. Em março deste ano, ele reconheceu que o slogan é uma “meta”, a qual não será atingida “de um dia para o outro”.

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